O que acontece se a Grécia sair do euro?
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Evangelos Venizelos, aqui ainda ministro das Finanças da Grécia num Ecofin em Bruxelas, cargo que deixou esta semana para liderar o PASOK Fonte: Jock Fistick/Bloomberg
Sucedem-se os exercícios de análise aos impactos de uma possível saída da Grécia da Zona Euro. O FMI justificou o seu apoio financeiro no segundo resgate grego com os efeitos que uma saída da Grécia da Zona Euro poderia ter, tendo concretizado os impactos no último relatório sobre o país: corte abrupto do financiamento e da actividade económica, inflação imediata, o que conduziria a uma queda do PIB superior a 10% no ano, e uma contracção da consumo privado ainda superior. Aumentos de salários para compensar os preços também mitigariam as melhorias na competitividade externa decorrentes da desvalorização. Os economistas da instituição continuam: o peso da dívida detida por estrangeiros iria disparar tornando inevitáveis defaults público e privados e os efeitos sobre os outros países fracos do euro seriam graves (Pedro Braz Teixeira chama a atenção para este último ponto e para instabilidade política na Grécia). No VOX, Miranda Xafa, consultora e ex-quadro do FMI, também desaconselha a saída da Grécia do Euro: “A Grécia continuaria a ser o país mais regulado na OCDE e o regresso ao dracma só acrescentaria ao peso da dívida”, escreve. Ainda no VOX surge uma outra proposta que pretende forçar os gregos a poupar e a comprar dívida pública do seu país. Além disso estamos também a ler:
2. Consolidação orçamental não garante reduções no rácio da dívida pública, dizem Gianluca Cafiso e Roberto Cellini (VOX)
3. Cortes salariais e austeridade vão piorar a crise do euro, por Corrado Andini e Ricardo Cabral (IZA)
4. Ben Bernanke, o vilão – um perfil de Ben Bernanke por Roger Lownstein (The Atlantic)
Portugal recebe atenção
O roadshow que Vítor Gaspar fará pelos EUA nos próximos dias (depois de já ter visitado a Alemanha) é sem dúvida oportuno. Como é evidente, após a reestruturação grega, os olhos do mundo estarão agora postos em Portugal. Exemplos: Edward Hugh no A fistfull full of euros faz uma boa análise da situação nacional. Mohamed El-Erian, o presidente de um dos maiores fundo de investimento do mundo, afirmou no fim de semana não ter dúvidas que Portugal terá o mesmo destino da Grécia. O The Guardian dava esta manhã destaque de topo de página no minuto a minuto da secção de economia a Portugal, incluindo a intervenção de Gaspar no Peterson Institute.
2. Um plano de curso de economia política após a crise (Dani Rodrik)
3. A relação entre dívida e crescimento não é tão simples como parece (Noahpinion)
4. E se a grande recessão nos deixou mais pobres para sempre (The Atlantic)
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Há mais dívidas públicas do que imagina
Ministério das Finanças no Terreiro do paço em Lisboa Fonte: Mário Proença/Bloomberg
A próxima vez que disser dívida pública, pense duas vezes. Ou pelo menos, tenha presente que pode estar a dizer uma meia dúzia de coisas diferentes, que variam entre si vários milhares de milhões de euros.
Todos reestruturam menos nós?
Portugal começa a ficar isolado. Os gregos restruturam dívida pública de forma directa (apesar de com sucesso duvidoso). Os irlandeses fazem-no de forma indirecta através do Anglo Irish, entretanto nacionalizado. Já Portugal garante que nem sequer vai precisar de um segundo resgate, quanto mais de qualquer alívio do peso da dívida.
2) Eichengreen e O’Rourke actualizam o seu quadro de navegação da crise no VOX. A grande recessão evidenciou uma recuperação muito mais rápida do que aconteceu na grande depressão dos anos 30, mas há sinais de abrandamento (VOX).
3) A história de como a Grande Depressão tornou os capitalistas e homens de negócios em keynesianos empedernidos, e de como foi forjado o consenso económico que iria prevalecer nas três décadas seguintes (Bloomberg)
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Aumento das taxas de IVA somará 1,1 pontos à inflação
A inflação subiu para 3,6% em Fevereiro. José Miguel Moreira, do Montepio, analisa os números divulgados pelo INE, destaca que a inflação sem energia e bens alimentares está em 2,2%, mas também que o valor da inflação geral se vai manter elevado o resto do ano puxada pelos preços da energia e pelo aumento dos impostos indirectos. Bárbara Marques, do Millennium bcp, evidencia entre os riscos para este ano o impacto das condições climatéricas nos preços dos bens alimentares.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.