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Se os árbitros que não resistem às pressões e não fazem orelhas moucas aos insultos devem dedicar-se a outra profissão, o certo é que quando se passa dos impropérios e das ameaças inconsequentes à ..." /> A violência, a impunidade e os maus exemplos - Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

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A violência, a impunidade e os maus exemplos

5 Dezembro, 2017 1219 visualizações

Se os árbitros que não resistem às pressões e não fazem orelhas moucas aos insultos devem dedicar-se a outra profissão, o certo é que quando se passa dos impropérios e das ameaças inconsequentes à violência física o caso deve mudar de figura: há que ter mão pesada com os agressores.

Chocamos aí de frente com outro problema: a justiça comum tornou-se frágil perante os criminosos. Se um dos manos valentões que pontapeou com sanha assassina um jovem prostrado – ato de que existe prova em vídeo – já soma dez (!) condenações por agressão e continua à solta, que juiz meterá na cadeia um simples adepto que saltou para o terreno de jogo – e que o justificará com a camada de nervos em que estava, pobre dele – e empurrou um jogador, como aconteceu na sexta-feira, no Dragão? Aliás, o manda-chuva da claque portista aprovou publicamente a tareia dada por selvagens a uma equipa de arbitragem, na Argentina, publicando e comentando a foto em que se via uma das vítimas após a sova: “Este de certeza não rouba mais”. Uma frase bonita para emoldurar na parede da sala de todos os energúmenos do país.

E porque os anormais se entusiasmam uns com os outros, ontem, um espectador do Beira Mar-U. Lamas agrediu igualmente os árbitros, e no final do Académica-Famalicão houve desacatos e invasão de campo, com os arruaceiros animados pelo sentimento de impunidade que por aí vai.

Parece-me, por seu lado, difícil que colham as teorias incendiárias, seja a das cartilhas, a dos e-mails, a do controlo da arbitragem ou a do manual para malucos. No FC Porto – e é apenas um exemplo – onde antes havia hierarquia, profissionalismo e uma só voz, o que vemos hoje? Os jogadores a impedirem o treinador de mais excessos e o treinador a tentar evitar que o diretor-geral (!) perca também a cabeça. Mesmo que os portistas tenham razões de queixa, e vão tendo, é essa “cabeça perdida” dos protagonistas que gera a violência dos sem cabeça. É preciso parar para pensar: a gente do futebol porque com a outra não se conta.

Último parágrafo para duas pérolas. Uma é Gonçalo Guedes, cuja ausência faz com que o Valência se veja privado de boa parte do seu caudal ofensivo. Podia estar a dois pontos do Barça e não aproveitou – ficou agora a cinco e Guedes só voltará em janeiro. A segunda pérola é Renato Sanches, que passou de promessa a realidade e de realidade a estrela. Teve a imprudência, aos 18 anos, talvez por falta de bons conselhos, de ir do Benfica para o Bayern e para um país do qual desconhecia a língua e a cultura, e onde não tinha amigos. Cometeu, ou alguém por ele, novo erro, ao ir de Munique para o País de Gales e para um clube nada adequado à sua redenção futebolística – é último na Premier. Só por ter ainda 20 anos e muito talento não estará perdido, mas necessita, com urgência, de quem o ajude a relançar a carreira. Antes que seja tarde.

Outra vez segunda-feira, Record, 4DEZ17