Um clássico mais decisivo do que parece
Os adeptos leoninos andam eufóricos com o belo início de época da sua equipa, com a volta de 180 graus que mudou o futebol do Sporting e com os 12 golos de Montero nas oito partidas oficiais que disputou – uma média de 1,5 por jogo, é obra.
Duvido que Leonardo Jardim e os jogadores sintam essa euforia. Eles sabem como o futebol é fértil em colocar em baixo, em alguns minutos, o que levou tanto trabalho a transportar para cima. E entrarão no Estádio do Dragão confiantes nas suas capacidades mas ao mesmo tempo conscientes de que é no campo, com competência, e não à mesa do café, com fanfarronices, que se ganham os desafios.
Eles sabem que por muito grande que seja a motivação, serão mais a inteligência e a disciplina tática as armas adequadas para enfrentar um adversário que só está em crise até sair dela, o que pode acontecer já amanhã. Eles sabem que deverão exercer pressão, forte e permanente, quando não tiverem a bola e que terão de fechar, na sua metade do campo, todos os espaços ao FC Porto.
Eles sabem que terão de explorar a velocidade de Wilson Eduardo, Carrillo ou Capel, e a supermobilidade de Montero, para surpreender no contra-ataque, e de manter a concentração elevada nos lances de bola parada. E esperar que um pouco de sorte faça o resto, porque quando as oportunidades terminam nos postes ou os árbitros erram em desfavor não há competência que valha.
Por seu lado, o FC Porto, muito ao contrário do que possa julgar-se, não estará menos motivado. Duas derrotas caseiras para a Champions e uma exibição frouxa com o Trofense para a Taça obrigam os dragões a cerrar fileiras e a encarar este clássico como um confronto decisivo. Perder agora a liderança para o Sporting tornaria ainda mais complicadas as deslocações seguintes: ao Restelo e a São Petersburgo, esta particularmente delicada já que se jogará o futuro europeu.
Conseguirá o fator casa e a maior experiência dos portistas sobrepor-se à melhor forma e ao menor desgaste, físico e psicológico, dos leões? Será hora e meia de afirmação também para Paulo Fonseca e Leonardo Jardim – é hora de mostrar o que valem.
Canto direto, publicado na edição de Record de 26 outubro 2013