Portugal enfrenta dois anos de mínimos históricos na inflação
A inflação em Portugal regressou a terreno negativo. Filipe Garcia, da Informação de Mercados Financeiros, explica que os preços dos transportes (muito influenciados pelos combustíveis e lubrificante) estão a ser decisivos para a evolução dos preços. A inflação média está em terreno positivo, mas deve continuar a cair “pelo menos até final do ano”, diz o economista. José Miguel Moreira, do Montepio, aponta para que, no final do ano, a inflação média (medida pelo índice harmonizado europeu) fique nos 0,5% este ano, subindo ligeiramente para 0,8% em 2014. A confirmar-se serão valores que serão os segundos mais baixos “desde que existem registos”, apenas superados “pela queda de 0.9% registada em 2009, depois do colapso dos preços do petróleo”. Finalmente, Paula Carvalho do Banco BPI, aponta os prós e os contras da inflação baixa: por um lado, alívia as famílias de aumentos de preços e facilita ganhos de competitividade externa, mas por outro, significa que a economia crescerá menos, dificultando a desalavancagem da economia.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Paulo Portas: descida do IRC “é boa para todas as empresas, incluindo para as empresas chinesas”
É o que se chama tirar com uma mão para dar com outra. O
vice-primeiro-ministro português justificou hoje em Macau que a nova
contribuição das empresas energéticas ocorre “num momento extraordinário” e
lembrou que as empresas chinesas a operar em Portugal vão beneficiar da descida
do IRC.
Um frente a frente para perceber a austeridade na Zona Euro
Fonte: Negócios
A 22 de Outubro avançámos no Negócios os resultados de um artigo
publicado pela Comissão Europeia sobre as políticas de austeridade na
Europa que continua a dar que falar por evidenciar os custos da
austeridade simultânea aplicada entre 2011 e 2013. Um dos
desenvolvimentos mais ricos é uma breve troca de argumentos entre o
autor (Jan in ‘t Veld) e Simon Wren-Lewis na caixa de comentários do
blogue deste último. Com as frases dos autores (em inglês) montamos um
frente-a-frente sobre as políticas de austeridade na Zona Euro durante a
crise.
52
Maria Luís Albuquerque, uma questão de convicção
20
A
equipa das Finanças na tomada de posse. Da esquerda para a direita:
Hélder Rosalino (Sec. Estado da Administração Pública), Paulo Núncio (SE
Fisco), Manuel Rodrigues (SE Finanças), Joaquim Pais Jorge (SE Tesouro, entrentanto substituido após demissão por Isabel Castelo Branco), Hélder Reis (SE Orçamento) e Maria Luís Albuquerque (ministra) Fonte: Negócios
Maria Luís Albuquerque explicou em entrevista ao Negócios
(disponível apenas para assinantes) o essencial das opções do Orçamento
do Estado para 2014. Existem vários pontos que merecem reflexão, mas um
dos mais interessantes é a forma pragmática como a ministra da Finanças
desvaloriza, no actual contexto, os modelos e os instrumentos de
análise dos efeitos na economia da austeridade e dos estímulos
orçamentais. A ministra considera, por exemplo, que o debate em torno dos multiplicadores orçamentais “não acrescenta nada” e que o impacto do IRC é uma questão de “convicção”. As posições da responsável podem surpreender dada a carta de demissão de Vítor Gaspar mas alinham com o discurso de Olli Rehn.
Multiplicador errado, recessão à porta
Fonte: João Miguel Rodrigues/Negócios
Qual será o impacto da consolidação orçamental sobre o crescimento do
próximo ano? Esta é uma das perguntas de ouro do OE2014 – se por acaso a
economia não crescer será difícil dissociar essa evolução do choque de
austeridade proposto no documento. A resposta não é fácil, mas vale a
pena perceber os riscos. Se o multiplicador orçamental (que mede o
impacto da austeridade no PIB) for o até agora deefendido pelo Governo e
pal Comissão Europeia, a economia portuguesa crescerá. Se pelo
contrário for maior como avisam várias estudos do FMI e Banco de
Portugal, então a recessão prolongar-se-á para 2014. E com ela o
objectivo de défice falhará, o desemprego chegará aos 18% e dívida
pública continuará a crescer.
25