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A exibição de Madrid – apesar da derrota consentida em cinco minutos, depois de 88 de muito trabalho – funcionou para Jorge Jesus como um cartão de crédito de plafond, julgava ele, ilim..." /> Semanada - Record
19 Setembro, 2016

Jorge Jesus não conhece o poder que tem

A exibição de Madrid – apesar da derrota consentida em cinco minutos, depois de 88 de muito trabalho – funcionou para Jorge Jesus como um cartão de crédito de plafond, julgava ele, ilimitado. Não era. Porque ele próprio se encarregou de o desbaratar três dias depois, com uma conferência de imprensa absolutamente kamikaze.

Não foi a primeira vez que Jorge Jesus disse que esta equipa do Sporting não é a melhor que já treinou, e que a diferença está nele, só nele e absolutamente nele.

O treinador do Sporting já se imaginou jogador deste plantel do Sporting, em especial depois de uma jornada como a do Santiago Bernabéu? De saber que não faz parte dos melhores futebolistas que o treinador já dirigiu, que esses foram os do Benfica, em determinada época?

Jorge Jesus gosta de se ouvir dizer que é o melhor, o maior, aquele que mais sabe de posicionamentos, intensidade, primeiras e segundas bolas, diagonais, marcações individuais e à zona, sistemas e modelos. De 4x4x2. Sim, de 4x4x2.

O que Jorge Jesus não gosta que lhe digam é que faz mal a rotatividade da equipa.

Bruno César foi um dos melhores em campo frente ao Real Madrid, na pele de segundo avançado. Em 90 minutos, fez um golo, foi o jogador mais fustigado pelo adversário, com quatro faltas sofridas. E percorreu 10.332 metros. Cinco jogadores cobriram maiores distâncias, mas quatro deles tiveram em Vila do Conde um destino distinto: João Pereira e Zeegelaar nem sequer se sentaram no banco; Bryan Ruiz e Bas Dost entraram na segunda parte. Só William – fez 11.338 metros – entre os que correram mais do que César no Bernabéu, cumpriu também os 90 minutos frente ao Rio Ave. Com uma diferença: não foi deslocado para lateral-esquerdo, para enfrentar um dos extremos mais talentosos da Liga, o espetacular Gil Dias.

Para que serve, então, Jefferson, quando Bruno César anda em rodízio posicional por quase todo o campo e acaba por expor a equipa, com a complacência de Jorge Jesus?

Mas este é apenas um pormenor num treinador que tem noções de liderança muito limitadas. E, acima de tudo, não conhece o poder que tem, na (des)motivação da equipa, como ficou à vista num sábado delirante, antes de um domingo amargo.

 

 

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15 Setembro, 2016

Rui Vitória e Jesus ligados nas desgraças da Champions

A 1.ª jornada da Liga dos Campeões não foi boa para as equipas portuguesas. Muitos e variados argumentos já foram apresentados para explicar os maus resultados, mas há questões a precisar de resposta.

No caso do Benfica, é necessário que Rui Vitória esclareça se André Almeida deixou de contar como médio defensivo e apenas entra nas opções como alternativa ao lateral-direito Nélson Semedo. Dar minutos de aprendizagem do que é o futebol europeu a Celis, num jogo da Liga dos Campeões, é quase como pilotar um zero japonês sem licença. Celis terá potencial, mas as suas entradas em jogo são sempre a fazer ruturas e desta vez custaram caro, tipo 500 mil euros.

Rui Vitória lembrar-se-á que ganhou ao Galatasaray em casa, na Champions 2015/16, com uma dupla de médios-centro constituída por André Almeida e… Talisca. Quando era preciso segurar a vantagem, substituir Fejsa por André Almeida não teria sido mais avisado?

Mesmo com o treinador castigado, há opções hierarquizadas que os adjuntos devem seguir: Fejsa acima de Samaris; Samaris acima de André Almeida; André Almeida acima de Celis – que deve começar por ser opção, sim, mas na Taça da Liga.

O caso do Sporting é mais complexo, porque o treinador está permanentemente convencido da bondade das suas decisões, isto é, nunca se engana. Jorge Jesus convenceu-se que o Sporting não teria perdido caso tivesse continuado no banco, então, porque se fez expulsar, gritando com o árbitro quase em cima da linha de meio-campo?

Depois, porque substituiu o melhor jogador em campo (Gelson) por alguém que precisa claramente de treinar mais com a nova equipa do que de jogar imediatamente (Markovic)? E Adrien, não estava com rotação para enfrentar o Real Madrid? Claro que estava. Ao contrário de Elias.

Os treinadores de topo evoluem tanto mais quanto maior for a sua capacidade de se interrogarem acerca das decisões mais críticas. Rui Vitória e Jorge Jesus serão capazes de o fazer? A resposta não tardará.

 

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