“Belmonte”: a nostalgia rural
Para combater “Sol de inverno”, da SIC, “Belmonte” chega na segunda-feira à TVI. Não sei se foi “Bem-vindos a Beirais” que lançou a moda das tramas “provincianas” ou se estamos perante uma irreprimível nostalgia rural. Mas o que o telespetador precisa é de bons papéis para que bons intérpretes possam ter bons desempenhos, contrariando a facilidade expressa em “Beirais” e que expõe apenas o nosso claro atraso, em matéria de representação, em relação às telenovelas brasileiras.
Em Portugal, o inevitável advento do “beautiful people” e a necessidade que a televisão sempre terá de se associar ao belo, fabricou uma desgraçada geração de atores em que o palmo de cara e o corpo trabalhado substituíram a arte de dizer e de representar, e o talento – naturalmente com exceções, como Fernanda Serrano ou Helena Laureano, Pedro Lima ou Paulo Pires.
A estreia quase simultânea de duas novelas portuguesas, com mais intérpretes a sério do que de aviário, abre de novo a janela dessa esperança eterna que é vermos a personagem e não o ator, o canastrão que tem dentro.
Antena paranoica, crónica publicada na edição impressa do CM de 21 setembro 2013