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Nuno Aguiar

Sobre Nuno Aguiar

Nuno Aguiar, nasceu em 1987 e licenciou-se em jornalismo pela Universidade Nova. Começou a fazer jornalismo em 2009 no jornal i e em 2011 foi contratado pelo Dinheiro Vivo onde trabalhou até integrar a equipa do Negócios em Setembro de 2012. Em 2015 publicou o livro "Os Números da Nossa Vida". Escreve regularmente sobre temas macroeconómicos.

Os combustíveis e a ajuda às exportações

10/08/2015
Colocado por: Nuno Aguiar

As exportações portuguesas estão a crescer 5,7% nos primeiros seis meses do ano, um ritmo mais rápido que as importações (4,1%). O Departamento de Estudos do Montepio destaca o impacto substancial da procura espanhola, bem como a evolução da venda de combustíveis. Filipe Garcia, do IMF, também vê o resultado como positivo, mas alerta para a excessiva dependência dos combustíveis.

 

Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.

 

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Portugal voltou a crescer como antigamente?

04/06/2015
Colocado por: Nuno Aguiar

O Negócios publicou hoje um trabalho sobre a possibilidade de regresso de alguns dos “vícios” que caracterizaram o crescimento da economia portuguesa no período pré-crise. Perante o aumento do investimento em construção, o disparar do consumo privado e do crédito às famílias, assim como o avanço das importações, estará Portugal a regressar ao seu crescimento tradicional? Contactados por nós, três economistas explicaram  por que não estão preocupados. Seguem em baixo as suas respostas completas às nossas perguntas.

 

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As pessoas só lêem 2,4% do livro de Piketty (mais coisa menos coisa)

20/05/2015
Colocado por: Nuno Aguiar
E vocês, leram todas as páginas do livro de Thomas Piketty?

E vocês, leram todas as páginas do livro de Thomas Piketty?

 

“O Capital no Século XXI” foi um sucesso de vendas, mas de certeza que já se perguntou quantas pessoas leram todas as 700 páginas do livro? A resposta é: muito poucas. Grande parte dos leitores parece nem sequer passar das primeiras páginas.

 

As contas são feitas por Jordan Ellenberg, um professor de matemática, que desenvolveu um indicador intitulado “Índice Hawking”, em homenagem a Stephen Hawking, físico popstar e autor do que muitos dizem ser o livro menos lido de sempre, “Uma Breve História do Tempo”. Isto é, muitos compraram, mas poucos leram mais do que um par de páginas.

 

Como é que é feito este exercício? As páginas da versão Kindle de todos os livros apresentam sempre a lista de cinco passagens mais “destacadas” pelos leitores da versão electrónica de cada obra. Ellenberg utiliza essa ferramenta da Amazon, partindo do princípio que, em média, as citações deveriam estar distribuídas ao longo do livro. “Se cada leitor chegar ao fim, esses destaques podem estar espalhados ao longo do livro. Se ninguém passar da introdução, os destaques mais populares estarão concentrados no início”, escreve o matemático.

 

Portanto, o método passa por pegar nos números das páginas dos cinco principais destaques do livro, calcular a média e dividi-la pelo número total de páginas da obra. A lógica é que quanto mais alto for este rácio, mais o livro foi lido. “Aviso: isto não é minimamente científico e serve apenas como entretenimento!”, avisa Ellenberg.

 

Aceitamos o aviso, mas avançamos por nossa conta e risco. O potencial de conclusões é demasiado delicioso. Nesse exercício, o livro de Thomas Piketty, “O Capital no Século XXI” tem uma classificação terrível, com a média dos destaques a ir apenas até 2,4% do livro (mais ou menos 17 páginas).“The Goldfinch”, de Donna Tartt atinge um valor de 98,5%. “As Cinquenta Sombras de Grey”? 25,9%.

 

Mas não se pense que Piketty está sozinho no registo de valores desoladores. Com ele estão as memórias de Hillary Clinton, com 2,04% (“Hard Choices”), as memórias do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com 2,78% (“Promises do Keep”). Barack Obama está um pouco melhor. “Dreams from My Father” apresenta um rácio de 17,94%.

 

Claro que classificações mais baixas podem dever-se ao facto de as passagens mais “citáveis” e interessantes estarem concentradas no início do livro ou ao facto de os leitores se sentirem mais motivados para destacar passagens do livro quando o começam a ler, desistindo progressivamente ao longo da leitura, principalmente se ela for longa. No caso de Piketty, outro factor provoca ruído: o livro tinha saído há três meses quando a primeira avaliação foi feita.

 

Cinismos à parte, 1,5 milhões de pessoas terem comprado um livro de 700 páginas sobre evolução histórica da desigualdade já é um feito impressionante. Lerem-no todo já podia ser pedir demais.

 

 

Rápidos no Norte, lentos no Sul: estatísticas sobre o consumo de pornografia em Portugal

27/04/2015
Colocado por: Nuno Aguiar

Sabia que o pessoal do Norte é muito mais rápido nas suas visitas a sites pornográficos do que a malta do Sul? Que a véspera de Natal é o dia em que menos portugueses vêem pornografia? Que temos um fascínio pelo Brasil? Ou que os nossos jovens não são os que mais pornografia consomem?

 

Se tem estado atento ao Massa Monetária, sabe que temos dado atenção às estatísticas produzidas com regularidade por um dos maiores sites pornográficos do mundo, o Pornhub. Aproveitando as conclusões que são capazes de retirar da sua gigantesca base de dados, a equipa de “data scientists” e designers da empresa publica frequentemente perfis de utilização do site para vários países. Uma mina de informação.

 

Hoje tornou-se praticamente um cliché dizer que entrámos na era do “big data”, utilização de enormes bases de dados para reflectir e tirar conclusões sobre determinado assunto. Uma tendência que até motivou a denominação de uma nova forma de dar notícias chamada “jornalismo de dados”, com aplicações na economia, política, temas sociais, desportivos e até cultura pop. Embora não exista propriamente “jornalismo de pornografia” (embora algum jornalismo seja bastante pornográfico), um site como o Pornhub está numa posição privilegiada para tirar conclusões sobre a forma como é consumida pornografia em todo o mundo. No ano passado, tiveram 18,4 mil milhões de visitas e 80 mil milhões de visualizações de vídeos.

 

A empresa utiliza esse poder de fogo com regularidade, tendo criado em 2013 um blogue chamado Insights, onde publica as conclusões a que vai chegando sobre os seus visitantes. O objectivo é chamar público que, de outra forma, não conheceria o site. Agora, o Pornhub decidiu virar as atenções para Portugal, compilando um conjunto interessante de conclusões sobre a forma como os portugueses vêem pornografia. Esses dados foram antecipados em exclusivo ao Negócios, com base em mais de 10 milhões de visitas ao site nos últimos meses por utilizadores portugueses.

 

Tempo de visita médio por origem geográfica.

Tempo de visita médio por origem geográfica.

 

Talvez a conclusão mais interessante seja o tempo que cada região do País passa dentro no site. Porquê? Porque existe uma divisão clara entre Norte e Sul. Os primeiros são, em média, mais rápidos. Os segundos, mais lentos. A campeã da velocidade é Viana do Castelo, com uma duração média de visita de 8m11s, menos 23 segundos do que a média nacional. Em Faro demoram mais 16 segundos.

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Até 2020, Portugal vai crescer menos que durante a “década perdida”

17/04/2015
Colocado por: Nuno Aguiar

Durante os últimos anos, ouvimos falar da década passada – 2001 e 2010 – como uma “década perdida” para a economia portuguesa, devido ao crescimento muito baixo do produto interno bruto (PIB) durante esse período. Mas e se eu lhe disser que Portugal deverá crescer ainda menos nesta década do que na anterior? Que expressão vamos usar para os próximos anos?

 

grafico pib II

Perdido*

adjectivo

  1. Que se perdeu.
  2. Arruinado.
  3. Inutilizado.
  4. Naufragado.
  5. Esquecido.
  6. Disperso, espalhado.
  7. Louco de amor.
  8. Corrupto, cheio de vícios.

 

Foi esta a classificação escolhida para caracterizar uma década em que Portugal cresceu apenas 0,8% (2001 a 2010). A inspiração era Japonesa. Depois de dez anos de crescimento muito forte na década de 80, o Japão entrou num ciclo de estagnação e inflação baixa (ou até negativa), que se arrastou dos 90 até aos 00. Duas décadas. Lembra-lhe alguma coisa?

 

Portugal, que tinha crescido em média 3% ao ano entre 1991 e 2000 e 3,8% na década de 80, sofreu uma travagem significativa entre 2001 e 2010 para os já referidos 0,8%. Vários artigos foram escritos sobre o tema na comunicação social, utilizando a “alcunha” japonesa.

 

No entanto, os novos dados publicados esta semana pelo FMI no World Economic Outlook mostram um futuro ainda mais cinzento para a economia nacional. Embora tenha revisto em alta o crescimento para 2015 (1,6%), antecipa um arrefecimento progressivo nos próximos cinco anos até perto de 1% no final da década.

 

Entre 2011 e 2020, o PIB português avançará ao ritmo médio de apenas 0,2% ao ano. Um resultado influenciado por três fortes recessões nos anos de crise mais profunda.

 

É caso para perguntar: onde está o efeito das reformas estruturais? Portugal, segundo o seu Governo e o próprio FMI, executou com sucesso o programa de reformas estruturais com que estava comprometido. O resultado é um crescimento próximo de 1% ao ano? Reformas mal feitas ou optimismo excessivo em relação ao seu impacto?

 

Caso as previsões mais pessimistas do FMI se confirmem, que palavra utilizaremos para caracterizar este período em que entrámos? Se 20 anos depois estamos cada vez mais perdidos, se calhar é altura de declarar “morte presumida“.

 

 

*Definição Priberam

 

NOTA: De referir que o Governo já apresentou o seu cenário macroeconómico, que é significativamente mais optimista que o FMI, antecipando um crescimento de 2,4% entre 2017 e 2019. Também já se sabe que o PS antecipa que o PIB evolua a um ritmo superior a 2% (com a implementação de outras políticas).