Muito mau, Zidane
Quando ontem, após o intervalo no Restelo, vi a coragem de Julio Velásquez ao tirar Tonel – cujo autogolo, após a polémica “mão” de Alvalade, em novembro, pode ter injustamente acabado com a sua carreira no Belenenses – para meter Miguel Rosa, lembrei-me de Zidane e do Real Madrid.
Se os jogadores azuis atuam com o ritmo, e o nível de empenhamento e sacrifício, que lhes vimos na segunda metade da partida com o FC Porto, não o fazem só por serem bons profissionais mas também por acreditarem no treinador espanhol – e se sentirem motivados pelas suas ideias e pelos seus métodos de trabalho.
Enfrentar um adversário como o FC Porto com os dois centrais de segunda escolha e optar, ainda assim, por revolucionar a equipa – que perdia por 2-0 – e ficar somente com um, adaptando um médio, não é um ato temerário mas um risco assumido, uma demonstração de poder de decisão e de capacidade para mudar o rumo dos acontecimentos. E o Belenenses mudou para (muito) melhor, não tendo chegado ao empate apenas porque do outro lado estava o FC Porto e estava Casillas.
Voltando a Zidane, e sabendo que tem com ele os jogadores, o que dói é a sua forma ultraconservadora de ler o jogo quando o Real Madrid não dá uma para caixa e se exige ao técnico o golpe de asa de que não parece capaz, pois limita-se à gestão corrente e a aguardar que as estrelas resolvam. Como elas estão de rastos, e enquanto Bale perde a época, Cristiano começou a partir a loiça e Zizou espera que o tirem do filme sem demasiada dor. Mas o culpado por mais este erro de casting depressa o trucidará.
Canto direto, Record, 29FEV16