WRC: A polémica do pó no Rali de Portugal (com vídeo)

O pó sempre fez parte das regras do jogo em qualquer rali disputado em pisos de terra (http://www.youtube.com/watch?v=gekP6P7gcXg) e, nos troços disputados durante a noite, as dificuldades são ainda maiores. Foi sempre assim – ou, melhor dizendo, costumava ser assim, porque actualmente as provas são muito curtas. A noite foi praticamente banida do WRC e só falta que o nevoeiro ou a lama também passem a ser demasiado perigosos…
Os pilotos do WRC são, mais do que nunca, verdadeiras prima donnas, que procuram contrapor à intenção de Jean Todt, o presidente da FIA, o argumento de que ralis mais longos do que os actuais não fazem sentido, porque “disputar mais troços acaba por ser a mesma coisa”, como já afirmou o Campeão do Mundo Sébastien Loeb.
O argumento não faz qualquer sentido. Se assim fosse, não seriam necessárias corridas de 5.000 metros no atletismo, porque as de 400 metros eram suficientes… O francês faz parte do grupo dos “empregados de escritório que trabalham das nove às seis”, como Walter Röhrl chama aos pilotos actuais, e esquece que há um mundo de diferenças entre um sprint e um maratona.
No actual figurino ultra-light do Campeonato do Mundo de Ralis, disputado ao sprint, perder umas dezenas de segundos é o mesmo que dizer adeus à vitória. Antes, perder o mesmo tempo era um acicate para a recuperação e para tentar chegar ao primeiro lugar. Basta recordar o espectacular acidente de Markku Alen no Rali de Portugal de 1981, onde destruiu o Fiat 131 Abarth na Lagoa Azul, mas acabou por vencer o rali.
Não há dúvida de que eram outros tempos, mas nem nessa época havia super-homens e os pilotos percorriam longas noites com muito pó pela frente e, quer queiram quer não, não andavam exactamente a passear, apesar de utilizarem carros muito menos equilibrados do que os actuais. Em face disto, achamos aberrante que pilotos actuais considerem que só se deveriam disputar troços nocturnos em provas como “a da Suécia ou Gales, e nunca nos ralis mediterrânicos, onde há muito pó”, como referiu Jari-Matti Latvala em Portugal.
Mas o piloto da Ford ainda vai mais longe, considerando que “não nos podemos esquecer de que os ralis não são só para os pilotos de fábrica. Os privados investem muito dinheiro para alinhar à partida, e se o pó estragar a sua prova será muito mau para eles”. É uma preocupação politicamente correcta, mas tresanda a desculpa de mau pagador. Os privados não fizeram ouvir os seus protestos e, por muito que invistam, sabem que não podem aspirar a aproximar-se do top ten. Não são eles que se manifestam incomodados, mas sim aqueles que têm as melhores condições do mundo para ultrapassar os desafios que lhes são propostos pelos organizadores.
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