A depressão nacional viajará com a Seleção?
O orgulho pela Bandeira
e a vibração com o Hino
parecem hoje
demasiado distantes
Sou dos céticos que não aposta 1 euro numa grande campanha da Seleção no próximo Mundial. E como precisávamos! Nós, a comunicação social, o futebol português e, desta feita, muito particularmente este pobre país amargurado.
Calma, não comece já o leitor a pensar que estou contra Carlos Queiroz ou contra os seus 24 escolhidos. Nada disso. Defendi o selecionador desde o início, não vejo sequer que pudesse nesta fase ser outro, e os seus convocados serão seguramente melhores do que aqueles que eu ou o leitor escolheríamos, pelo simples facto de que ele é que percebe da poda ou, como diria o meu avô, “ele é que é barbeiro”.
A minha reduzida expetativa está assente noutros alicerces. Desde logo, na condição física da maioria dos nossos jogadores, que me parece deplorável, embora as outras equipas possam padecer de idêntico mal. Depois, porque vejo ali rapaziada muito jetsetizada, muito rica, com alguma coisa ainda a ganhar mas já com pouco ou mesmo nada a perder.
No que eu verdadeiramente não acredito é na capacidade da comitiva que vai partir para a África do Sul para se libertar desta “depressão nacional” que nos tomou como se fôssemos simples cascas de noz num mar encarpelado e ameaçador.
O orgulho pela Bandeira e a vibração com o Hino – que eram antes o factor psicológico em que se apostava para tornar mais leves as pernas e mais rija a determinação dos jogadores – parecem hoje demasiado distantes. Porque Queiroz tem outro estilo, é verdade, mas também porque nos surgem como insignificâncias perante a vergonha para que a crise e alguns idiotas nos arrastaram sem apelo.
Conseguirão os nossos futebolistas libertar-se da maldição de onde pertencem e do rótulo de miseráveis que nos colaram na testa?
Canto direto. publicado na edição impressa de Record de 22 maio 2010
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