O segredo da demissão de Domenicali na Ferrari

Marco Mattiacci (à esquerda) o novo director da Scuderia
A ausência de Stefano Domenicali (o director desportivo da Scuderia) no GP da China surpreendeu muito boa gente, tanto mais porque foi uma situação inesperada e,
segundo alguns que lhe estão próximos, a
demissão não surgiu por pressão de Luca di Montezemolo, o patrão da Ferrari.
A DECISÃO estava tomada, apenas foi antecipada. Domenicali tinha decidido retirar-se no final da época. Demasiada pressão e dificuldades para manter a coesão de ma equipa que ele próprio criou, explicam muita coisa.
Fernando Alonso era chegado a Stefano Domenicali, que lhe abriu as portas da Scuderia, que estiveram fechadas no tempo em que Jean Todt foi director desportivo da
equipa, porque o francês nunca perdoou ao espanhol ter faltado à promessa de
ingressar na Ferrari em 2003. Mas as relações entre o piloto e Stefano
Domenicali já tinham conhecido melhores dias, um facto que ficou agora bem
patente quando Alonso afirmou que “Domenicali fez bem”, acrescentando que “
com ele perdemos os campeonatos de 2010 e
2012 e o de 2008 com Felipe [Massa]”.
Para bem entendedor…
Outro sinal evidente da degradação das relações passa pela contratação de Raikkonen,
que muitos vêem como uma forma de evitar que a Scuderia ficasse
Alonso-dependente.
POSIÇÃO DE DOMENICALI. Logo nos primeiros testes de pré-temporada no Bahrain em meados de Fevereiro, o director
desportivo da Ferrari percebeu que a Ferrari estava muito longe da Mercedes. Os
valores da nova unidade de potência com o V6 Turbo eram promissores no banco de
ensaio, mas não tinham a mesma eficácia em pista. A falta de potência e a
violência do binário acabavam por destruir os pneus rapidamente.
Os temores
de Domenicali confirmaram-se no GP da Austrália, e a embaraçosa saída de Luca
di Montezemolo do circuito antes do final do GP do Bahrain mostrou que tinha
que haver um “bode expiatório”. Não foi Domenicali que projectou o Ferrari, mas
ele sabia que as cabeças dos projectistas Aldo Costa e Chris Dyer tinham rolado
nos últimos anos e, neste momento, não fazia sentido colocar as culpas em cima
de qualquer dos engenheiros da equipa, tanto mais que não há alternativas de
técnicos de motores ou de chassis no mercado.
A DEMISSÃO. Por isso, a sua própria demissão
passou a ser a solução. Foi apresentada a Luca di Montezemolo, que terá tentado
demovê-lo, mas Domenicali estava decidido.
MARCO MATTIACCI. Com o GP da China à porta, a Scuderia necessitava de uma alternativa rápida. Em conjunto com Sergio Marchionne, o patrão do Grupo Fiat, Luca di Montezemo convidou Marco Mattiacci, um homem do marketing da Ferrari, que estava a trabalhar nos Estados Unidos, de onde saltou para a liderança da Scuderia, sem ter qualquer tipo de experiência na competição.
Para muitos
esta falta de ligação à F1 pode parecer um sacrilégio, mas até pode vir a
funcionar. Ninguém se pode esquecer que um certo Flavio Briatore assumiu uma
responsabilidade semelhante na Benetton sem ter a mínima ideia do que era uma
corrida de automóveis, e acabou por se tornar rapidamente num dos mais argutos
directores desportivos da F1…
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