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Mesmo que não queira, uma pessoa chateia-se. Aconteceu-me na tarde de sábado, quando me encontrava em estágio de sofá para a final da Champions, com um olho nos “Hala Madrid!” do Twitter e com outr..." /> — ler mais..

Mesmo que não queira, uma pessoa chateia-se. Aconteceu-me na tarde de sábado, quando me encontrava em estágio de sofá para a final da Champions, com um olho nos “Hala Madrid!” do Twitter e com outr..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

O ex-acabado lá passou dos 50 golos outra vez

6 Junho, 2017 0

Mesmo que não queira, uma pessoa chateia-se. Aconteceu-me na tarde de sábado, quando me encontrava em estágio de sofá para a final da Champions, com um olho nos “Hala Madrid!” do Twitter e com outro na Sporting TV – para o direto do último jogo do campeonato de juniores, em que os leões, já com o título conquistado, recebiam o Belenenses. Perto do final, o Sporting vencia mas atuava apenas com nove jogadores e os azuis procuravam o empate – que viriam a conseguir – que lhes garantia um excelente segundo lugar. Só que no período de compensação o árbitro André Pereira inventou um penálti e com isso o Belenenses acabou por triunfar. Gosto de ganhar mas gosto mais da verdade desportiva e o que vi foi uma vergonha que nada augura de bom à nova geração de árbitros.

À noite, com mais uma grande vitória do Real Madrid, esqueci-me de mágoas e vibrei – também por Cristiano Ronaldo, que alguns imbecis não há muito assobiavam no Bernabéu porque não marcava tantas vezes como queriam as criaturas. Ora, o certo é que numa época em que jogou menos, apontou 42 golos pelo Real Madrid e soma mais 10 pela Seleção, o que significa que pela sétima (!) temporada consecutiva ultrapassou os 50. Está, aliás, só a 5 dos 57 golos de Messi, podendo ainda alcançar o argentino nos desafios com Letónia, México, Rússia e Nova Zelândia – e quem sabe mais um ou dois – na Taça das Confederações. Depois de um 2016 de sonho, Cristiano, o ex-acabado, vive um segundo ano de ouro. E merece-o.

Canto direto, 6JUN17

A sanidade mental da coisa futebolística está preta

1 Junho, 2017 0

Este ano, o futebol parará só uns dias em julho, mês em que não faltarão novidades com o regresso dos treinos. Mas depois da final da Champions – com o devido respeito à Seleção, que terá ainda pelo menos quatro jogos para disputar – tentarei mesmo entrar em férias de bola, até porque a sanidade mental da coisa futebolística está preta.

Veja-se o estranho caso do Moreirense. Salvo da descida por Petit, após várias soluções técnicas falhadas, quem escolheu para seu treinador na próxima temporada? Pois Manuel Machado, distinguido pelo contributo dado – treinando ambos – à desgraça dos despromovidos desta época!

Prefiro, assim, começar já hoje a olhar para outro lado, destacando a fantástica Volta à Itália. Tom Dumoulin, cuja melhor classificação numa grande prova tinha sido um sexto lugar na Vuelta de 2015, ganhou o Giro com um desempenho brilhante, deixando a 31 segundos Nairo Quintana e a 40 o italiano Vincenzo Nibali, dois ciclistas notáveis. O colombiano ganhou a volta transalpina em 2014, a espanhola em 2016 e soma no Tour dois segundos lugares e um terceiro. Quanto a Nibali, já venceu as três competições, a italiana por duas vezes. Mas a verdade é que neste Giro, quando o asfalto empinou, os rivais não se impuseram como trepadores ao contrarrelogista holandês e ele aguentou-se e derrotou-os.

A propósito: como se aguentarão agora, em Roland Garros, os Nibalis do ténis, ameaçados pelo ataque dos Demoulins? Sim porque há mais vida para além do futebol.

Canto direto, Record, 29MAI17

Sporting acabou com um bom jogo e o FC Porto com um jogo horrível

23 Maio, 2017 0

Terminado o campeonato, restam as evidências: o Benfica deixou o FC Porto a 6 pontos e o Sporting a 12, teve o melhor ataque e a melhor defesa, foi um justo campeão; o V. Guimarães acabou a liga em alta, ao contrário do Sp. Braga, que chegou ao fim a 8 pontos do quarto lugar; o Marítimo regressa às competições europeias, mas o Rio Ave ficou só a 1 ponto e o sensacional Feirense a 2; o Boavista despediu-se na primeira metade da tabela, um êxito; o Belenenses, com uma vitória – em Alvalade! – nos últimos 10 jogos, escapou porque a competição se finou, mais houvesse e seria o desastre total; Petit safou desta vez o Moreirense, repetindo o que havia feito com o Tondela, o mesmo que pela segunda época consecutiva obtém a Salvação das Últimas Jornadas; e o Arouca, depois de ver partir Lito Vidigal, passou, num registo modesto, a viver dos rendimentos insuficientes dos tempos de fartura.

Dando oportunidades a jogadores menos vezes titulares, FC Porto e Sporting surpreenderam na derradeira ronda. Os leões porque fizeram um bom jogo e deram um sinal claro de que Jorge Jesus continua a segurar o leme, ou seja, que se pode contar com ele para o futuro. Precisamente o oposto do que acontece com os portistas, que rubricaram em Moreira de Cónegos mais uma exibição horrível, que nos legou outro sinal, mais claro ainda: que Nuno Espírito Santo perdeu o controlo da situação e que o FC Porto vai ter de encontrar treinador. É o que manda a lei.

Canto direto, Record, 22MAI17

O pleno de 13 de maio

16 Maio, 2017 0

Quem aspira ganhar eleições acenando com o regresso do velho Portugal deprimido e temeroso do futuro, e prometendo as mesmas receitas do passado, vai ter de encontrar outra narrativa. Porque o país mudou. Pode viver na ilusão, mas está feliz.

Já tinha mudado, é certo, mas acordou ontem mergulhado na euforia. É que no sábado o Papa terminou uma visita triunfal e isenta de problemas a Fátima – que encheu de orgulho os católicos e fez respirar de alívio os não crentes – partindo para Roma horas antes de Salvador Sobral conseguir, no Festival da Eurovisão, uma vitória que a RTP perseguia desde os zero pontos da “Oração” de Calvário, em 1964.

Como se não bastassem esses dois êxitos num 13 de maio para a história, pelo meio entrou em ação o futebol, com o Benfica – o mais popular clube de Portugal, goste-se ou não do emblema e aceite-se ou não essa realidade – a conquistar o tetracampeonato, depois de uma primeira parte de luxo em que chegou cedo à goleada e deixou em delírio a Luz. Mais coisa menos coisa, metade do país sentiu-se nas nuvens – a outra metade já lá estava e à noite fez-se o pleno.

Agora, com o retorno à Terra e nada mais restando, questionar-se-á o óbvio: a justiça do sucesso encarnado. Sim, pode-se sempre recordar alguns erros dos árbitros e arranjar uns “ses”, mas a desolação de ontem nas bancadas do Dragão e a última pobre exibição do Sporting dão-nos a mais esclarecedora das respostas. A vida é o que é.

Canto direto, Record, 15MAI17

A diferença entre apoiar ou insultar os jogadores

9 Maio, 2017 0

Não vale a pena sobrevalorizar a capacidade do treinador, a excelência da gestão ou o entusiasmo dos adeptos, tudo fatores importantes e que podem existir ou não: quem vai para o campo e ganha ou perde os desafios são os jogadores.

Após a provocação de alguns anormais a Camará e à mulher – que aos insultos responderam com insultos, ninguém é de ferro –, no final da última derrota do Belenenses no Restelo, cerca de 70 associados dos azuis abordaram civilizadamente os futebolistas antes de um treino, reclamaram o que tinham a reclamar e ouviram o que tinham a ouvir – até Camará se explicou.

Não concordo com esta moda de invadir o espaço destinado aos profissionais de futebol, mas aprovo intervenções que se baseiem no diálogo e em que o respeito mútuo seja mantido. E como se poderia não aprovar aquela que referi, depois de se saber que a sua consequência foi uma vitória histórica sobre um rival que há 62 anos não vencíamos no seu terreno! Viu-se assim a diferença entre insultar os jogadores ou fazer-lhes sentir o que esperamos deles, puxar-lhes pelo brio e motivá-los.

Espero agora mais dois presentes azuis: que a proeza de Alvalade constitua um merecido recomeço na carreira de Domingos e que seja mesmo possível ficarmos livres do homem que o contratou, que começou por liquidar contas e se tornou depois no maior semeador de ódios da história do Belenenses.

Canto direto, Record, 8MAI17

Fim de semana de horror futebolístico

24 Abril, 2017 0

Como adepto do Belenenses habituei-me a sofrer até ao dia em que percebi que só o que me restava era a dor, pelo que não valia mais a pena sofrer. Assim, acho normal a ampla derrota no Funchal – a sexta consecutiva (!) na Liga – como me parece natural a opção da SAD pelos dois últimos treinadores. Aliás, desde que dispensou Lito Vidigal e não quis também ficar com Jorge Simão, para ir contratar Sá Pinto, que Rui Pedro Soares não acerta uma. Veremos o fim da história.

Como adepto do Real Madrid, ao contrário, vou vivendo algumas alegrias, tão estranhas quanto se sabe que há muitas épocas não temos uma equipa e vamos vivendo da irregular inspiração de meia-dúzia de estrelas. E, sempre, dos humores do balneário controlado por um capitão capaz tanto de golos decisivos como de paragens cerebrais – de que é exemplo aquela que ontem o fez ser expulso no Bernabéu e abriu caminho à vitória de um Barcelona que foi infinitamente superior.

Com nove jogos em menos de um mês, sem três centrais, sem Bale, com Cristiano-ora-sim-ora-não e com a teimosa insistência em Benzema por parte de um Zidane que “ignora” Isco, o jogador em melhor forma do plantel – com Asensio – temo que não haja nem La Liga, nem Champions.

Mas o meu fim-de-semana futebolístico não foi totalmente um horror porque José Mourinho já está “em cima” do terceiro lugar da Premier e Leonardo Jardim também ganhou e segue líder da Ligue 1. E isso é muito bom.

Canto direto, Record, 24ABR17

Peste negra contaminou o futebol

11 Abril, 2017 0

Como se não bastassem os problemas provocados pelas claques, digo melhor, por alguns marginais infiltrados nas claques nos confrontos entre rivais, eis que a baderna alastrou aos jogos da Seleção. Se havia aí um oásis de festa que permitia a participação e confraternização das famílias, depois do que sucedeu no Estádio da Luz, antes, durante e após o Portugal-Hungria, podemos dizer que esse clima de tranquilidade acabou. Uma nuvem sinistra cobre todo o território futebolístico.

Sociólogos, psicólogos e psiquiatras terão as mais variadas e especializadas explicações para o fenómeno – desemprego jovem, falta de perspetivas de futuro, desenraizamento social e por aí fora – e os jornalistas, digo melhor, e alguns jornalistas continuarão a tecer doces considerações, fechando os olhos à realidade.

Quando vemos as nossas bancadas quase vazias, atribuímos as causas ao preço dos bilhetes, às transmissões televisivas, à baixa qualidade do futebol ou ao mau desempenho dos árbitros, como se de tudo isso, e de mais qualquer coisa, se não queixassem igualmente os adeptos de outros países onde os estádios se enchem.

Mas é a ação dos bárbaros, que interrompem treinos, ameaçam jogadores, agridem árbitros e lançam a agitação nos campos, perante o pavor de quem manda, a efetiva razão do afastamento das pessoas e das famílias. Fomos contaminados por uma peste negra que tudo quer destruir.

Canto direto, Record, 3ABR17

E Bernardo Silva?

28 Março, 2017 0

Quando Fernando Santos foi escolhido para selecionador nacional, alguns doutos opinadores embandeiraram em arco: ele era o homem indicado para o que diziam ir ser “a renovação da Seleção”.

O certo é que só fomos campeões da Europa graças à inteligência do engenheiro, à sua prudência e ponderação, e ao acerto das suas escolhas, convocando jogadores jovens mas constituindo a base da equipa com futebolistas maduros, que deram aos mais novos o enquadramento indispensável. Sem Pepe, Ricardo Carvalho, José Fonte, Bruno Alves, Moutinho ou Quaresma, e sempre Cristiano – que é uma mistura virtuosa de juventude e veterania – o resultado da nossa participação no Europeu teria sido outro e provavelmente pior.

Mas seria um erro que o selecionador caísse agora no radicalismo oposto e acreditasse que aos campeões europeus é devida alguma preferência, como se poderia deduzir da constituição da turma titular do jogo com a Hungria. É que se a ausência do onze, e mesmo a não utilização de Renato Sanches ou Gelson Martins se pode aceitar, já o facto de Bernardo Silva – que está numa forma superlativa – ter ficado no banco até perto do final da partida é, no mínimo, incompreensível.

Esperemos que o desafio a feijões com a Suécia permita ver um pouco mais dos artistas do futuro da Seleção. Ou o fantástico trabalho de Rui Jorge, nos Sub-21, acabará emperrado nas ordens de mérito, de lugares cativos e de direitos adquiridos.

Canto direto, Record, 27MAR17

Quando se volta do inferno há olhares que matam

15 Março, 2017 0

Uma das causas do nosso amor ao desporto reside no facto de ele possibilitar não só que os teoricamente mais fracos possam sair vencedores, como de permitir também que os atletas sejam protagonistas de casos de superação verdadeiramente extraordinários. Foi o que sucedeu com Carlos Lopes, que atravessou o deserto das lesões com a determinação de ferro que o fez campeão olímpico aos 37 anos – e campeão mundial aos 38 – quando muitos o julgavam acabado.

Como adepto dos desportos de inverno, vi agora nos mundiais exemplos do que é possível ao corpo humano alcançar, desde que à capacidade física se junte a força mental correspondente. Isso aconteceu uma vez mais ao norueguês Ole Einar Bjørndalen, que aos 43 anos (!) ganhou no biatlo a 45.ª medalha nos campeonatos e à sua compatriota Marit Bjørgen, que após paragem de um ano, para ser mãe, somou mais quatro medalhas – todas douradas – às 22 que já tinha no corta-mato. Quase aos 37 anos, é obra.

Mas o que mais me tocou foi o retorno de Nelson Évora. Porque os 32 anos não são os 22. Porque depois de se ter sido campeão mundial e olímpico já não se pode chegar mais alto. Porque lesões graves e longas ausências da competição levam a um recomeço penoso, o corpo “desaprendeu” e a motivação não se compra por catálogo. E porque quando se volta do inferno há olhares de descrença que matam. Tudo isso o Nelson ultrapassou e hoje não há cá futebóis – ele é o meu herói.

Canto direto, Record, 13MAR17

José Mourinho: uma vénia nem só pelos 24

1 Março, 2017 0

São 24 títulos na carreira, 10 em Inglaterra e dois no Manchester United em poucos meses. José Mourinho viveu ontem mais uma tarde de sucesso, que celebrou à sua maneira: semblante carregado, supostamente chateado com alguém ou apenas com o Mundo, hesitante na subida à tribuna, rosto fechado a expressões de alegria. Mou leva-se demasiado a sério e vê talvez o sorriso como uma fraqueza, uma fresta no manto com que tapa os sentimentos mais profundos, que guarda ciosamente para os seus.

O treinador português tem essa personalidade, pelo que a obtenção de mais um êxito – numa época em que tudo começou por correr mal e, todavia, aos dois títulos há já que somar o regresso à luta pelos lugares cimeiros da Premier e a excelente campanha na Liga Europa – não ofusca, nem consegue fazer-nos esquecer a sua bela atitude de solidariedade com Claudio Ranieri, o amigo que o Leicester despediu meses depois de se tornar campeão graças à sua liderança. Nessa tomada pública de posição, Mourinho expôs o que escondeu ontem: a sua dimensão humana. Uma grande vénia por isso.

Saúdo também o mexicano Miguel Layún, que protestou numa rede social – com resultados positivos imediatos – pela estúpida ideia do “criativo” de uma loja de brinquedos do Porto, que ergueu uma barreira a simular o muro que o presidente-clown quer construir. O futebolista que não vê, não ouve e não fala, agoniza. Tempos de esperança.

Canto direto, Record, 27FEV17