Enquanto países como Grécia, Irlanda, Portugal e, cada vez mais Espanha e Itália, não se conseguem financiar nos mercados internacionais, outros países fazem-no em condições cada vez mais vantajosas, até paradoxais. Conforme notava esta semana o jornal francês “Les Echos”, são neste momento cinco os países da Zona Euro que se endividam com taxas negativas nas maturidades inferiores a dois anos. Alemanha, Holanda, Dinamarca e, mais recentemente, França e Bélgica conseguem a proeza de pôr os investidores internacionais a pagar para poderem emprestar-lhes dinheiro. A estes países juntam-se ainda Finlândia e Áustria que vêem os seus títulos de dívida pública das maturidades mais curtas com taxas negativas no mercado secundário.
A razão é simples. Há muito dinheiro para aplicar e, num contexto de elevado risco, os investidores têm uma clara preferência pelos prazos curtos. Reduzindo-se de forma acentuada os países considerados seguros – primeiro Grécia, depois Irlanda e Portugal, a seguir Espanha e Itália –, Alemanha deixa de conseguir satisfazer a procura dos investidores, que se vêem obrigados a pagarem a outros países para que lhes possam emprestar dinheiro. Estranho mundo aquele em que vivemos. A desgraça de uns é a sorte de outros.
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