As qualidades profissionais de Julen Lopetegui são inquestionáveis. É verdade, o FC Porto perdeu tudo esta época, mas em determinados períodos praticou bom futebol, muito acima da média, capaz de conseguir resultados vistosos na Liga dos Campeões.
O problema maior de Lopetegui não foi profissional, resumiu-se progressivamente a uma questão pessoal: estrangeiro, “aterrou” num país estranho e não cuidou de saber como eram os autóctones. Que valorizam mais um bom duelo interno com rivais de décadas, do que propriamente um brilharete europeu, mais tarde ou mais cedo consumido pelos tubarões do costume, tipo Bayern Munique (1-6).
Falhou estrondosamente a “estrutura” mais famosa do futebol português, a máquina portista, que não “adaptou” o treinador a tempo e foi assistindo passivamente à maneira descomplexada como ele rodava os jogadores, privilegiando permanentemente a participação na Liga dos Campeões.
Lopetegui foi campeão europeu de seleções jovens, é um “homem do Mundo” e não mostrou grande tolerância com os portuguesinhos que vão pensando pequenino e gastam o seu tempinho a contabilizar ligas internas. E quando a “estrutura” lhe acudiu fê-lo da pior forma: atacou na comunicação, transformou-o numa caixa de ressonância de costumeiros lugares comuns quase sempre com incidência na arbitragem.
Para finalizar a imagem de treinador perdido só faltava a Lopetegui destruir um banco de suplentes e ajoelhar, desesperado com um golo falhado.
Como todos, o treinador do FC Porto merece uma segunda oportunidade: a de provar aos portugueses que é capaz de com eles conviver sem complexos, arrogâncias patetas e, acima de tudo, de pensar pela sua cabeça, sem ter de debitar mensagens codificadas pelos “terceiros” do costume. Porque pôr uma equipa a jogar bom futebol, a espaços, já ele mostrou ser capaz de fazer. Falta-lhe perceber o resto, desde logo que o FC Porto não é uma equipa do pote 1 da Liga dos Campeões.