A F1 não mudou para melhor

O Mundial ainda mal começou. A segunda prova da temporada tem lugar em Kuala Lumpur (30 de Março), mas após o GP da Austrália ninguém pode esperar emoções fortes. A F1 está (para já) refém da fiabilidade mecânica e do consumo e, se a animação das ultrapassagens já era pouca, passou a ser ainda menor. Basta recordar que em 2013 foram vistas 43 ultrapassagens nas ruas de Melbourne e em 2014 apenas se verificaram 29…
É verdade que há um ano atrás havia ultrapassagens demasiado fáceis, devido à acção do DRS, mas sempre era melhor do que as “não-ultrapassagens” deste ano. Passámos de uma situação artificial, criada por um artifício tecnológico, para uma nova realidade do tipo “follow the leader”, com um comboio de monolugares ao longo da pista com os pilotos mais preocupados em salvaguardar a mecânica e reduzir o consumo do que em atacar o adversário da frente. É uma luta pela sobrevivência, mas não só…
Como se esperava, com toda a tecnologia híbrida envolvida, os pilotos foram obrigados a alterar o seu estilo de condução. Travar no limite à entrada de uma curva, e tentar acelerar o mais rapidamente possível à saída, passou a ser um estilo tão arcaico como perigoso. Os engenheiros exigem que os pilotos levantem o pé do acelerador mais cedo para aproveitar a desaceleração para carregar as baterias, que fornecem uma potência alucinante em reaceleração, de uma forma tão brutal que mesmo os mais experientes (caso de Kimi Raikkonen) têm dificuldade em controlar.
Com os pilotos em reaprendizagem, com uma fiabilidade incerta e com a ameaça de ultrapassar os limites de consumo, o GP da Austrália foi uma espécie de “economy run”, o que nos parece ser contra-natura na F1, onde todos esperam que o piloto mais rápido seja o vencedor e não aquele que chega mais longe com menos gasolina.
Depois da primeira corrida da temporada, onde Rosberg (Mercedes) se adiantou e Ricciardo (Red Bull-Renault) assumiu a segunda posição (independentemente da posição da FIA após a corrida), o que ficou na retina dos espectadores foi o “comboio” que se formou atrás dos primeiros, onde ninguém tentou verdadeiramente discutir posições. Faz sentido que vários pilotos com monolugares, e sobretudo com motores diferentes, rodem todos com o mesmo ritmo?… Não nos parece, mas todos apenas pensavam em poupar gasolina e em chegar ao final da corrida.
Infelizmente, esta é a nova F1…
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