Europa partida ao meio

19/10/2012
Colocado por: Catarina Almeida Pereira

O dia 14 de Novembro deixou de ser apenas o dia da greve da CGTP. Espanha e Grécia vão juntar-se à paralisação, numa greve geral conjunta internacional.

 

 

Há vários meses que o Sul da Europa enfrenta problemas semelhantes, mas esta é a primeira vez que os sindicatos se coordenam. A iniciativa é patrocinada pela diplomática Confederação Europeia de Sindicatos (CES).

 

 

Em Maio, em entrevista ao Negócios, o presidente da CES, também secretário-geral da espanhola Comisiones Obreras (CCOO), explicava porque é que édifícil coordenar iniciativas conjuntas a nível europeu:

 

 

“A percepção da situação não é a mesma no Norte, no Centro e no Sul da Europa. Os trabalhadores do Norte têm medo de um quadro unificado de direitos sociais e laborais, porque temem que seja alinhado pelas regras do Sul. Isto dificulta, e muito, a unificação de critérios”.

 

 

Dominam, por outro lado, as agendas políticas nacionais. “Da mesma forma que os governos são incapazes de chegar a acordo para operar no âmbito europeu – com políticas comuns relacionadas com questões fiscais ou com o papel do BCE – ao movimento sindical isso também custa. Por vezes as inércias nacionais pesam mais do que a necessidade de estabelecer dinâmicas de conjunto na União Europeia”.

 

 

Em Espanha, a segunda greve geral do governo de Mariano Rajoy foi anunciada esta semana. Envolve as Comisiones Obreras e a UGT e coincide com a discussão do Orçamento do Estado. Os sindicatos deverão aprovar formalmente a iniciativa esta sexta-feira. Na Grécia, a greve geral foi ontem confirmada.

 

 

Em Portugal, a UGT está oficialmente fora da convocatória marcada para 14 de Novembro. João Proença, que é bastante próximo da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) não se revê nas palavras de ordem da CGTP. “Fora a troika, abaixo o Governo: discordamos de uma coisa e da outra” afirmou no início de Outubro. Esta quinta-feira, em declarações à Rádio Renascença acrescentou que vai assinalar o dia com “acções próprias”, mas rejeitou participar na greve geral “divisionista e sectária” convocada pela CGTP.

 

 

As estruturas sindicais da Função Pública filiadas na UGT querem ir mais longe: depois do STE, foi a vez da Fesap admitir que está a ponderar emitir um pré-aviso de greve para esse dia.