A ideia errada de Bruno de Carvalho
Quando os objetivos dependem do trabalho de equipa, é bom e é útil – diria que é mesmo indispensável – que quem comanda se assuma também através de mensagens “para fora” que transmitam aos “de dentro” os sinais de determinação e de liderança sem as quais o grupo não se motiva, não ganha confiança e poucas possibilidades terá de êxito.
Bruno de Carvalho desempenha essa tarefa no Sporting, mas exagera na intensidade e entra quase sempre “a matar”, recolhendo por vezes os efeitos opostos ao que pretende. Foi o que sucedeu no sábado em Alvalade, ao minuto 29, ao protestar para além do que devia e somar assim à expulsão de Rui Patrício a sua, agravando com isso a já difícil situação em que se encontravam os leões. Bem o compreendeu Jesus, que tentou evitar o inevitável, perante a aparente tranquilidade de Octávio Machado – um e outro sabendo muito bem quando devem “dar-se ao espetáculo” e quando, ao contrário, o tempo aconselha contenção, evitando que o drama suba ao patamar da tragédia.
Não duvido que se o Sporting é hoje talvez o maior candidato ao título é porque tem este presidente e este presidente contratou este treinador. Têm sido igualmente as arengas de Jorge Jesus – a par do trabalho técnico, claro – a puxar pelos jogadores e a fazer com que acreditem nas suas capacidades e ganhem os jogos. Mas pode ter-se chegado a uma altura em que o excesso de palavreado e a repetição de manifestações de autoconfiança passem a ideia, errada, de que a glória é garantida. Não é, como se vê pelos pontos, que eram quatro e já são só dois.
Canto direto, Record, 18JAN16