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A noite das autárquicas trouxe-me algumas alegrias, bem precisava. Para começar, e como lido mal com a injustiça, gostei da vitória de António Costa, em Lisboa. Passou dois anos a pagar as dívidas ..." /> Alegrias eleitorais - Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

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Alegrias eleitorais

4 Outubro, 2013 541 visualizações

A noite das autárquicas trouxe-me algumas alegrias, bem precisava. Para começar, e como lido mal com a injustiça, gostei da vitória de António Costa, em Lisboa. Passou dois anos a pagar as dívidas que herdou e quatro a tentar devolver à cidade o estatuto europeu que se perdeu. Mas uma palavra é devida a Fernando Seara, que travou uma batalha inglória, desde cedo condenada ao insucesso, mesmo assim prosseguida com determinação e coragem.

Agradou-me também o triunfo sobre a meta de Basílio Horta, em Sintra, que constitui mais uma medalha na sua longa carreira política. Ajudou a crescer o CDS, foi um contundente adversário de Mário Soares nas presidenciais de 1991, serviu o País como ministro em quatro governos e, entre muitos outros cargos, teve recente e já saudosa passagem pela liderança da AICEP. O apoio de Soares à sua candidatura independente nas listas do PS, bem como o de Jorge Sampaio e o de Freitas do Amaral, mostram como tudo pode mudar se as pessoas tiverem dentro de si a capacidade de gerar essa mudança. O último (?) combate de Basílio Horta é igualmente uma lição de vida.

O motivo maior de satisfação, encontro-o, no entanto, na conquista de 11 câmaras por candidatos independentes, quase todos dissidentes dos partidos que lhes tiraram os tapetes debaixo dos pés, pondo em causa o seu emprego e o dos amigos – era o que faltava. Não foi o caso de Rui Moreira, que desenvolveu, no Porto, uma campanha extraordinária, sem apoio de máquinas poderosas e com o odiozinho daquela intelligentsia comentarista sempre preocupada em mostrar serviço e assegurar o futuro. Um lugar de deputado, de ajudante de ministro ou, quem sabe, uma posterior aventura autárquica precisa de muita escritura e muita faladura. Foi ainda contra esse polvo que o novo presidente da edilidade portuense se bateu e ganhou.

Aliás, PS e PSD ficaram com muito para meditar, apesar da indesmentível vitória de um e da compreensível derrota do outro. É que os socialistas podiam ter obtido melhores resultados e os sociais-democratas saído do dia negro bem menos chamuscados se as respetivas direções nacionais não tivessem cedido à pressão das concelhias que elegem os líderes e que colocaram vorazes manuéis dos aparelhos em desafios que exigiam gente de outro gabarito. É verdade que Seara, Meneses ou Moita Flores não tiveram êxito, mas esses não foram vencidos por menor dimensão, o que os perdeu foi o que os eleitores pensaram ser excesso de gula. Veremos agora se os independentes não engordarão, também eles, uma clientela ex-apparatchik à qual sobra em apetite o que por vezes falta em vontade de trabalhar. Hum, não sei, não…

Observador, crónica publicada na edição impressa da Sábado de 3 outubro 2013