— ler mais..

A saída de Octávio Machado do Sporting já é uma das excelentes notícias deste verão. Não por os leões terem perdido um fator de equilíbrio e conhecimento cuja falta se fará sentir nos dias difíceis..." /> — ler mais..

A saída de Octávio Machado do Sporting já é uma das excelentes notícias deste verão. Não por os leões terem perdido um fator de equilíbrio e conhecimento cuja falta se fará sentir nos dias difíceis..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Bruxos, crenças e o diabo

4 Julho, 2017 0

A saída de Octávio Machado do Sporting já é uma das excelentes notícias deste verão. Não por os leões terem perdido um fator de equilíbrio e conhecimento cuja falta se fará sentir nos dias difíceis que necessariamente chegarão. Mas porque Octávio poderá assim prosseguir o seu trabalho no comentário audiovisual – e na CMTV, espero – em que é um dos melhores. E é-o por dois motivos claros: saber do que fala e não ter medo de ser inconveniente para os poderes instalados.

Aliás, ele não poderia ter regressado a estúdio de maneira mais feliz do que sucedeu há dias, desmistificando esta acéfala história da bruxaria ligada ao futebol – ui, onde isso nos levaria!… – quando, a propósito do golo falhado por Bryan Ruiz, num desafio contra o Benfica, brincou: “Se calhar, foi o Nhaga que desviou a bola…” Na mouche.

Não entendo, de facto, como pelo meio do agitar destas supostas tramoias, descobertas através do roubo de mensagens privadas – que quem de direito investigará, por certo, a par do peso eventualmente doloso dos seus conteúdos – se mistura o simples ridículo com o crime. Que interessa aos adeptos, aos dirigentes, aos técnicos, aos jogadores ou aos australopitecos se um determinado clube contrata um bruxo, um feiticeiro ou apenas um louco varrido para fazer umas mezinhas apontadas ao sucesso da sua equipa? E acontecendo, isso é ilícito porquê?

Nestas coisas do Além, seja de fé ou de crenças avulsas para gostos variados, cada qual acredita no que quer. Ainda agora, regressámos da Taça das Confederações sem derrotas, com três vitórias e dois empates, o que não desviará Fernando Santos do hábito de se persignar e beijar a imagem que traz no bolso, antes do início de cada partida – na boa linha de Scolari e da sua célebre devoção pela Senhora de Caravaggio. E se nos lembrarmos que ontem, aos 90 minutos, a Seleção perdia, após ter falhado mais um penálti e sofrido um autogolo – em duas intervenções do próprio anjo das trevas – pergunta-se: quem terá guiado a perna direita de Pepe para chegar àquela bola e quem terá traçado a trajetória perfeita que a levou a afastar-se de Ochoa?

No seguimento da conversa, dou comigo a interrogar-me que poder oculto protegerá Eliseu, que perde a titularidade no Benfica e retorna porque Grimaldo gripa muito o motor, e que fica sem lugar na Seleção e logo o recupera por lesão de Raphael Guerreiro. E que bem jogou Eliseu na Rússia!

Do mesmo modo me questiono sobre a força satânica que perseguirá o excelente Miguel Layún, que depois de estranhamente encostado às boxes no Dragão se despediu da Taça das Confederações com participação direta nos dois golos que derrotaram a sua seleção. Eu juro que não acredito, mas lá que eles andam aí, andam.

Outra vez segunda-feira, Record, 3JUL17

A ideia errada de Bruno de Carvalho

19 Janeiro, 2016 0

Quando os objetivos dependem do trabalho de equipa, é bom e é útil – diria que é mesmo indispensável – que quem comanda se assuma também através de mensagens “para fora” que transmitam aos “de dentro” os sinais de determinação e de liderança sem as quais o grupo não se motiva, não ganha confiança e poucas possibilidades terá de êxito.

Bruno de Carvalho desempenha essa tarefa no Sporting, mas exagera na intensidade e entra quase sempre “a matar”, recolhendo por vezes os efeitos opostos ao que pretende. Foi o que sucedeu no sábado em Alvalade, ao minuto 29, ao protestar para além do que devia e somar assim à expulsão de Rui Patrício a sua, agravando com isso a já difícil situação em que se encontravam os leões. Bem o compreendeu Jesus, que tentou evitar o inevitável, perante a aparente tranquilidade de Octávio Machado – um e outro sabendo muito bem quando devem “dar-se ao espetáculo” e quando, ao contrário, o tempo aconselha contenção, evitando que o drama suba ao patamar da tragédia.

Não duvido que se o Sporting é hoje talvez o maior candidato ao título é porque tem este presidente e este presidente contratou este treinador. Têm sido igualmente as arengas de Jorge Jesus – a par do trabalho técnico, claro – a puxar pelos jogadores e a fazer com que acreditem nas suas capacidades e ganhem os jogos. Mas pode ter-se chegado a uma altura em que o excesso de palavreado e a repetição de manifestações de autoconfiança passem a ideia, errada, de que a glória é garantida. Não é, como se vê pelos pontos, que eram quatro e já são só dois.

Canto direto, Record, 18JAN16

Octávio Machado, o mestre da culinária

16 Novembro, 2015 0

Sou admirador de Lito Vidigal e da forma como monta as suas equipas. Gosto ainda que corra por fora do “sistema”, que não pertença a lóbis, nem alinhe em joguinhos. Estou assim totalmente à vontade para soltar uma boa gargalhada com a multa de 40 (!) euros que Lito terá de pagar pela entrada em campo no Arouca-Sporting, ficando ao que parece sem castigo o facto de ter “metido a mão” e provocado Naldo, que depois o empurrou e se arrisca – por isso e porque Lito “teatralizou” o melhor que conseguiu o seu mergulho para a piscina – a uma pena pesada. Só no futebol português!

A cabeça perdida de Lito, com a partida no fim e o marcador em 0-0, é também estranha porque ele sabia que podia acontecer o desastre: a desconcentração da sua equipa e a consequente perda do jogo. Mas isso sucedeu porque do lado do Sporting, com 10 jogadores no terreno, Jorge Jesus arriscou: refez a defesa com William e manteve Montero e Slimani juntos, sabendo que apenas com esse “pressing” – num momento em que o Arouca defendia mais com o coração – poderia conquistar os 3 pontos.

Houve, entretanto, após a salada que Lito provocou com o desaguisado com Naldo, outro mestre da culinária: Octávio Machado. Foi ele quem pôs, com a mão dos “chefs”, a pimenta no refogado junto à linha lateral, com toda a gente aos berros e os homens da casa desestabilizados – e sem pernas e sem cabeça – a assistirem ao “slalom” de Montero e ao golpe fatal de Slimani. Soado o apito final, o ar do “palmelão” dizia tudo: “Pois é, meus meninos, tenham paciência que eu já levo muito frango virado”.

Canto direto, Record, 16NOV15