Notícias sobre a morte défice externo são claramente exageradas
De
imediato ficámos com o país equilibrado, com a balança de transacções
correntes em zero, o que é extraordinário. A confirmar-se será um dos
ajustamentos mais rápidos das economias avançadas recentes, melhor até
que outros países que tiveram sucesso com os mesmos programas, mas
demorando mais tempo, o que nos deixa bastante confiantes em relação ao
futuro
António Borges, 30 de Agosto de 2012
O Governo tem por várias vezes evidenciado o bom resultado na frente
externa no primeiro semestre do ano (traduzido numa redução homóloga de
80% no défice externo, medido pelo saldo conjunto das balanças correntes
e de capital). Perante o desaire orçamental que se adivinha, esta
evolução deverá ainda ganhar mais destaque nas próximos meses. Esta
semana António Borges, conselheiro do Governo, declarou mesmo a morte do
défice externo nacional. Essa corre no entanto o risco de ser uma
notícia exagerada. Os dados conhecidos até agora apontam para a difícil
sustentabilidade dos resultados conseguidos.
Lições de banca japonesa: a dor estará só a começar
Uma análise da revista “The Banker”
traça o paralelismo entre a crise bancária no Japão nos anos 90 e a
actual situação europeia. Em ambos casos um “boom” económico e
imobiliário deram lugar a dolorosos processos de desalavangem no sistema
financeiro. Da comparação, conclui-se que a crise bancária europeia
está para ficar e também que “os bancos europeus enfrentam um desafio
maior que os seus equivalentes japoneses no inicio dos anos 90”. Em termos de rendibilidade, escrevem mesmo os especialistas da revista, “pode estar só a começar para a Europa”.
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Draghi falha na comunicação?
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Mario Draghi numa conferência mensal do BCE Fonte: Hannelore Foerster/Bloomberg
The ECB is ready to do whatever it takes to preserve the euro. And believe me, it will be enough
Mario Draghi, 26 de Julho
Como bem sintetizou Charles Wyplosz recentemente, o desempenho de Mario Draghi à frente do BCE tem sido impressionante. Desde que chegou a Frankfurt, em Novembro, o Presidente do banco central contornou as dificuldades de liquidez de final de ano com empréstimos de três anos nunca antes feitos pelo banco central, conseguiu que os líderes europeus avançassem com o pacto orçamental e com os primeiros passos de uma união bancária (na qual deverá desempenhará um papel central de supervisão) e, nas últimas semanas, abriu caminho à compra em larga escala de obrigações do Tesouro de países do euro, algo impensável há poucos meses.
A dimensão e amplitude das medidas é criticada pelos que têm uma visão mais conservadora do papel do BCE – enervando naturalmente o presidente do Bundesbank. Mas há uma outra dimensão da actuação de Draghi que tem começado a ser notada: a avaliação da sua (in)capacidade de comunicar e de garantir que o BCE comunica com clareza. O último episódio está ligado à garantia que deu no final de Julho, num discurso em Londres, de que o BCE tudo fará para salvar o euro.
O novo plano do BCE para salvar o euro (e Portugal?)
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Sinal de emergência numa cabine telefónica ao pé da sede do BCE em Frankfurt Fonte: Hannelore Foerster/Bloomberg
Exceptionally high risk premia are observed in government bond prices in several countries and financial fragmentation hinders the effective working of monetary policy. Risk premia that are related to fears of the reversibility of the euro are unacceptable, and they need to be addressed in a fundamental manner. The euro is irreversible
There is no going back to the Lira or the Drachma or to any other currency. It is pointless to bet against the euro. It is pointless to go short on the euro. That was the message. It is pointless because the euro will stay and it is irreversible'
Mario Draghi, 26 de Julho e 02 de Agosto
No início do mês Mario Draghi abriu a porta a uma nova fase da união monetária e financeira: a de credor de último recurso de Governos sempre que os mercados desafiarem a irreversibilidade do euro, impossibilitando a transmissão da política monetária e exigindo juros inaceitáveis a países membros da Zona Euro.
A forma como tudo acontecerá não é ainda clara, é polémica e implicará muito debate e negociações nas próximas semanas. Recuperamos e enquadramos alguma da muita informação disponível sobre o novo plano do BCE para salvar o euro.
11 datas chave para o mês que aí vem
Um “souvenir” a marcar a data das últimas eleições gregas em Atenas Fonte: Chris Ratcliffe/Bloomberg
Se a primeira quinzena de Agosto foi relativamente suave em acontecimentos relevantes para o futuro da Zona Euro, o mês que se segue, especialmente a primeira quinzena de Setembro, guardam várias datas-chave. Aqui ficam onze dias em que pode querer ver notícias de economia.