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Nos últimos anos, reforçou-se a ideia de que aumenta o fosso que separa os três grandes do nosso futebol dos seus concorrentes. E Manuel Machado, após ser despachado com “apenas” três secos no Drag..." /> — ler mais..

Nos últimos anos, reforçou-se a ideia de que aumenta o fosso que separa os três grandes do nosso futebol dos seus concorrentes. E Manuel Machado, após ser despachado com “apenas” três secos no Drag..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Os 60 milhões do Benfica não ganham os jogos

28 Agosto, 2017 0

Nos últimos anos, reforçou-se a ideia de que aumenta o fosso que separa os três grandes do nosso futebol dos seus concorrentes. E Manuel Machado, após ser despachado com “apenas” três secos no Dragão – e antes de ser despachado com mais três secos, agora em casa e pelo Tondela… – recorreu à teoria para justificar a derrota. Não que não seja um facto a enorme diferença de recursos financeiros entre os gigantes e os pequenotes, mas há que ter em conta que a proporção não é direta entre os investimentos efetuados e os rendimentos das respetivas equipas. Existe um pormenor importante que é o fator humano.

Desde logo porque os métodos de treino são hoje semelhantes e os “pobrezinhos” preparam-se com ferramentas técnicas idênticas às dos “ricos”. Depois, os jogadores que se sabem menos dotados utilizam os imponderáveis do futebol para, à custa de mais trabalho e de maior determinação, e naturalmente de alguma sorte – que não sopra sempre para o mesmo lado, como se sabe – conseguirem chegar, por vezes, ao nível dos predestinados.

Foi o que se passou no sábado, em Vila do Conde, onde a turma da casa, com uma dinâmica de jogo superior – e muitíssimo superior ao que se esperaria de um plantel de 6 milhões de euros – e com Tarantini e Pelé a construírem no meio campo uma parede de betão, fez a vida negra ao Benfica e aproveitou um azar de Lisandro para roubar os primeiros pontos aos encarnados – e perder os seus primeiros pontos, essa é que é essa.

Ao contrário do que poderia suceder pelo aumento do tal fosso, certo é que não se veem hoje no futebol português as cabazadas que o caracterizavam no passado, ou seja, a menor capacidade financeira dos emblemas mais modestos tem vindo a ser compensada com organização, trabalho, ambição e uma enorme dose de talento.

Terá de ser na área motivacional, em que já demonstrou mestria, que Rui Vitória deverá concentrar os seus esforços. Porque pese o valor do Rio Ave, e o mérito com que alcançou o empate, pareceu-me ter visto um Benfica uns furos abaixo do que pode e deve, um Benfica por momentos regressado ao tempo em que as camisolas ganhavam os jogos. E tanto tem Vitória combatido a sobranceria e a ilusão de que mais minuto menos minuto, mais penálti ou menos bola na trave, o triunfo é certo! Não é. E muito menos se ganharão desafios contemplando a grandeza dos 60 milhões de euros de investimento benfiquista em 2017/18, cantilena de machadês.

O parágrafo final é desta vez dedicado ao Real Madrid, que ontem – sem Sergio Ramos, castigado, e Varane, lesionado, o costume – começou a pagar pela partida de Pepe. Com Casemiro a central, a equipa “desconstruiu-se” e faltando Cristiano faltou o resto. É mais um exemplo de que os milhões não podem dispensar as cabecinhas pensadoras, muito difíceis de copiar.

Outra vez segunda-feira, Record, 28AGO17

Bruxos, crenças e o diabo

4 Julho, 2017 0

A saída de Octávio Machado do Sporting já é uma das excelentes notícias deste verão. Não por os leões terem perdido um fator de equilíbrio e conhecimento cuja falta se fará sentir nos dias difíceis que necessariamente chegarão. Mas porque Octávio poderá assim prosseguir o seu trabalho no comentário audiovisual – e na CMTV, espero – em que é um dos melhores. E é-o por dois motivos claros: saber do que fala e não ter medo de ser inconveniente para os poderes instalados.

Aliás, ele não poderia ter regressado a estúdio de maneira mais feliz do que sucedeu há dias, desmistificando esta acéfala história da bruxaria ligada ao futebol – ui, onde isso nos levaria!… – quando, a propósito do golo falhado por Bryan Ruiz, num desafio contra o Benfica, brincou: “Se calhar, foi o Nhaga que desviou a bola…” Na mouche.

Não entendo, de facto, como pelo meio do agitar destas supostas tramoias, descobertas através do roubo de mensagens privadas – que quem de direito investigará, por certo, a par do peso eventualmente doloso dos seus conteúdos – se mistura o simples ridículo com o crime. Que interessa aos adeptos, aos dirigentes, aos técnicos, aos jogadores ou aos australopitecos se um determinado clube contrata um bruxo, um feiticeiro ou apenas um louco varrido para fazer umas mezinhas apontadas ao sucesso da sua equipa? E acontecendo, isso é ilícito porquê?

Nestas coisas do Além, seja de fé ou de crenças avulsas para gostos variados, cada qual acredita no que quer. Ainda agora, regressámos da Taça das Confederações sem derrotas, com três vitórias e dois empates, o que não desviará Fernando Santos do hábito de se persignar e beijar a imagem que traz no bolso, antes do início de cada partida – na boa linha de Scolari e da sua célebre devoção pela Senhora de Caravaggio. E se nos lembrarmos que ontem, aos 90 minutos, a Seleção perdia, após ter falhado mais um penálti e sofrido um autogolo – em duas intervenções do próprio anjo das trevas – pergunta-se: quem terá guiado a perna direita de Pepe para chegar àquela bola e quem terá traçado a trajetória perfeita que a levou a afastar-se de Ochoa?

No seguimento da conversa, dou comigo a interrogar-me que poder oculto protegerá Eliseu, que perde a titularidade no Benfica e retorna porque Grimaldo gripa muito o motor, e que fica sem lugar na Seleção e logo o recupera por lesão de Raphael Guerreiro. E que bem jogou Eliseu na Rússia!

Do mesmo modo me questiono sobre a força satânica que perseguirá o excelente Miguel Layún, que depois de estranhamente encostado às boxes no Dragão se despediu da Taça das Confederações com participação direta nos dois golos que derrotaram a sua seleção. Eu juro que não acredito, mas lá que eles andam aí, andam.

Outra vez segunda-feira, Record, 3JUL17

Pepe cometeu suicídio

15 Junho, 2017 0

Uma das coisas que me desgosta na próxima época do Real Madrid é que Pepe já não estará lá. Deixou o clube ao fim de uma década gloriosa em que conquistou tudo – até o coração dos adeptos. E se foi difícil alcançar esse estatuto de privilégio tão raro em Chamartín! Os meses iniciais foram atribulados e prolongaram-se, com o jogador preocupado em confirmar a sua fama de duro e a assumir atitudes antidesportivas que lançaram a desconfiança nas bancadas e fizeram dele um mal-amado.

Mas Pepe não tardou em amadurecer e logo compreendeu o grau de exigência – muito para além da dimensão futebolística – a que se encontrava sujeito. E passou a recorrer apenas à velocidade, ao posicionamento, à capacidade técnica, à concentração e a uma entrega total, solidária e cativante, para se afirmar em campo e fora dele. Quando um companheiro marcava um golo, o primeiro a aparecer para o saudar era quase sempre Pepe. Defendia o emblema enquanto outros se calavam e até se colocou contra José Mourinho para defender Casillas. Chegou a terceiro capitão do Real, apenas atrás de Sergio Ramos e Marcelo, mais antigos no uso da camisa “blanca”.

Em tempo de renovação de contrato, o Real não se portou bem com ele. Aos 34 anos, queria assinar por duas temporadas, como merecia, e Florentino ofereceu-lhe uma. Pepe não aceitou e fez mal, pois continuando o seu rendimento ao nível a que obriga o futebol dos madridistas, não lhe seria difícil, dentro de um ano, voltar a renovar – caso a morosidade em recuperar das lesões não se agravasse.

Por isso se compreende a recusa da entidade patronal em alargar o compromisso por mais duas épocas. Porque se a qualidade do jogo de Pepe se mantém, os problemas físicos atormentam-no hoje mais, como o afastamento da partida com a Letónia acabou de confirmar. Depois de ser campeão europeu com a Seleção, e tendo rubricado um campeonato de sonho, esperava-se mais um ano de alto rendimento, o que não aconteceu: atuou somente em 18 partidas no RM e passou dias sem fim longe dos treinos e a tratar de “moléstias”.

Consumado o divórcio, o que custa ainda mais a entender é o suicídio do central como referência do Real. Ao dar entrevistas a criticar o presidente e o treinador, Pepe desistiu de ser outro Fernando Hierro, perdeu a face com que um dia regressaria como ídolo da “afición”. A mesma que o ovacionou de pé, há dois meses, ao sair lesionado após ter marcado um grande golo ao Atlético – na verdade, a sua despedida antecipada do Bernabéu. Quem terá aconselhado Pepe a destruir a imagem de marca, aquela em que beijava, com paixão, o escudo do Real Madrid? O que leva um homem a renunciar à própria lenda?

Outra vez segunda-feira, Record, 12JUN17

Sporting acabou com um bom jogo e o FC Porto com um jogo horrível

23 Maio, 2017 0

Terminado o campeonato, restam as evidências: o Benfica deixou o FC Porto a 6 pontos e o Sporting a 12, teve o melhor ataque e a melhor defesa, foi um justo campeão; o V. Guimarães acabou a liga em alta, ao contrário do Sp. Braga, que chegou ao fim a 8 pontos do quarto lugar; o Marítimo regressa às competições europeias, mas o Rio Ave ficou só a 1 ponto e o sensacional Feirense a 2; o Boavista despediu-se na primeira metade da tabela, um êxito; o Belenenses, com uma vitória – em Alvalade! – nos últimos 10 jogos, escapou porque a competição se finou, mais houvesse e seria o desastre total; Petit safou desta vez o Moreirense, repetindo o que havia feito com o Tondela, o mesmo que pela segunda época consecutiva obtém a Salvação das Últimas Jornadas; e o Arouca, depois de ver partir Lito Vidigal, passou, num registo modesto, a viver dos rendimentos insuficientes dos tempos de fartura.

Dando oportunidades a jogadores menos vezes titulares, FC Porto e Sporting surpreenderam na derradeira ronda. Os leões porque fizeram um bom jogo e deram um sinal claro de que Jorge Jesus continua a segurar o leme, ou seja, que se pode contar com ele para o futuro. Precisamente o oposto do que acontece com os portistas, que rubricaram em Moreira de Cónegos mais uma exibição horrível, que nos legou outro sinal, mais claro ainda: que Nuno Espírito Santo perdeu o controlo da situação e que o FC Porto vai ter de encontrar treinador. É o que manda a lei.

Canto direto, Record, 22MAI17

A diferença entre apoiar ou insultar os jogadores

9 Maio, 2017 0

Não vale a pena sobrevalorizar a capacidade do treinador, a excelência da gestão ou o entusiasmo dos adeptos, tudo fatores importantes e que podem existir ou não: quem vai para o campo e ganha ou perde os desafios são os jogadores.

Após a provocação de alguns anormais a Camará e à mulher – que aos insultos responderam com insultos, ninguém é de ferro –, no final da última derrota do Belenenses no Restelo, cerca de 70 associados dos azuis abordaram civilizadamente os futebolistas antes de um treino, reclamaram o que tinham a reclamar e ouviram o que tinham a ouvir – até Camará se explicou.

Não concordo com esta moda de invadir o espaço destinado aos profissionais de futebol, mas aprovo intervenções que se baseiem no diálogo e em que o respeito mútuo seja mantido. E como se poderia não aprovar aquela que referi, depois de se saber que a sua consequência foi uma vitória histórica sobre um rival que há 62 anos não vencíamos no seu terreno! Viu-se assim a diferença entre insultar os jogadores ou fazer-lhes sentir o que esperamos deles, puxar-lhes pelo brio e motivá-los.

Espero agora mais dois presentes azuis: que a proeza de Alvalade constitua um merecido recomeço na carreira de Domingos e que seja mesmo possível ficarmos livres do homem que o contratou, que começou por liquidar contas e se tornou depois no maior semeador de ódios da história do Belenenses.

Canto direto, Record, 8MAI17

Em defesa de Abel Camará

3 Maio, 2017 0

Agora não vou a tempo, já paguei as quotas do ano todo. Mas para janeiro fica prometido: se o “divórcio” entre a direção do Belenenses e a SAD se mantiver, esqueço-me que sou sócio há 60 anos e “desarrisco-me”. Porque é essa situação de animosidade recíproca, essa aberração nascida de incompetências acumuladas ao longo de décadas que criou o ambiente inquinado que permite a meia-dúzia de energúmenos insultarem, e tentarem até agredir o capitão da equipa, Abel Camará, e a sua mulher (!) – uma ação miserável, bem ao nível dos fanáticos de outros emblemas que já andam por aí a matar-se.
Falamos de cobardes que se transformam em valentões quando atuam em bando. Gostaria de ver qualquer deles, sozinho e de mãos nuas, a ameaçar Camará…
E que fez de mal o jogador? Falhou um passe, provocou um penálti? Sim, mas foi o coletivo, a equipa mal dirigida que perdeu o jogo, não Camará, que é quem mais corre, mais luta, mais trabalha e mais sente a camisola – é um exemplo. Tivesse o Belenenses 11 como ele… Sim, sinto um imenso orgulho em ser adepto de um clube que tem como capitão da sua equipa um homem e um profissional com a qualidade de Abel Camará.
Opinião azul, Record, 3MAI17
Entretanto, um amigo e consócio fez-me chegar hoje o texto que passo a reproduzir.
“Li agora a sua coluna no Record “em defesa de Camará” e não queria deixar de dizer-lhe duas ou três coisas. Antes de mais, várias pessoas em quem confio e que assistiram ao episódio garantem-me que não houve qualquer tentativa de agressão ao jogador. Aliás, há um vídeo a circular que mostra o Camará fora do carro a discutir com pessoas e a mulher dele estava dentro do carro. Esse mesmo vídeo mostra o Camará a ser metido pela polícia dentro do carro e forçado a ir embora. (aliás, saindo ele de dentro do estádio, onde está protegido, seria impossível alguém agredi-lo – ele nunca deveria ter saído do carro para enfrentar a multidão).
O que há, de facto, é uma guerra antiga entre o Camará e um grupo de sócios, que o próprio Camará relatou no comunicado que publicou no FB. Após um jogo há uns anos (uma derrota fora) um grupo de adeptos contestou no Restelo, à chegada, os jogadores. O Camará foi até lá, empurrou uns quantos para defender um companheiro. Na semana seguinte, o mesmo grupo voltou lá e o Camará tinha “guarda-de-honra” de vários amigos. E os amigos mostraram facas e pistolas aos adeptos.
Alguns comentam isto no FB do Camará, revelando que fugiram, naturalmente. Desde então, esses adeptos querem o Camará fora do clube. E protestam contra ele. Também me garantem que os protestos no fim do jogo começaram quando a mulher do RPS se virou da tribuna para os sócios e disse adeus, rindo-se. Que se prolongou para a saída dos carros para visar o RPS. É imbecil o insulto racista, nisso não há como estar em desacordo, mas não me parece ser de todo o que está em causa. A verdade é que a SAD tem manipulado informação e passado informações que são falsas (como a do roubo das cadeiras, que, afinal, estavam guardadas num depósito do clube e eles tinham conhecimento).
Enfim, serve isto como um desabafo de belenense que sofre ao ver as “verdades” serem mal passadas a quem opina”.
Agradeço a explicação que me é dada e reconheço que não só ignorava os factos descritos acima, como pelo visionamento do vídeo igualmente citado me parece que a “tentativa de agressão” se resumiu a provocações e insultos, a que o futebolista e a mulher responderam, tendo a PSP evitado que daí se passasse para a violência física.
Mas isso não muda a minha opinião quanto à entrega de Camará ao seu trabalho e à certeza que tenho de que quem dá tudo dentro do campo, independentemente do seu valor futebolístico – que está, aliás, em linha com o de muitos outros, de pele branca, que por lá temos – o que não merece é ser assobiado. E o que não merece, nem deve é ser insultado e ameaçado quando abandona o seu local de trabalho, para mais com a mulher ao lado. Isso é próprio de baderneiros, de cobardes que só se armam em corajosos quando se encontram em matilha. É contra essa gente que me manifesto.
Quanto aos problemas criados pela má relação entre o Belenenses clube e o Belenenses SAD, espero que a promessa do presidente, de recuperar o controlo da sociedade desportiva, se cumpra antes que a massa associativa fique ainda mais reduzida, nela permanecendo apenas os que ainda têm paciência para suportar estas vergonhas. Lembro, no entanto, que perdemos a SAD porque durante demasiados anos entregámos o clube a gestores amadores que o arruinaram. Temo, mesmo, que isso volte a suceder e que a porta se feche de vez.

Bruno, 3 – Madeira, 2

25 Fevereiro, 2017 0

Um está no poder, o outro é candidato, um tem os dossiers, o outro tem a vontade, um mostra mapas, o outro repete intenções. Na luta desigual de ontem, na Sporting TV, cujo prolongamento foi estéril porque a repetição dos argumentos os tornou mais frágeis, Bruno de Carvalho ganhou aos pontos. Vejamos por partes, com avaliações de 1 a 5.

Postura corporal. Madeira Rodrigues levantou mais a cabeça, enquanto o opositor a baixou demasiado, sem conseguir disfarçar o tédio por ter de ouvir opiniões que não lhe interessam. Madeira venceu: 4-3

Imagem televisiva. Bruno tem a imagem feita e foi igual a si próprio. Madeira aparou a barba no pescoço, mas acabou com espuma na boca, um “gap” terrível – falta de prática. E perdeu: 4-1 para Bruno

Gesticulação. Mais clara e simétrica, e logo mais forte e convincente, a de Bruno. Madeira “falou” a uma só mão, por vezes sem largar a caneta, outra falha própria de um principiante em comunicação. Bruno por cima: 4-2

Expressão facial. Estiveram mal os dois candidatos. Bruno preocupado em não perder o verniz, o que poderia tirar-lhe votos mas que o privou da agressividade que faz parte do seu ADN, e Madeira reagindo com apartes, sem sinais de “incómodo” ou “revolta” no rosto. Empataram: 2-2

Dicção e tom de voz. Área de domínio natural de Bruno, com a voz colocada que qualquer estação de rádio não desdenharia. Fez algumas inflexões, indispensáveis à persuasão do telespectador. Mas Madeira, embora mais monocórdico, também não esteve mal. Bruno à tangente: 5-4

Contacto visual com o telespectador. Negligenciaram ambos este importante aspeto e só na declaração final Madeira procurou a câmara. E ganhou: 3-2

Argumentação. Houve bons momentos de parte a parte, mas a imagem global com que ficámos, e que é a que conta, foi de Bruno a ir buscar pastas debaixo da mesa e a mostrar gráficos – se certos ou errados é outra conversa – e de Madeira a enunciar projetos e a fazer apontamentos numa folha de papel. Bruno novamente: 4-1

Apurada a média, vitória de Bruno de Carvalho sobre Madeira Rodrigues por 3 a 2. Esperava-se mais do atual presidente e menos do candidato? Pois, mas aconteceu o contrário.

Análise ao debate da Sporting TV, Record, 24FEV17

Perguntem ao Coroado

10 Janeiro, 2017 0

Sporting e FC Porto, cada vez mais afastados do líder Benfica – são já 8 e 6 pontos, respetivamente –, assestaram em definitivo as baterias nos erros de arbitragem, tão velhos quanto o próprio futebol. E é justo reconhecer-lhes o direito à revolta, pelo muito que têm sido prejudicados por árbitros canhestros, destacados para dirigir desafios para os quais não dispõem de capacidade técnica, autoridade ou sequer bom senso. Trata-se de uma situação que resulta de anos de escolha dos piores caminhos para a preparação e seleção dos juízes de campo, embora assistindo, por exemplo, a jogos da liga espanhola, se vejam arbitragens ainda piores do que aquelas que temos em Portugal.

O que não vemos é badernas no final das partidas, como sucede por cá. Nisso, a primeira responsabilidade cabe aos árbitros, como se viu no Bonfim, quando Rui Oliveira apontou para a marca de penálti: Jeferson protestou aos berros, encostando a cara e o peito ao árbitro, sem que visse o devido cartão vermelho. Foi, aliás, tão bem sucedido que Coates imitou a graça, ficando também impune.

E tudo isto acontece porque os jogadores sentem cobertura para o seu comportamento, como se confirmou a seguir, com o treinador e o presidente a ajudarem ao triste fim de festa. Houvesse coragem e vergonha em quem manda e nada disto se repetiria, por muita razão que assista ao Sporting.

Quanto aos dirigentes do apito, à nora no bananal, dou-lhes um conselho: se não sabem resolver o problema, perguntem ao Coroado.

Canto direto, Record, 9JAN17

Jesus em busca da defesa perdida

4 Outubro, 2016 0

Marco Ferreira confirmou, aqui no Record, o que todos vimos menos o árbitro: Soares a enganar Schelotto antes de cabecear para o 3-3, em Guimarães. E escrevo enganar, e não empurrar, desde logo por se ter tratado de um daqueles empurrões que os jogadores dão uns aos outros, dentro da área, para ganharem posição. E depois porque em vez de se tentar reposicionar – a bola ainda vinha longe… – o defesa argentino se preocupou, sim, mas com Marega, puxando-lhe a camisola, como a excelente foto de abertura da nossa edição de ontem documenta com clareza.

Deixemos então o árbitro, que errou para os dois lados – também perdoou um penálti aos leões, por derrube de Rúben Semedo a Marega, sempre ele – para pormos o acento nos 10 golos que o Sporting sofreu frente a Real Madrid (2), Rio  Ave (3), Estoril (2) e V. Guimarães (3), sete dos quais dentro dos últimos 15 ou 20 minutos e cinco sobre o cair do pano.

Não vale a pena, igualmente, sublinhar as ausências de Adrien por altura da maioria desses golos e a fragilidade do meio-campo leonino quando isso acontece. Sem ele, e já sem João Mário, o que fará Jorge Jesus quando William tiver que parar? É que gente à mesma altura não tem. Mas antes, o treinador terá de repor na sua defesa – depois de tanto lhe ter custado acertar na dupla de centrais – a segurança perdida com esta estranha rotação de laterais. Marvin é vulgar e Schelotto, sendo melhor, ontem não se deixou embrulhar apenas no golo do empate. Todos recordamos aquela perna esticada em vão, que libertou o corredor a Hernâni, na jogada que terminaria no primeiro dos vimaranenses… Meu rico João Pereira.

Canto direto, Record, 3OUT16

Sou o que vem das Salésias

23 Junho, 2016 0

Tremo antes de começar a perorar, estou como a Seleção, com a confiança abalada. Um remate de fora da área, que passa pelo buraco da agulha e entra na baliza, e depois mais dois golos quase iguais – de um jogador que só tem um pé – e ambos na sequência de ressaltos, são azares em excesso. Já eu não me queixo de falta de sorte, mas apenas de um remoque do “Guardiola” dos comentadores intestinos, que me acusou no Facebook de escrever sobre futebol como se vivesse nos tempos das Salésias. Logo eu, que tanto procuro atualizar-me com as lições do narcísico “Guardiola” da faladura.

Os interiores. Infelizmente, não vi a Seleção atuar nas Salésias, já sou do tempo do Estádio Nacional, calcule-se, e do que me lembro jogávamos sempre com dois médios, que apoiavam os três defesas, sendo o ataque desenvolvido ou pelos extremos, encostados às linhas, ou pelos então chamados “interiores”, os números 8 e 10 – as camisolas iam de 1 a 11 e não havia pão para malucos. O que havia, sim, era um sentido vertical do jogo, como em Lyon exemplificaram Ricardo Quaresma e Renato Sanches – quando entraram para melhorar 100 por cento o rendimento da equipa –, e João Mário, quando o deixaram jogar pelo interior, onde rende bem mais do que na ala.

 A diferença. Espero, eu e milhões de portugueses, que embora Fernando Santos se não recorde dos tempos das Salésias – o campo foi abandonado em 1956, ia o nosso selecionador completar 2 anos – não volte atrás na escolha da equipa, depois de se ter visto ontem a diferença entre jogar para o lado e para trás ou levantar a cabeça – expressão de que os treinadores e os jogadores portugueses tanto gostam, desde os tempos das Salésias –, progredir no terreno e procurar a área adversária.

Só dois dias. O problema é que a coisa baralhou-se. Se, por um lado, temos de volta o génio de Cristiano e o melhor Nani, por outro, André Gomes perdeu a forma, William Carvalho afundou-se e a defesa começou também a meter água. Vai ser um 31 para mestre Santos decidir com que equipa iremos derrotar a difícil Croácia, no sábado – só com dois dias para recuperar forças, ai, ai… Eu poderia ir lá ajudá-lo se o “Guardiola” doméstico não me tivesse posto o moral em baixo, levando o meu frágil ego a crer que vejo mesmo o futebol como nos tempos das Salésias, em vez de ser um novo-rico da verborreia, pretensioso e deslumbrado – um pobre tipo vazio de talento e peito cheio de vento e de prosápia.

Contracrónica, Record, 23JUN16