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Quando o dinheiro de Rui Pedro Soares o colocou ao leme da SAD do Belenenses, vivia-se no Restelo, e salvaguardadas as proporções, um quotidiano semelhante ao do Benfica após Vale e Azevedo: dívida..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Portugueses em Belém

16 Março, 2016 0

Quando o dinheiro de Rui Pedro Soares o colocou ao leme da SAD do Belenenses, vivia-se no Restelo, e salvaguardadas as proporções, um quotidiano semelhante ao do Benfica após Vale e Azevedo: dívidas por todo o lado, salários em atraso e dificuldades para pagar até a conta da água. Não me devo afastar muito do que teria sido a realidade se disser que – se continuasse entregue à coxa gestão dos sempre os mesmos – o Belenenses teria descido à II Divisão B e disputaria ainda hoje o Campeonato de Portugal.

Em vez de estarmos gratos a Rui Pedro Soares, depressa esquecemos a desgraçada situação que herdou e vêmo-lo como um infiltrado, um não-belenense que bem podia ir andando – deixando ficar o dinheirinho, claro, porque não se vê ninguém com vontade e capacidade financeira para se chegar à frente e lhe comprar a SAD.

Mas não faço dele o benemérito injustiçado. Com menos arrogância e menor sede de protagonismo, e um esforçozinho para que os associados se sentissem, de forma simbólica que fosse, parte do projeto da SAD – e não intrusos na própria casa – Rui Pedro Soares podia perfeitamente entender-se com Patrick Morais de Carvalho, que é o homem que por vezes não tivemos: um presidente à altura da história do Belenenses.

Faz sentido, só para dar um exemplo, que Julio Velázquez esteja impedido de recorrer aos juniores, e de trabalhar com eles, porque as camadas jovens são do clube e não da SAD? Tem algum jeito haver no Restelo dois superegos e dois mini-Belenenses? Somos portugueses, eu sei, mas escusamos de exagerar.

Canto direto, Record, 14MAR16

Um Velázquez em Belém

8 Fevereiro, 2016 0

Além de não ser chauvinista, simpatizo com Julio Velázquez. Ao contrário de Lopetegui, que recorria a duas ou três palavras de português, ao cabo de ano e meio no Porto, o treinador do Belenenses diz “miércoles” e logo corrige para quarta-feira, um sinal de respeito pelo país onde trabalha. E exibe, ainda, um sorriso, uma alegria natural que aplica no campo, quando deixa o “autocarro” na garagem e monta uma estratégia ousadamente atacante ou surpreende os adversários com mudanças táticas que têm trazido alguns bons resultados à equipa de Belém – duas vitórias fora para a Liga, por exemplo.

A questão é a velha sentença de sempre: o futebol chuta para longe, depressa e com desprezo, os aprendizes de feiticeiro que julgam ter descoberto a poção da vitória certa, recorrendo à estúpida regra que manda jogar o jogo pelo jogo para que todos sejam felizes.

Sentei-me a ver o filme de sexta-feira, no Restelo, antes de ele começar, mal conheci a formação dos azuis. Tonel, o melhor central do plantel, outra vez no banco? Rúben Pinto, um médio, no centro da defesa? Fábio Nunes, um extremo, a lateral? Abel Aguilar titular, apesar de estar parado há meses? Três avançados, mais Carlos Martins, na frente? Das duas uma: ou o Benfica entrava em paragem cerebral e abdicava da sua avalancha atacante dos últimos tempos ou a coisa iria correr muito mal. E correu.

Mas não desanimo e continuo fã da filosofia e das obras deste Velázquez, que ou se cuida ou nunca pintará, como o homónimo Diego, quadros que fiquem na história. Que Gary Neville se suicide assim – tu é que não, Julio, filho.

Canto direto, Record, 8FEV16