O Hino, Benzema e Rui Vitória, o resistente
Na edição de sábado, o provedor dos sócios do Belenenses, “roubou-me” o tema para esta crónica: a ideia, totalmente absurda, da SAD dos azuis, de querer tocar o Hino Nacional antes dos jogos no Restelo. E o brilho do texto de Rodrigo Saraiva faz com que nada do que eu pudesse aqui escrever acrescentasse algo de útil às razões que expôs.
Pensei refletir então sobre o afastamento de Benzema do Europeu, uma decisão da federação francesa, “ratificada” num inquérito à opinião pública: quatro em cada cinco inquiridos aprovam que o avançado não vá à seleção. Mas também não me vou alongar, já que a inevitável comparação seria com o futebol português, e sabemos bem que se tudo se passasse entre nós não haveria coragem para punir um jogador ainda sob o manto da presunção de inocência, uma vez que o seu caso – relacionado com uma alegada chantagem ao colega Valbuena – aguarda julgamento. Acontece que existem escutas, que por cá são quase sempre ilegais mas que em França contam.
Com tanta conversa fico sem espaço para o tema escolhido: o da inacreditável resistência do treinador Rui Vitória. Esse mesmo que se acusava de ter discurso redundante e aura de perdedor. Esse mesmo a quem tocou o azar de substituir um técnico carismático e campeão, com a sina suplementar da obrigação em apostar em jogadores saídos das fornadas da casa. Esse mesmo que quase todos achávamos que não iria conseguir, que estava perdido. Esse mesmo que depois de Talisca ter feito, há dias, o empate na Luz, aguentou com fair-play, e abanando como se a Terra tremesse, festas sem fim na cabeça e mil palmadas nas costas. Resistiu a tudo e tudo merece, a começar pelo respeito.
Canto direto, Record, 18ABR16