Leonardo Jardim apurou o Sporting para fase de grupos da Liga dos Campeões, mas saiu para o Monaco – um desfecho antecipadamente desenhado, apesar desta ter sido a melhor classificação dos clube em cinco épocas. E Jardim saiu porque não aprendeu a dizer “sim, sr, presidente”.

Bruno de Carvalho quis que Jardim assumisse a candidatura ao título, mas o treinador não lhe fez a vontade. Bruno de Carvalho quis que Jardim assumisse que o Sporting tinha tanta qualidade no plantel, como Benfica e FC Porto, mas Jardim entendeu que não era bem assim. E foi-se embora.

Com Marco Silva, a história tem sido parecida. O presidente do Sporting quer que o treinador seja uma caixa de ressonância do seu discurso, mas este não está para aí virado, pensa pela sua própria cabeça.

Na verdade, o presidente do Sporting tem sido bem aconselhado na hora de escolher os treinadores, revela grande sentido estratégico. O pior vem a seguir. Bruno de Carvalho quer impor uma liderança tão incontestada que acaba por esmagar aquilo que de melhor têm os treinadores: a inteligência de pensarem pelas suas cabeças; a capacidade de bem avaliarem as condições disponíveis para alinharem objetivos realistas.

Se o Sporting ganhar a Taça de Portugal, uma boa medida de Bruno de Carvalho seria prolongar o contrato do treinador. Mas como a confusão de prioridades, entre objetivos profissionais e afirmações de personalidade, é tão grande, o mais certo é que a vitória no Jamor não chegue para o que quer que seja.

Uma coisa é certa: o próximo treinador do Sporting saberá dizer, acima de todas as vontades, “sim, Bruno de Carvalho”. E está ali tão perto.