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Luís Figo decidiu retirar a sua candidatura a presidente da FIFA em protesto contra um sistema onde as cartas estão marcadas. Depois de dezenas de horas gastas em aviões, reuniões, almoços, jantare..." /> Semanada - Record
21 Maio, 2015

Luís Figo errou

Luís Figo decidiu retirar a sua candidatura a presidente da FIFA em protesto contra um sistema onde as cartas estão marcadas. Depois de dezenas de horas gastas em aviões, reuniões, almoços, jantares, Figo conseguiu alguma simpatia para o seu projeto de regeneração do gigante que governa o futebol mundial, mas não passou daí, foi percebendo que Joseph Blatter tinha tudo sob controlo – afinal, quem é que tem o bolo e a faca? – e o cilindraria nas urnas. É assim, a política. Umas vezes perde-se, noutras ganha-se.

Depois de tanto esforço e simpatia gerada entre os que não votam, Figo deveria ir até ao fim, honrando os (poucos) apoios que recolheu junto dos eleitores, os presidentes das federações. E marcaria posição, vincando as suas convicções, delimitando terreno para uma futura eleição. Mas não, preferiu a indignação ao teste eleitoral.

Não há muita gente em Portugal a recordar-se da candidatura da FPF à organização do Euro'1996 (ganha pela Inglaterra), mas na altura, perante a inevitabilidade do insucesso, um governante português saiu-se com uma frase cheia de substrato: “É preciso treinar as candidaturas”. Mesmo que o seu destino seja a derrota, sempre fica a experiência. Oito anos depois, Portugal organizava o Euro'2004.

Ninguém sabe o que Figo quer do seu futuro enquanto dirigente, nem se conhecem em pormenor as motivações que o levaram a avançar agora cheio de esperança, mas se está a pensar em ser presidente da FIFA teria muito mais a ganhar (mesmo perdendo) em apresentar-se no Congresso, no dia 29. Assim, parecerá sempre um despeitado com a rejeição do sistema. E o sistema não perdoa quem quer apanhar moscas com vinagre. 

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19 Maio, 2015

Lopetegui também tem direito à segunda oportunidade

As qualidades profissionais de Julen Lopetegui são inquestionáveis. É verdade, o FC Porto perdeu tudo esta época, mas em determinados períodos praticou bom futebol, muito acima da média, capaz de conseguir resultados vistosos na Liga dos Campeões.

O problema maior de Lopetegui não foi profissional, resumiu-se progressivamente a uma questão pessoal: estrangeiro, “aterrou” num país estranho e não cuidou de saber como eram os autóctones. Que valorizam mais um bom duelo interno com rivais de décadas, do que propriamente um brilharete europeu, mais tarde ou mais cedo consumido pelos tubarões do costume, tipo Bayern Munique (1-6).

Falhou estrondosamente a “estrutura” mais famosa do futebol português, a máquina portista, que não “adaptou” o treinador a tempo e foi assistindo passivamente à maneira descomplexada como ele rodava os jogadores, privilegiando permanentemente a participação na Liga dos Campeões.

Lopetegui foi campeão europeu de seleções jovens, é um “homem do Mundo” e não mostrou grande tolerância com os portuguesinhos que vão pensando pequenino e gastam o seu tempinho a contabilizar ligas internas. E quando a “estrutura” lhe acudiu fê-lo da pior forma: atacou na comunicação, transformou-o numa caixa de ressonância de costumeiros lugares comuns quase sempre com incidência na arbitragem. 

Para finalizar a imagem de treinador perdido só faltava a Lopetegui destruir um banco de suplentes e ajoelhar, desesperado com um golo falhado.

Como todos, o treinador do FC Porto merece uma segunda oportunidade: a de provar aos portugueses que é capaz de com eles conviver sem complexos, arrogâncias patetas e, acima de tudo, de pensar pela sua cabeça, sem ter de debitar mensagens codificadas pelos “terceiros” do costume. Porque pôr uma equipa a jogar bom futebol, a espaços, já ele mostrou ser capaz de fazer. Falta-lhe perceber o resto, desde logo que o FC Porto não é uma equipa do pote 1 da Liga dos Campeões.

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17 Maio, 2015

Sim, Bruno de Carvalho

Leonardo Jardim apurou o Sporting para fase de grupos da Liga dos Campeões, mas saiu para o Monaco – um desfecho antecipadamente desenhado, apesar desta ter sido a melhor classificação dos clube em cinco épocas. E Jardim saiu porque não aprendeu a dizer “sim, sr, presidente”.

Bruno de Carvalho quis que Jardim assumisse a candidatura ao título, mas o treinador não lhe fez a vontade. Bruno de Carvalho quis que Jardim assumisse que o Sporting tinha tanta qualidade no plantel, como Benfica e FC Porto, mas Jardim entendeu que não era bem assim. E foi-se embora.

Com Marco Silva, a história tem sido parecida. O presidente do Sporting quer que o treinador seja uma caixa de ressonância do seu discurso, mas este não está para aí virado, pensa pela sua própria cabeça.

Na verdade, o presidente do Sporting tem sido bem aconselhado na hora de escolher os treinadores, revela grande sentido estratégico. O pior vem a seguir. Bruno de Carvalho quer impor uma liderança tão incontestada que acaba por esmagar aquilo que de melhor têm os treinadores: a inteligência de pensarem pelas suas cabeças; a capacidade de bem avaliarem as condições disponíveis para alinharem objetivos realistas.

Se o Sporting ganhar a Taça de Portugal, uma boa medida de Bruno de Carvalho seria prolongar o contrato do treinador. Mas como a confusão de prioridades, entre objetivos profissionais e afirmações de personalidade, é tão grande, o mais certo é que a vitória no Jamor não chegue para o que quer que seja.

Uma coisa é certa: o próximo treinador do Sporting saberá dizer, acima de todas as vontades, “sim, Bruno de Carvalho”. E está ali tão perto.

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16 Maio, 2015

Ninguém aprendeu a lição no Benfica?

O Benfica perdeu “o campeonato do Kelvin” porque – defendem os especialistas – os festejos antecipados na Madeira, depois da vitória sobre o Marítimo, parasitaram todo o trabalho de “concentração competitiva” e mostraram desrespeito pelo Estoril, que viria a empatar na Luz, etc., etc. (e este etc. mete Jorge Jesus ajoelhado no Estádio do Dragão, etc.).

Dois anos depois, o  que se observa? Agentes encartados montam estruturas metálicas no Marquês de Pombal para a festa; os lugares no avião para o regresso a tempo da cortejo vitorioso pela capital estão reservados; já há planos de contingência para o trânsito em Lisboa; 500 polícias estão de prevenção, etc., etc., etc.

O Benfica já ganhou em Guimarães? Ninguém aprendeu a lição? É que até o diretor de comunicação, à semelhança do que aconteceu em 2013, dispara diariamente para norte as toneladas de foguetes já armazenados. 

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