Quinta do Careca

O “caso Camará” que afinal não houve…

2 Agosto, 2017 0

No seguimento do conflito que opôs o ex-capitão do Belenenses, Abel Camará, a alguns adeptos, no final da última época, recebi de um prezado consócio o e-mail que a seguir reproduzo na íntegra.

Boa tarde, caro Alexandre Pais

O “caso Camará” tem novos desenvolvimentos…

Texto em www.alexandrepais.pt

A diferença entre apoiar ou insultar os jogadores

9 Maio, 2017 0

Não vale a pena sobrevalorizar a capacidade do treinador, a excelência da gestão ou o entusiasmo dos adeptos, tudo fatores importantes e que podem existir ou não: quem vai para o campo e ganha ou perde os desafios são os jogadores.

Após a provocação de alguns anormais a Camará e à mulher – que aos insultos responderam com insultos, ninguém é de ferro –, no final da última derrota do Belenenses no Restelo, cerca de 70 associados dos azuis abordaram civilizadamente os futebolistas antes de um treino, reclamaram o que tinham a reclamar e ouviram o que tinham a ouvir – até Camará se explicou.

Não concordo com esta moda de invadir o espaço destinado aos profissionais de futebol, mas aprovo intervenções que se baseiem no diálogo e em que o respeito mútuo seja mantido. E como se poderia não aprovar aquela que referi, depois de se saber que a sua consequência foi uma vitória histórica sobre um rival que há 62 anos não vencíamos no seu terreno! Viu-se assim a diferença entre insultar os jogadores ou fazer-lhes sentir o que esperamos deles, puxar-lhes pelo brio e motivá-los.

Espero agora mais dois presentes azuis: que a proeza de Alvalade constitua um merecido recomeço na carreira de Domingos e que seja mesmo possível ficarmos livres do homem que o contratou, que começou por liquidar contas e se tornou depois no maior semeador de ódios da história do Belenenses.

Canto direto, Record, 8MAI17

Em defesa de Abel Camará

3 Maio, 2017 0

Agora não vou a tempo, já paguei as quotas do ano todo. Mas para janeiro fica prometido: se o “divórcio” entre a direção do Belenenses e a SAD se mantiver, esqueço-me que sou sócio há 60 anos e “desarrisco-me”. Porque é essa situação de animosidade recíproca, essa aberração nascida de incompetências acumuladas ao longo de décadas que criou o ambiente inquinado que permite a meia-dúzia de energúmenos insultarem, e tentarem até agredir o capitão da equipa, Abel Camará, e a sua mulher (!) – uma ação miserável, bem ao nível dos fanáticos de outros emblemas que já andam por aí a matar-se.
Falamos de cobardes que se transformam em valentões quando atuam em bando. Gostaria de ver qualquer deles, sozinho e de mãos nuas, a ameaçar Camará…
E que fez de mal o jogador? Falhou um passe, provocou um penálti? Sim, mas foi o coletivo, a equipa mal dirigida que perdeu o jogo, não Camará, que é quem mais corre, mais luta, mais trabalha e mais sente a camisola – é um exemplo. Tivesse o Belenenses 11 como ele… Sim, sinto um imenso orgulho em ser adepto de um clube que tem como capitão da sua equipa um homem e um profissional com a qualidade de Abel Camará.
Opinião azul, Record, 3MAI17
Entretanto, um amigo e consócio fez-me chegar hoje o texto que passo a reproduzir.
“Li agora a sua coluna no Record “em defesa de Camará” e não queria deixar de dizer-lhe duas ou três coisas. Antes de mais, várias pessoas em quem confio e que assistiram ao episódio garantem-me que não houve qualquer tentativa de agressão ao jogador. Aliás, há um vídeo a circular que mostra o Camará fora do carro a discutir com pessoas e a mulher dele estava dentro do carro. Esse mesmo vídeo mostra o Camará a ser metido pela polícia dentro do carro e forçado a ir embora. (aliás, saindo ele de dentro do estádio, onde está protegido, seria impossível alguém agredi-lo – ele nunca deveria ter saído do carro para enfrentar a multidão).
O que há, de facto, é uma guerra antiga entre o Camará e um grupo de sócios, que o próprio Camará relatou no comunicado que publicou no FB. Após um jogo há uns anos (uma derrota fora) um grupo de adeptos contestou no Restelo, à chegada, os jogadores. O Camará foi até lá, empurrou uns quantos para defender um companheiro. Na semana seguinte, o mesmo grupo voltou lá e o Camará tinha “guarda-de-honra” de vários amigos. E os amigos mostraram facas e pistolas aos adeptos.
Alguns comentam isto no FB do Camará, revelando que fugiram, naturalmente. Desde então, esses adeptos querem o Camará fora do clube. E protestam contra ele. Também me garantem que os protestos no fim do jogo começaram quando a mulher do RPS se virou da tribuna para os sócios e disse adeus, rindo-se. Que se prolongou para a saída dos carros para visar o RPS. É imbecil o insulto racista, nisso não há como estar em desacordo, mas não me parece ser de todo o que está em causa. A verdade é que a SAD tem manipulado informação e passado informações que são falsas (como a do roubo das cadeiras, que, afinal, estavam guardadas num depósito do clube e eles tinham conhecimento).
Enfim, serve isto como um desabafo de belenense que sofre ao ver as “verdades” serem mal passadas a quem opina”.
Agradeço a explicação que me é dada e reconheço que não só ignorava os factos descritos acima, como pelo visionamento do vídeo igualmente citado me parece que a “tentativa de agressão” se resumiu a provocações e insultos, a que o futebolista e a mulher responderam, tendo a PSP evitado que daí se passasse para a violência física.
Mas isso não muda a minha opinião quanto à entrega de Camará ao seu trabalho e à certeza que tenho de que quem dá tudo dentro do campo, independentemente do seu valor futebolístico – que está, aliás, em linha com o de muitos outros, de pele branca, que por lá temos – o que não merece é ser assobiado. E o que não merece, nem deve é ser insultado e ameaçado quando abandona o seu local de trabalho, para mais com a mulher ao lado. Isso é próprio de baderneiros, de cobardes que só se armam em corajosos quando se encontram em matilha. É contra essa gente que me manifesto.
Quanto aos problemas criados pela má relação entre o Belenenses clube e o Belenenses SAD, espero que a promessa do presidente, de recuperar o controlo da sociedade desportiva, se cumpra antes que a massa associativa fique ainda mais reduzida, nela permanecendo apenas os que ainda têm paciência para suportar estas vergonhas. Lembro, no entanto, que perdemos a SAD porque durante demasiados anos entregámos o clube a gestores amadores que o arruinaram. Temo, mesmo, que isso volte a suceder e que a porta se feche de vez.

Fim de semana de horror futebolístico

24 Abril, 2017 0

Como adepto do Belenenses habituei-me a sofrer até ao dia em que percebi que só o que me restava era a dor, pelo que não valia mais a pena sofrer. Assim, acho normal a ampla derrota no Funchal – a sexta consecutiva (!) na Liga – como me parece natural a opção da SAD pelos dois últimos treinadores. Aliás, desde que dispensou Lito Vidigal e não quis também ficar com Jorge Simão, para ir contratar Sá Pinto, que Rui Pedro Soares não acerta uma. Veremos o fim da história.

Como adepto do Real Madrid, ao contrário, vou vivendo algumas alegrias, tão estranhas quanto se sabe que há muitas épocas não temos uma equipa e vamos vivendo da irregular inspiração de meia-dúzia de estrelas. E, sempre, dos humores do balneário controlado por um capitão capaz tanto de golos decisivos como de paragens cerebrais – de que é exemplo aquela que ontem o fez ser expulso no Bernabéu e abriu caminho à vitória de um Barcelona que foi infinitamente superior.

Com nove jogos em menos de um mês, sem três centrais, sem Bale, com Cristiano-ora-sim-ora-não e com a teimosa insistência em Benzema por parte de um Zidane que “ignora” Isco, o jogador em melhor forma do plantel – com Asensio – temo que não haja nem La Liga, nem Champions.

Mas o meu fim-de-semana futebolístico não foi totalmente um horror porque José Mourinho já está “em cima” do terceiro lugar da Premier e Leonardo Jardim também ganhou e segue líder da Ligue 1. E isso é muito bom.

Canto direto, Record, 24ABR17

Belenenses com defesa de veludo

4 Janeiro, 2017 0

Alguns dos meus prezados consócios e adeptos em geral do Belenenses andam superativos nas redes sociais. Uns a favor do presidente Patrick, outros em defesa de Soares, uns sonhando com a Liga Europa e até com a grandeza de outrora, outros preocupados com uma eventual despromoção e recordando desgraças passadas, uns atirando-se aos árbitros – em Moreira de Cónegos, há uma semana, foi um “roubo de igreja” –, outros defendendo a contratação urgente de (ao menos) um ponta de lança – temos o pior ataque do campeonato.

À sua maneira, a razão chegará para todos e eu vou acrescentar a minha…

Texto integral em www.alexandrepais.pt

Aos 90+3 o fantasma do Zé dos Frangos foi visto no Restelo

23 Dezembro, 2016 0

O Belenenses fez ontem um bom jogo contra o Sporting. Não ganhou porque não tem um ponta de lança, só tem armandinhos. E sofreu o golo da derrota a dois minutos do fim, o costume. Se eu tivesse uma nota de 100 euros por cada situação destas que já vivi no Estádio do Restelo, não estaria rico mas andaria perto.

Recordo como se tivesse sido ontem um Belenenses-Sporting da época de 1961-62, há 55 anos (ai, ai…)…

Texto integral em www.alexandrepais.pt

A ética é morta

10 Outubro, 2016 0

Os dirigentes do Santa Clara têm razão em considerar “uma enorme falta de respeito” o modo como o treinador Quim Machado, ao serviço dos açorianos havia ainda poucos dias, os abandonou para assinar de seguida contrato com o Belenenses. Infelizmente, temos regulamentos que permitem estas indecências, e gente poderosa para a qual o oportunismo é rei e a ética é morta.

Rui Pedro Soares repetiu com o seu novo técnico o mesmo gesto de março de 2015, quando, para ultrapassar o espúrio conflito com Lito Vidigal, foi ao Mafra, que lutava pela subida – o que viria a conseguir com António Pereira – buscar Jorge Simão. E com ele concretizar a ida à Liga Europa para que apontava já o brilhante desempenho da equipa dirigida pelo atual treinador do Arouca. É caso para dizer que se a lei da selva permite, aplica-se a lei da selva.

Curiosamente, o líder da SAD dos azuis aproveitou a recente mudança para se gabar da sua capacidade para escolher técnicos – vivendo ainda do real acerto das opções por Vidigal e Simão – como se a contratação de Sá Pinto, na época passada, ou a de Julio Velázquez, há quase um ano, não tenham sido fracassos, por muita simpatia que se sinta pelas personalidades dos dois técnicos. Aliás, está por explicar a súbita renúncia do espanhol, que surpreendeu à chegada pelo seu arrojo tático – quando havia, a meio-campo, o talento de Aguilar, Bakic e Carlos Martins… Esta temporada, nem um “9” qualificado tinha!

Agora, com Quim Machado, e pese o bom começo, temo que se acabe na desgraça de sempre.

Canto direto, Record, 10OUT16

Sonho azul concretizou-se há 60 anos

29 Setembro, 2016 0

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Decorreram seis décadas sobre o dia 23 de setembro de 1956 em que o Belenenses inaugurou o Estádio do Restelo. Construído nos terrenos de uma antiga pedreira, cedidos pela Câmara de Lisboa, que pretendia desalojar o clube das históricas Salésias – primeiro campo relvado de Portugal –, o recinto foi estreado com um desafio particular em que os azuis bateram o Sporting, por 2-1. Dias depois, deu-se a inauguração noturna, tendo então o Belenenses derrotado, por 2-0, os franceses do Stade de Reims, finalista vencido (pelo Real Madrid) da primeira Taça dos Campeões.

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Tive a felicidade de assistir…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

Salve campeões azuis de há 70 anos!

26 Maio, 2016 0

É uma efeméride poderosa, incontornável para um belenense como eu, já com 60 anos de associado: completam-se esta semana, mais propriamente hoje, 26 de Maio, sete décadas sobre o único título de campeão nacional de futebol do clube do Restelo.

Não será uma comemoração meramente contemplativa, pois a direcção dos azuis…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

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Há 10 anos, o Rui Dias editou esta página…

 

O Hino, Benzema e Rui Vitória, o resistente

18 Abril, 2016 0

Na edição de sábado, o provedor dos sócios do Belenenses, “roubou-me” o tema para esta crónica: a ideia, totalmente absurda, da SAD dos azuis, de querer tocar o Hino Nacional antes dos jogos no Restelo. E o brilho do texto de Rodrigo Saraiva faz com que nada do que eu pudesse aqui escrever acrescentasse algo de útil às razões que expôs.

Pensei refletir então sobre o afastamento de Benzema do Europeu, uma decisão da federação francesa, “ratificada” num inquérito à opinião pública: quatro em cada cinco inquiridos aprovam que o avançado não vá à seleção. Mas também não me vou alongar, já que a inevitável comparação seria com o futebol português, e sabemos bem que se tudo se passasse entre nós não haveria coragem para punir um jogador ainda sob o manto da presunção de inocência, uma vez que o seu caso – relacionado com uma alegada chantagem ao colega Valbuena – aguarda  julgamento. Acontece que existem escutas, que por cá são quase sempre ilegais mas que em França contam.

Com tanta conversa fico sem espaço para o tema escolhido: o da inacreditável resistência do treinador Rui Vitória. Esse mesmo que se acusava de ter discurso redundante e aura de perdedor. Esse mesmo a quem tocou o azar de substituir um técnico carismático e campeão, com a sina suplementar da obrigação em apostar em jogadores saídos das fornadas da casa. Esse mesmo que quase todos achávamos que não iria conseguir, que estava perdido. Esse mesmo que depois de Talisca ter feito, há dias, o empate na Luz, aguentou com fair-play, e abanando como se a Terra tremesse, festas sem fim na cabeça e mil palmadas nas costas. Resistiu a tudo e tudo merece, a começar pelo respeito.

Canto direto, Record, 18ABR16