Um orçamento extraordinário
Fonte: Negócios
O orçamento rectificativo, actualmente no Parlamento, está a ser apresentado apenas como uma forma de registar a transferência dos fundos de pensões da banca para a segurança social e de acomodar a ligeira revisão em baixa do crescimento. Contudo, quando se olha para as novas previsões de receita e despesa, e se ajustam os impactos das operações extraordinárias, é difícil reconhecer no documento as bases do que foi prometido o ano passado (ao mesmo tempo que se aprovavam as medidas de austeridades mais duras da história). É caso para dizer que mais que o um orçamento rectificativo, trata-se de um orçamento extraordinário.
Municípios poderão reestruturar dívidas
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Fonte oficial de Miguel Relvas afirmou à Bloomberg que alguns municípios poderão mesmo ter de reestruturar a sua dívida. Tal como o Negócios noticou na terça-feira, a revisão da Lei das Finanças Locais a operar este ano deverá já incluir um procedimento para que tal seja possível de forma “ordeira”. Ainda sobre o programa de ajustamento nacional. Com a semana marcada pelos temas orçamentais e pela avaliação da troika (Comissão na terça-feira; FMI hoje à tarde) e pelo Orçamento Rectificativo, aqui ficam o relatório de Bruxelas sobre o ajustamento e o da UTAO sobre o Rectificativo. Sobre o sucesso de consolidações orçamentais e os seus potenciais impactos expansionistas, vale a pena ler Simon Wren-Lewis. Além disso estamos também a ler:
2. Keneth Rogoff vai ao centro do debate económico sobre a Zona Euro: para resisitir a choques, uma união monetária precisa de maior integração de políticas. Sem isso a Zona Euro pode naão chegar ao final da década (Project Syndicate)
Urgência no Banco de Portugal
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Fonte: Miguel Baltazar/Negócios
Vale a pena ler o “tema de discussão” que abriu o último boletim económico do Banco de Portugal que foi dedicado a propostas para combater a segmentação do mercado de trabalho nacional. Como evidenciámos no final da semana passada no Negócios, trata-se uma verdadeira proposta de contra-reforma laboral apresentada pelos economistas do banco central num momento em que o Governo avança com alterações ao código de trabalho e subsídios de desemprego. Mas, para além da substância do artigo há um outro elemento que merece atenção. Em dois boletins económicos consecutivos, o Banco de Portugal apresenta críticas concretas – e em alguns casos com veemência– às políticas económicas adoptadas pelo Governo. A acutilância dos dois documentos indica que há sentimento de urgênciana Almirante Reis no que diz respeito a políticas que, na sua interpretação, poderão mitigar os elevados riscos que o processo de ajustamento carrega.
Actividade nas políticas é diferente de Políticas Activas
Desempregados em Lisboa numa fila para um centro de emprego a meio de Fevereiro Fonte: Mario Proenca/Bloomberg
Quando em Fevereiro o INE divulgou o impressionante salto da taxa de desemprego para os 14% da população activa, evidenciando que mais de um milhão de portugueses não tinha emprego no final do ano passado, o Governo, com a ajuda de Bruxelas, apressou-se a colocar na agenda o tema das políticas activas de emprego – isto é apoios públicos à criação de emprego. Nessa estratégia fez divulgar um relatório preliminar de balanço às políticas activas de emprego entre 2000 e 2011 – que o Negócios noticiou na sua edição de sexta-feira passada – num trabalho onde analisou o que se sabe sobre políticas activas de emprego.
Duas conclusões:
1) na última década, os governos portugueses implementaram, em média, bem mais de dez programas por ano, mas nos últimos em quinze anos conhecem-se apenas dois estudos aprofundados sobre impactos dos programas;
2) Os estudos e economistas mais respeitados nesta área avisam que os impactos das políticas activas na criação de emprego são pequenos. E embora existam políticas com impactos positivos, também as há com impactos negativos ou, pelo menos nulos.
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Catroga e as rendas
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A propósito das declarações de Eduardo Catroga há factos que (esquecidos pelo chairman da EDP) são indesmentíveis: há um estudo que já foi feito pelo governo sobre as rendas no sector da energia, um estudo que foi pedido pela troika na sequência da identificação de rendas no sector da energia, ainda na fase de negociação do Memorando de Entendimento que contou com a participação de Eduardo Catroga.
Ler aqui Catroga, EDP e rendas.