— ler mais..

O meu único contacto com António Costa deu-se quando ele me enviou um extenso relatório sobre o investimento que a Câmara Municipal de Lisboa tinha feito em pilaretes, na sequência de uma crónica m..." /> — ler mais..

O meu único contacto com António Costa deu-se quando ele me enviou um extenso relatório sobre o investimento que a Câmara Municipal de Lisboa tinha feito em pilaretes, na sequência de uma crónica m..." /> Crónicas da Sábado: a deceção António Costa - Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Voltar ao blog

Crónicas da Sábado: a deceção António Costa

11 Fevereiro, 2013 692 visualizações

O meu único contacto com António Costa deu-se quando ele me enviou um extenso relatório sobre o investimento que a Câmara Municipal de Lisboa tinha feito em pilaretes, na sequência de uma crónica minha, aqui na SÁBADO, em que me insurgia contra o défice dos ditos no bairro de Telheiras, onde moro. Foi uma resposta em dois dias, que revela, no mínimo, atenção e competência. Mas sou, para a vida, admirador de duas pessoas que lhe são bem próximas: Maria Antónia Palla, uma grande figura do jornalismo português, e Manuel Pedroso Marques, com quem tive o privilégio de trabalhar e de quem guardo as melhores recordações.

Faço esta declaração de interesses por respeito a quem me lê, antes de manifestar a profunda deceção que me causou a última trapalhada do PS, não por esperar muito mais, apenas por se me ter metido na cabeça que só voltaria a votar para deitar o papelinho em António Costa, fosse lá quando fosse. Vejo no presidente da CML uma forma diferente de encarar a política, sinto-o mais comprometido com os cidadãos, reconheço-lhe uma capacidade de comando menos voltada para as promessas e para as conversas de chacha e, principalmente, penso que seja, nesta altura – enredado que se encontra Paulo Portas na teia de contradições de apoio a um Governo que nos conduz a nenhures – o único dirigente partidário com qualidade e credibilidade suficientes para definir e liderar um projeto nacional que consiga mobilizar a nossa desgraçada sociedade e devolver a esperança aos portugueses.

Agora, confesso que hesito. Não entendo porque foi António Costa prejudicar uma candidatura vencedora nas autárquicas só para se afirmar como alternativa ao que na verdade não tem alternativa neste momento. O Executivo não está para cair, o aparelho segue embevecido com António José Seguro e a débacle da direita nas próximas eleições ajudará o líder do PS a convencer os convencidos de que o poder lhes cairá nas mãos e haverá empregos para todos.

Não é ainda o tempo de António Costa, o País continua – estranhamente mas continua – sem rejeitar com vigor estes rapazolas que nunca precisaram de pedalar para subir a montanha da vida, estes impreparados de cabelo a encanecer que vêem os anos escapar-se-lhes sem que o espelho do reconhecimento público lhes diga como são belos. Seguro é o alter ego de Passos Coelho, o príncipe que ficou para trás quando o rei fez a escolha.

Ao recuar, António Costa tornou-se refém de negociações que terminarão na paz podre que serve a ânsia do mando e das mordomias. Espero que se trate da manobra que emende o passo em falso. Não quero, ao menos, deixar de sonhar.

Observador, crónica publicada na edição impressa da Sábado de 7 fevereiro 2013