— ler mais..

Semana rica em novidades esta, que começou com a deceção da estreia de “Quem quer ser milionário”, uma vez que Manuela Moura Guedes não foi além de um 19.º lugar nas audiências do dia. Uma deceção ..." /> — ler mais..

Semana rica em novidades esta, que começou com a deceção da estreia de “Quem quer ser milionário”, uma vez que Manuela Moura Guedes não foi além de um 19.º lugar nas audiências do dia. Uma deceção ..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Semana de estreias e deceções

29 Setembro, 2013 0

Semana rica em novidades esta, que começou com a deceção da estreia de “Quem quer ser milionário”, uma vez que Manuela Moura Guedes não foi além de um 19.º lugar nas audiências do dia. Uma deceção relativa, pois a RTP não tem mais condições para se bater nessa “guerra”, após tanto desinvestimento financeiro e tanta falta de talento na programação.

Outra deceção é a de “Belmonte”, vencida como se esperava por “Dancin’Days” mas a perder também para outra novela da SIC, a recém-estreada “Sol de inverno”, que conta com um conjunto de interpretações bem superior à da sua concorrente da TVI. Esta fraqueja demasiado na direção de atores, havendo por lá uns meninos tão fraquinhos que desempenhos como os dos sempre excelentes Marco de Almeida ou Filipe Duarte não conseguem compensar.

Mas o tema da semana esteve na continuação da subida de audiências da CM TV, um projeto que a Cofina lançou em contraciclo e que se está a impor graças a forte determinação e conhecimento do mercado. Seis meses depois do primeiro dia, seria impossível esperar melhor.

Antena paranoica, crónica publicada na edição impressa do CM de 28 setembro 2013

Jesus e o excesso de zelo policial

28 Setembro, 2013 0

Quem me lê já há alguns anos sabe que estou sempre do lado da polícia quando a opção que se põe é entre a ordem e a desordem públicas. E nos últimos tempos, talvez por ser fã da série “Cops”, ganhei ainda maior admiração pelo trabalho daqueles que defendem o primado da lei e zelam pela tranquilidade dos cidadãos. Apesar da gritante escassez de meios com que os nossos agentes se debatem – e até os norte-americanos, pode parecer mentira mas é verdade.

Acontece que vivi o suficiente no período anterior ao 25 de abril para entender que o uso da força só é aceitável se for feito na proporção justificada pelas situações. O que quer dizer que já não sou a favor das cargas de pancadaria dirigidas não a baderneiros ou rufias profissionais mas a pessoas que se manifestam sem violência e por motivos razoáveis. E menos compreendo que para se imobilizar um adepto que entra indevidamente no terreno de jogo para festejar um golo, uma vitória ou um título lhe caiam em cima meia dúzia de “armários”, que o tratam como o mais perigoso dos criminosos.

Creio que terá sido o que passou pela cabeça de Jorge Jesus, em Guimarães, quando viu o excesso de zelo e a desnecessária agressividade que estavam a ser colocados na detenção de um benfiquista que pretendia apenas ficar com uma camisola. Exagerou, é verdade, mas não agrediu. Tentou simplesmente afastar, sem contenção embora, os braços dos agentes que dominavam o homem à bruta. Crime de agressão? Acusação absurda que juiz algum no Mundo ratificará. Crime de desobediência, certamente. Atitude reprovável, sem dúvida. Mas nada mais do que isso, pelo que se exige que tanto a justiça desportiva como a civil atuem agora com a conta, o peso e a medida que por vezes falta à PSP.

Uma breve referência ao triste incidente do Estoril, que envolveu dirigentes do FC Porto e o presidente da Associação de Futebol de Lisboa. Se alguém agrediu alguém, deverá pagar por isso, mas eu, depois de ouvir o discurso de “repúdio” de Nuno Lobo, durante uma jantarada, sinto-me esclarecido. A necessidade de auto-afirmação leva certas pessoas a perderem a noção do ridículo.

Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 28 setembro 2013

Ainda estou a pensar se vou votar

27 Setembro, 2013 0

Entrei em meditação profunda, preciso de decidir se no próximo domingo irei votar, um dever a que jamais fugi em 40 anos de democracia. Confesso que estou farto de ser enganado e começo a não me lembrar até, tendo suportado a outra, dos benefícios da vida em liberdade e do privilégio que constitui o simples facto de poder intervir ao deitar o papelinho na urna.

Não havendo melhor sistema do que o democrático, encontro nas autarquias o pior do comportamento dos partidos. Há uma câmara, e é só um exemplo, na área da grande Lisboa, que tinha há anos cerca de 300 funcionários e aquartela agora mais de mil. Ou seja, cada novo presidente leva consigo, no desembarque, a obrigação de arranjar emprego, para além das próprias primas, aos coladores de cartazes que o apoiaram na campanha, e respetivos familiares e amigalhaços. Em tempos idos, chamava-se a isso dar um bodo aos pobres.

Foi assim, para satisfazer a avidez das máquinas partidárias, que se engordou a galinha pública, e é ainda hoje, em nome dos interesses de um grupo de desqualificados e espertalhões, que o Estado consegue roubar nas pensões de quem já não se pode defender ou retirar apoios sociais a quem não dispõe de quaisquer outros recursos, mas não consegue fazer o que devia: emagrecer o corpo anafado dessa ave parasitária que sempre resistirá – com a cobertura que a força do voto dá aos autarcas-padrinhos – a todas as tentativas para que faça dieta. O País desmorona-se? E ela ralada.

Encontro também outra perversidade na propaganda eleitoral em curso, que é a facilidade e o descaramento com que alguns candidatos prometem obra – mais alcatrão, mais jardinzecos, mais corridas populares pelos centros das cidades – sem se saber com que dinheiro, e a irresponsabilidade com que os partidos do arco da governação defendem o aumento do défice para 2014, sabendo que com isso, e com as previsíveis futuras intransigências do Tribunal Constitucional, não restará alternativa ao Governo que não seja agravar até ao raiar do absurdo o que Vítor Gaspar classificou um dia como brutal aumento de impostos. Se for votar, sinto que estou a colaborar no suicídio coletivo.

Existe, claro, o outro lado da moeda: o progresso que a afirmação plena do poder autárquico trouxe a Portugal, e a forma como se desenvolveu em particular o interior abandonado, muito por força da visão e do trabalho de mulheres e homens que se moveram unicamente pela vontade genuína de servir. Se não me apresentar neste domingo, de arma na mão, estarei a trair essa dádiva e esse mérito. Pior, como voto em Lisboa, virarei as costas a quem me devolveu o orgulho de ser alfacinha. Deixa-me pensar, António. 

Observador, crónica publicada na edição impressa da Sábado de 26 setembro 2013

Tema do dia: até já, Mitchell!

26 Setembro, 2013 0

Recebi Mitchell van der Gaag na redação, quando ele foi à Hora Record da CM TV, após o Belenenses ter garantido a subida à I Liga. E tive o prazer de conhecer um profundo conhecedor do futebol, um gentleman, uma pessoa ponderada, suave e até afetuosa – e diferente, muito diferente de outras a quem tive a felicidade de escapar na minha década de diretor de Record.

Nada me fazia suspeitar que aquele homem, ainda mais alto do que eu mas de penteado igual, não respirava a saúde que aparentava e vivia já com um suporte de vida artificial… Agora fico duplamente triste: porque o Belenenses perde o melhor treinador que poderia ter e porque o Mitchell deixa de poder trabalhar para preservar o nosso maior bem comum.

Daqui lhe envio um forte abraço, animando-nos todavia uma certeza: ele voltará, pelo que não é um adeus mas uma pequena pausa, um simples até já. Em frente, Mitchell!

Tema do dia: Jesus crucificado

25 Setembro, 2013 0

Jorge Jesus defendeu um adepto que queria a camisola de um jogador, afastando, com rudeza, é certo, o que julgava serem seguranças. Quando tomou consciência de que eram, afinal, agentes da polícia, apresentou desculpas, desculpas essas que no dia seguinte tornou públicas.

Da constituição de arguido ao anúncio de penas disciplinares pesadas no âmbito da Liga, passando por uma “agressão” que não se viu, tem sido a verdadeira crucificação do homem. Abrem-se telejornais em dias consecutivos, parece até que no país nada mais acontece e nada mais interessa.

Perdeu-se a noção da proporcionalidade e do bom senso, está tudo doido.

Passos Coelho tem razão: quem puder, que fuja.

“Belmonte”: a nostalgia rural

23 Setembro, 2013 0

Para combater “Sol de inverno”, da SIC, “Belmonte” chega na segunda-feira à TVI. Não sei se foi “Bem-vindos a Beirais” que lançou a moda das tramas “provincianas” ou se estamos perante uma irreprimível nostalgia rural. Mas o que o telespetador precisa é de bons papéis para que bons intérpretes possam ter bons desempenhos, contrariando a facilidade expressa em “Beirais” e que expõe apenas o nosso claro atraso, em matéria de representação, em relação às telenovelas brasileiras.

Em Portugal, o inevitável advento do “beautiful people” e a necessidade que a televisão sempre terá de se associar ao belo, fabricou uma desgraçada geração de atores em que o palmo de cara e o corpo trabalhado substituíram a arte de dizer e de representar, e o talento – naturalmente com exceções, como Fernanda Serrano ou Helena Laureano, Pedro Lima ou Paulo Pires.

A estreia quase simultânea de duas novelas portuguesas, com mais intérpretes a sério do que de aviário, abre de novo a janela dessa esperança eterna que é vermos a personagem e não o ator, o canastrão que tem dentro.

Antena paranoica, crónica publicada na edição impressa do CM de 21 setembro 2013

Terá Mourinho perdido a sua boa estrela?

22 Setembro, 2013 0

A oportunidade há 13 anos aguardada por uma das mais poderosas associações portuguesas, o MIRP, Movimento de Invejosos e Ressabiados Persistentes, pode estar aí: José Mourinho parece ter entrado no ocaso! Estou convencido que ainda não será desta que essa gente viverá um período de “realização” na sua triste existência, mas a verdade é que as duas derrotas consecutivas do Chelsea lhe abrem algumas perspectivas.

Reconheço que me enganei com o relativo insucesso da jornada madridista de Mou e com a previsão de que o técnico de Setúbal seria o “Ferguson do Real Madrid”. A aposta tinha riscos, demasiados até, e minimizava o peso de duas realidades: ao contrário do Manchester United, o Real é um clube de grandes exigências, muitos amores e ódios rápidos e assassinos, e ao contrário de Sir Alex, um profissional sereno e adepto do “low profile”, Mourinho é um protagonista, um homem controverso, um polemista irreprimível. A estabilidade desse casamento era quase impossível e só poderia resultar, como resultou, em divórcio.

Ignorando essas realidades, convenci-me que os merengues seriam a instituição à medida da ambição de Mourinho – se há emblema com o qual se consegue ganhar tudo ao longo de uma década é o do Real – e o português seria também o treinador adequado às pretensões desmedidas dos “blancos”, como provavelmente a presente temporada confirmará. Mas não foi assim e o maior prejudicado terá sido o técnico do Chelsea.

Pelo prestígio de que goza e pela exigência que as suas próprias exigências impõem, o que Mourinho não precisava era de ter de construir uma equipa em dois meses. Jogadores a acusarem o peso da veterania – Terry, Essien, Lampard, Cole ou Eto’o – e jovens talentos com escassa maturidade – Van Ginkel, Hazard, Oscar, Schurrle ou De Bruyne – não formam um onze sólido sem trabalho duro e muitas semanas, alguns avanços e recuos, não pouco sofrimento e inúmeras contrariedades.

Ao vestir o fato do Super-Homem, que tudo alcança em qualquer circunstância, Mourinho desafiou a sua boa estrela. E as estrelas, como sabemos, duram barbaridades mas não são eternas.

Canto direto, crónica publicada na edição impressa de Record de 21 setembro 2013

Em parágrafos ? 3

21 Setembro, 2013 0

1. Não sou fã de telenovelas, mas gosto muito de representação e dou sempre particular atenção ao trabalho dos atores. Não perco, por isso, estes primeiros episódios de Sol de inverno, com protagonistas que, à partida, garantem qualidade, como Rita Blanco, que é um caso sério de talento. Vi-a recentemente em A gaiola dourada – um bom filme mas não assim tão bom como alguns o pintaram – num desempenho extraordinário. A atriz é um daqueles exemplos de supercompetência, como feliz ou infelizmente acontece já em tantas outras profissões, que evidencia a cruel pequenez do nosso mercado: modesto em projetos e, como tal, pobre em oportunidades.

2. E já que me refiro à Gaiola, aproveito para sublinhar também a belíssima interpretação de Joaquim de Almeida. Habituado a vê-lo em banais papéis mais ou menos policiais, fiquei surpreendido com o elevado nível da construção da sua personagem, um emigrante português cuja competência profissional lhe dá um certo reconhecimento em Paris. Só foi pena que o caminho seguido na segunda metade do filme, com situações disparatadas, retirasse alguma consistência ao que poderá ser o melhor papel da carreira do ator.

3. Cristiano Ronaldo estendeu até 2018 o contrato que o liga ao Real Madrid, por 15 milhões de euros líquidos por época, acrescidos de um mínimo de 6,5 milhões de contratos publicitários, igualmente por temporada. Há quem se escandalize com tantos milhões, para mais nos tempos de aperto que correm, mas a verdade é que o jogador madeirense é um artista planetário – como Madonna ou Tom Cruise, Mick Jagger ou Rafael Nadal – pago com o dinheiro, não dos impostos dos cidadãos, mas do negócio que a sua própria atividade gera. Se o Real Madrid, que já muito lhe pagava, resolveu subir ainda a fasquia, é porque tem garantido o retorno. Daí não vem mal ao Mundo.

4. Intelectual brilhante, como ministro Poiares Maduro é uma seca. A insistência com que nos entra em casa com o seu ar de expert começa a ser penosa. Mas não devemos criticá-lo com severidade porque a ameaça de retirar o original e avançar com a cópia é real, como se prova pelas últimas intervenções do secretário Rosalino – esse émulo de Vitalino. Tenhamos fé no conselho do prof. Marcelo, na TVI: a de que Maduro e Rosalino se calem até às autárquicas. Não podendo ser para a legislatura, sempre folgavam as costas.

5. Vai linda a campanha eleitoral para as eleições de 29, mais um saco roto de desperdício de recursos. Alguns cartazes espalhados por esse país fora, autênticos horrores, desafiam as mais elementares técnicas de marketing: com olhos tortos ou falta de dentes, boçais de espécies variadas encostam-se aos partidos na esperança de um tacho, por pequenino que seja. Uma tristeza.

6. Os canais generalistas de televisão esfregam as mãos de contentes com as enormes receitas das chamadas ditas de valor acrescentado, que em parte compensam a queda do investimento publicitário. É o fenómeno da raspadinha: quem pior vive, utiliza os parcos recursos para votar em supostos concursos – com guiões previamente definidos pela produção – na mira de ganhar um único prémio, atribuído sabe Deus como. Ele há mistérios… 

Observador, crónica publicada na edição impressa da Sábado de 19 setembro 2013. Tema de Sociedade da semana: nos bastidores da telenovela “Sol de inverno”

O regresso de Manuela

20 Setembro, 2013 0

Mal terminou a “novela Judite de Sousa”, que levou os frustrados das redes sociais ao cume da excitação, desapareceu António Borges, passando o economista a centralizar o ódio dos que exigem menos impostos e reivindicam mais subsídios – um exercício de desvario e ignorância a servir de trampolim para o desrespeito pela memória de quem partiu.

Como se não bastasse, eis que os inimputáveis recebem um novo presente com a indicação do nome de Manuela Moura Guedes para apresentadora da nova série de “Quem quer ser milionário?”. Sempre que na teia cai uma presa importante, os agentes da inveja agitam-se. No mínimo, essa praga, de que jamais nos livraremos, pretende que a jornalista entregue a carteira profissional… Ao que chegámos!

Julgo que a RTP devia aproveitar “prata da casa”, como Catarina Furtado, Jorge Gabriel ou José Carlos Malato, mas o regresso de Manuela, paga pela produtora e não pelo canal oficial, é bom para um programa “chave na mão” a que ninguém ficará indiferente. Tal como o despeito e a mesquinhez, que nunca merecem tréguas.

Antena paranoica, crónica publicada na edição impressa do CM de 31 agosto 2013

Um drama na memória

19 Setembro, 2013 0

Há dois segredos no sucesso de “Alta definição”: o trabalho de Daniel Oliveira na preparação do programa da SIC e a escolha dos entrevistados. O último que acompanhei confirmou-o porque Roberto Leal encara uma entrevista com o mesmo respeito pelo público que exibe nas suas atuações.

O cantor é um fenómeno de comunicação e na ligação às origens mostra-nos uma autenticidade rara. E agora, que a propósito da crise muitos sublinham a miséria a que chegámos, valeu a pena segui-lo no regresso à infância em Vale da Porca.

Olhando para o campo de trigo destruído por uma tempestade, dias antes da colheita, o pai do pequeno Roberto alerta: “Vamos ter um ano mau”. O miúdo, um de dez irmãos, não entende: “Porquê, meu pai?” E logo recebe, numa frase para a vida, a dura explicação: “Porque não vamos ter pão”.

Este episódio, tão atual, coloca-nos perante a falta de medida com que classificamos os nossos dramas e a facilidade insultuosa com que deixamos que a febre do consumo se sobreponha ao sofrimento de tanta gente sem voz que continua a temer pelo pão.

Antena paranoica, crónica publicada na edição impressa do Correio da Manhã de 7 setembro 2013