A maneira mais triste de tratar Iker Casillas
Já aqui destaquei a extraordinária transformação que se deu na equipa do FC Porto desde que Sérgio Conceição assumiu o comando. Referi, também, a forte personalidade do treinador e a sua indiscutível capacidade de liderança. Mas isso não me leva a ficar calado perante a humilhação a que Sérgio, e a SAD portista por detrás dele, submetem Iker Casillas.
Não vale a pena perder mais tempo a falar sobre a qualidade do guarda-redes, que dele fez – para além de todos os títulos que ganhou no Real Madrid –campeão da Europa e campeão do Mundo. E não vale porque logo surgiriam os críticos a sublinhar as suas clássicas dificuldades em abandonar os postes, que terão levado, primeiro Mourinho e depois Ancelotti, a deixá-lo no banco.
O que vale a pena é recordar a visibilidade e o prestígio que a contratação de Casillas trouxe ao FC Porto, a segurança que devolveu à baliza portista – e que o início da época confirmava –, a relação com os companheiros e o compromisso com a equipa e com o clube. Tudo, afinal, o que devia fazer com que fosse estimado no Dragão, onde, em boa verdade, não lhe perdoam o facto de ter ativado a renovação do contrato, um contrato que é hoje considerado ruinoso para a SAD.
A comunicação social, a começar pela espanhola, ainda tentou encontrar uma justificação para a misteriosa “opção técnica” que retirou a titularidade a Iker, na esperança que Sérgio Conceição tivesse, enfim, uma posição semelhante à de Mourinho – joga outro porque os treinadores optam pelos que lhes dão melhores garantias.
Mas não. O técnico portista, irritado por ter sido colocada a possibilidade de a secundarização do espanhol se ter devido à pródiga utilização das redes sociais – Casillas é uma marca e tem de alimentá-la – veio a terreiro apresentar a mais aviltante razão para o afastamento de qualquer profissional: a falta de empenho nos treinos, uma afronta. Não seria mais nobre, e mais verdadeiro, dizer-lhe que o clube não pode pagar a um jogador tão caro e por isso que vá à sua vida? Se estava feliz no Porto, eis que o Porto se torna no pesadelo que Iker não merecia. Que feia coisa.
Dois temas para o último parágrafo. O primeiro para o adeus ao ténis, aos 37 anos, de Martina Hingis, após ter sido a desportista mais bem paga do Planeta na dobragem do milénio, ter estado 209 semanas como número 1 mundial e ter ganho 107 torneios como individual, e em pares e pares mistos, dos quais 18 do Grand Slam. Quando os sinos só dobram por Federer – que ontem alcançou o seu 95.º título, ah pois é! –, Nadal ou pelas manas Williams, é bom lembrar que há mais lendas no ténis. Quanto ao outro tema: Éder não tinha qualidade para jogar no Lille, entendeu Marcelo Bielsa. Ainda bem para o nosso homem do Euro, já que o clube do “exigente” treinador venceu um jogo em dez, marcou apenas 6-golos e é penúltimo na Ligue 1. Se lá tivesse ficado, a culpa seria do Éder…
Outra vez segunda-feira, Record, 30OUT17