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Quem viu Ederson fazer de líbero em Stamford Bridge, compensando uma ou outra falha dos companheiros, melhor compreende aquilo que de certa maneira já sabíamos e que Basileia e Funchal confirmaram:..." /> — ler mais..

Quem viu Ederson fazer de líbero em Stamford Bridge, compensando uma ou outra falha dos companheiros, melhor compreende aquilo que de certa maneira já sabíamos e que Basileia e Funchal confirmaram:..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Nada de clássico, só dá Benfica

2 Outubro, 2017 0

Quem viu Ederson fazer de líbero em Stamford Bridge, compensando uma ou outra falha dos companheiros, melhor compreende aquilo que de certa maneira já sabíamos e que Basileia e Funchal confirmaram: no verão, o Benfica perdeu não um grande guarda-redes, mas dois. A última época, constituindo o tempo de afirmação do atual dono incontestado da baliza do City, foi igualmente a da despedida de Júlio César do elevado nível exibicional que o consagrou e o trouxe um dia para a Lisboa.

O golo de ontem do Marítimo está gravado na memória dos benfiquistas: centro a sobrevoar uma defesa de “espectadores” e remate de cabeça de Ricardo Valente, já na pequena área. Júlio César hesitou, não saiu de imediato debaixo dos postes – a trajetória da bola, a “fugir” do guarda-redes, tornava difícil uma interceção com êxito, mas é nesses lances que se faz a diferença – e ficou irremediavelmente batido. E se formos recapitular os golos sofridos pelo Benfica na Suíça, encontraremos também uma enervante lentidão do brasileiro a sair da baliza. O tempo não perdoa e a verdade é dura. Júlio César, com pesar o escrevo, deixou de ser guarda-redes para o Benfica.

Claro que os encarnados não têm apenas um problema na defesa e a oportunidade perdida para se reaproximar dos seus rivais vai exigir um esforço sério para ultrapassar o problema. Mas não é a crise do futebol da Luz que pode justificar o que se passou na assembleia-geral. E não valorizo sequer as agressões ou cadeiras pelo ar, que já nada me admira na triste noção de convivência e de civismo que distingue as franjas de excluídos e de energúmenos que um pouco por todo o lado – e usando diversos emblemas – nos envergonham. O que me surpreende é a falta de memória de alguns benfiquistas, que não só desvalorizam a gestão da era Vieira – hoje voltada igualmente, e bem, para a redução do passivo – como se esquecem de tudo o que a antecedeu e se permitem, assim, insultar o presidente. Nunca dependi de Luís Filipe Vieira – nem sequer na década em que dirigi este jornal – mas admiro cada vez mais o seu mérito na recuperação da grandeza do monstro adormecido e a infinita paciência com que atura a ingratidão e a estupidez.

O último parágrafo vai desta feita para o despedimento de Carlo Ancelotti do Bayern de Munique, uma situação que só não é normal na vida de um treinador porque Carletto foi empurrado por um quinteto de jogadores, entre os quais Ribéry e Robben, um com 34 anos e outro que para lá caminha, ambos longe do rendimento que justifique os 8 ou 9 milhões de euros que ganham por ano. Não entendo uma empresa que trabalha assim e espero que em breve a dupla de imprestáveis milionários receba a resposta. Ainda ontem, vimos como um ex-condenado esmagou nas urnas uma criatura que ele tinha inventado e que o abandonou. Como Roma, que não paga aos traidores, as pessoas não esquecem, nem perdoam.

Outra vez segunda-feira, Record, 2OUT17

LF Vieira na CMTV: nota 4 para um peixe de águas profundas

2 Março, 2017 0

Um peixe de águas profundas não vive fora seu habitat. Precavido, foi um especialista em sobrevivência no agreste mar do futebol – em que Luís Filipe Vieira se transformou nos últimos 16 anos – que ontem enfrentou os entrevistadores da CMTV, também eles habitantes seguros dos mares mais frios. Tomemos como exemplo a pergunta de Octávio Ribeiro sobre a reunião “a sós” com o Conselho de Arbitragem, que deixou Vieira “descansado”: não devia ser antes com todos os clubes? A resposta resumiu-se à estafada defesa da “transparência”, sem desenvolver uma linha de raciocínio coerente.

Desviar a conversa para o seu terreno foi a estratégia do líder do Benfica, de modo a fazer passar aquilo ao que vinha: louvar a excelência da sua organização, promover o investimento na academia, apontar a miragem da redução da dívida, fazer de santo a propósito de Jorge Jesus, elogiar Rui Vitória, exibir a tranquilidade do vencedor. E largar a bomba dos dez anos de avanço sobre os rivais. Pela missão cumprida e de 1 a 5: nota 4.

Análise, Record, 2MAR17

O papel de Luís Filipe Vieira na história do Benfica

14 Dezembro, 2015 0

Com um passivo que se estima em cerca de 430 milhões de euros, o Benfica travou, enfim, a bola de neve que o ameaçava conduzir um dia à insolvência. Mas não se trata apenas da vitória da crua realidade dos números e muito menos da tomada de consciência que transportou o bom senso para Luz. O que se passa é simplesmente a preocupação de um homem com a forma como a história do Benfica virá a registar a sua ação e o seu nome. Evitada a bancarrota, arrumada a casa, recuperada a credibilidade, restaurada a dimensão europeia e conquistados os títulos, Luís Filipe Vieira sabe que está hoje mais perto de concluir o seu magistério e que subsiste, e até se agravou, um problema pelo qual não quer ser recordado: o do passivo.

Vieira compreendeu que só investindo na equipa poderia ambicionar retirar ao FC Porto uma hegemonia que se alargava por décadas, e o bicampeonato travou, para já, essa hegemonia. Agora, chegou a altura de aproveitar os 400 milhões de euros do novo contrato com a NOS e de iniciar a obra de “zerar” o passivo – e com isso assegurar um lugar nas páginas da frente, talvez até o de maior presidente de sempre do clube.

A dificuldade principal é que a popularidade dos presidentes tem muito, muitíssimo a ver com os resultados desportivos, além de que vivemos num país em que a banca não para de resvalar e em que tudo o que se julga poder fazer hoje é capaz de não ser possível amanhã. Veja-se como Cavaco Silva, que dá também tanta atenção ao modo como a História o julgará, já não se livra da imagem de deixar Portugal com um governo de esquerda – o horror em vida, coitado.

Canto direto, Record, 14DEZ15