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1. Em relação a Piet-Hein, o meu sentimento é idêntico ao de muitos outros portugueses: pura inveja. Não quanto à carreira triunfante, à conta bancária por certo gorda ou às mulheres que amou, n..." /> — ler mais..

1. Em relação a Piet-Hein, o meu sentimento é idêntico ao de muitos outros portugueses: pura inveja. Não quanto à carreira triunfante, à conta bancária por certo gorda ou às mulheres que amou, n..." /> Crónicas da Sabado: rendido à evidência – 3 - Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

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Crónicas da Sabado: rendido à evidência – 3

28 Abril, 2013 904 visualizações

1. Em relação a Piet-Hein, o meu sentimento é idêntico ao de muitos outros portugueses: pura inveja. Não quanto à carreira triunfante, à conta bancária por certo gorda ou às mulheres que amou, nada disso. A minha inveja é diferente, resulta simplesmente do facto de não ter feito, por falta de lembrança, de gosto pelo risco ou de oportunidade, o caminho inverso ao seu, ou seja, emigrado  em devido tempo para a Holanda. Mas apesar do meu amor pelas tulipas, pelos moinhos e pelas vacas (credo!), a verdade é que nunca compreendi a riqueza de um pequeno país – e nosso credor – que tem quase 17 milhões de habitantes encafuados num território do tamanho do Alentejo, grande parte dele abaixo do nível do mar e sem recursos naturais. Como é que Piet Hein veio cá parar é que ainda hoje me custa a entender.

2. Vai ser construído um novo hotel, uma unidade de cinco estrelas, na Herdade da Comporta, um local maravilhoso que mistura os ares do campo com praias de areia branca e mar azul. Tal como Portugal surgia como uma terra magnífica até o Criador ter tomado a decisão, generosa mas errada, de cá meter os portugueses, também a Comporta padece de contra-senso semelhante: é tudo muito bonito, o diabo é quando legiões de mosquitos deixam os arrosais à procura de carne, humana e saborosa. Passei por isso e garanto que as consequências são terríveis.

3. Afinal, não são mais impostos, o Governo recusa-se a agravar a carga fiscal – repete aquela comunicação social que abana o rabo. Mentira. Os reformados, sempre eles, e os funcionários públicos, outra vez, vão ver abatido, no subsídio que receberão em novembro, o aumento do IRS resultante de nova atualização das tabelas. Isto para já, porque a novela do corte estrutural dos 4 mil milhões de euros prossegue. E lá serão os mesmos chamados a pagar mais essa conta.

4. A Primavera Árabe tem vindo a afastar os franceses da compra de casa nos países do Magrebe, sendo agora o Algarve uma das regiões que mais poderão beneficiar com o fenómeno. Só no concelho de Loulé, a que pertencem Vilamoura e Quarteira, há cerca de dez mil (!) imóveis para vender. A dificuldade está nos graves problemas nas áreas da saúde e da segurança com que o distrito mais a sul do País se debate, e que a crise que atravessamos só poderá agravar. É velho o ditado: dá Deus nozes a quem não tem dentes.

5. Mantém-se, no Benfica, o tabu sobre a continuidade ou a saída de Jorge Jesus no final da época. O drama, estando ligado à eventual conquista do título, conta com um ingrediente de luxo: a exigência do treinador em passar a ganhar, em vez de três, quatro milhões de euros anuais. Não fora isso e já haveria contrato assinado. Na Luz, possivelmente, e no Dragão com toda a certeza.

Observador, crónica publicada na edição impressa da Sábado de 24 abril 2013. Tema de Sociedade da semana: uma entrevista de vida com Piet-Hein Bakker