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1. Nunca aprenderei a fazer nada pela Internet. Não por rejeitar o fenómeno ou as novas tecnologias, já que tenho conta no Twitter, no Facebook e no Instagram, e utilizo-as com a regularidade permi..." /> — ler mais..

1. Nunca aprenderei a fazer nada pela Internet. Não por rejeitar o fenómeno ou as novas tecnologias, já que tenho conta no Twitter, no Facebook e no Instagram, e utilizo-as com a regularidade permi..." /> Crónicas da Sábado: rendido à evidência – 6 - Quinta do Careca - Record

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Crónicas da Sábado: rendido à evidência – 6

14 Junho, 2013 869 visualizações

1. Nunca aprenderei a fazer nada pela Internet. Não por rejeitar o fenómeno ou as novas tecnologias, já que tenho conta no Twitter, no Facebook e no Instagram, e utilizo-as com a regularidade permitida pelo meu tempo disponível. Mas simplesmente porque me dou mal com máquinas, porque me irrito quando me dizem que elas têm sempre razão, porque sou rejeitado até quando finjo que as amo. E a net, não sendo uma máquina, tem muito da sua  frieza, da sua ilógica, da sua falta de alma. Nem com o fisco consigo manter, online, uma relação normal: esqueci-me da password, já pedi outra e nada de nada. Com o cartão de débito virtual a dificuldade é idêntica. Aparecem-me no extrato despesas que não fiz e a segurança que me é proposta pelo banco – ou pela menina do call center – torna a operação, de complexa, inexequível.

2. Escrevo esta crónica ainda cansado pelo confronto entre Nadal e Djokovic, em Roland Garros, quase cinco horas de grande ténis interpretado por dois jogadores de ferro, tanto do ponto de vista físico como psicológico. Mais do que o desporto, interessam-me os seus protagonistas, em especial os que, dispondo da rara qualidade da superação, nos permitem viver momentos inesquecíveis.

3. Cortes, cortes, cortes… Pois é, o Estado engordou de mais, ou melhor, nós é que empaturrámos o monstro com comida fiada e agora aparece-nos o merceeiro à porta e não lhe conseguimos pagar. O pior é o resto. Quando o problema se encontra na competência, os efeitos da crise atenuam-se, como ficou provado com a ação da Polícia Judiciária na última semana. De burlões de velhinhos a contrabandistas, passando por agricultores de haxixe houve um vendaval de detenções próprio de tempos não de austeridade mas de fartura. Mas se os resultados se prendem com quantidade, o caso já fia mais fino: num dia, sabemos de uma aluna violada nas imediações da sua escola, no dia seguinte morre um jovem à porta de outro estabelecimento, com os agentes de ensino a queixar-se, nesses casos como noutros, da escassez de policiamento. Não esperemos que a situação melhore. Pelo contrário, irá piorar com os milhares de despedimentos que se anunciam na função pública e que continuarão a atingir também as forças de segurança.

4. Numa estação de televisão de referência, uma jornalista-estrela, habitualmente segura, disse isto: “Faz hoje dois anos que o Governo ganhou as eleições”. Ora, não só os governos não disputam eleições – e os de coligação, então, têm pelo menos um partido que as perdeu – como o atual executivo só tomou posse a 21 de junho. A verdade é que Passos Coelho e os analistas de serviço começaram logo a fazer balanços. Coisas estranhas acontecem.

Observador, crónica publicada na edição impressa da Sábado de 12 junho 2013. Tema de Sociedade da semana: fazer “coisas” pela Internet