Moniz Pereira, o cultor da família
A tristeza pela morte de Mário Moniz Pereira atravessou a sociedade portuguesa e até aqueles que não eram admiradores do professor – que dizia o que pensava sem se preocupar em agradar – se juntaram aos coros de elogios pela obra que nos legou.
De modo geral, todos os canais cumpriram bem a tarefa de salientar o estatuto do desportista que desaparecia e a sua decisiva importância nas grandes proezas do nosso atletismo – de campeões europeus, mundiais e olímpicos, a recordes do Mundo e êxitos sem conta no corta-mato, tudo se conseguiu pela fé, competência e determinação de Moniz Pereira.
Mas quero salientar o programa que a RTP retransmitiu na noite de segunda-feira porque permitiu sublinhar também a estatura do homem que, através dos filhos e netos, permanece. É que Moniz Pereira tinha, além do desporto e da música, um terceiro e relevante culto: o da família – que chegava a juntar em “congressos” de mais de oito dezenas de pessoas. E de tudo tirava notas, arquivava registos, guardava memórias – e como era prodigiosa a sua!
Num período da existência humana em que se rasgam princípios e perdem valores, torna-se ainda maior a dimensão do vulto que partiu, deixando que sobre para nunca ser esquecido.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 6AGO16