Desemprego teimosamente acima de 11%

01/03/2011
Colocado por: massamonetaria

O desemprego em Janeiro manteve-se acima dos 11% revelou o Eurostat. José Miguel Moreira do Montepio vinca que o desemprego se mantém acima dos 11% desde Setembro, o que é o nível mais elevado de uma série que recua a 1983.

 

Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor

 

 

José Miguel Moreira – Departamento de Estudos do Montepio

 

 

1. Segundo das estimativas mensais publicadas pelo Eurostat, a Taxa de Desemprego em Portugal ter-se-á mantido inalterada em 11,2%, em Janeiro, nível em que se encontra desde o passado mês de Setembro, resultado das revisões em alta agora efectuadas desde essa data (em concreto, no mês de Dezembro, o nível da Taxa de Desemprego foi revisto em alta em 0,3 p.p.)

 

2. Esta revisão já havia sido por nós admitida, aquando da divulgação, por parte do INE, da Taxa de Desemprego referente ao 4ºT2010 – que, quando ajustada de sazonalidade, se encontrava num nível superior ao evidenciado pela média trimestral dos dados do Eurostat -, levando a que o Desemprego se encontre, agora, num nível máximo desde o início da série, em Janeiro de 1983, revelando assim, a revelar um mercado bastante deteriorado.

 

 

3. Com efeito, e não obstante alguns sinais de melhoria evidenciados pelos últimos dados referentes ao Desemprego Registado –, que pareciam, inclusive, sugerir a proximidade da inversão de ciclo deste mercado, a verdade é que a situação deteriorada em que o Mercado Laboral se encontra mantém-se como um dos principais constrangimentos para a economia portuguesa, podendo, designadamente num ano que se espera difícil (embora, eventualmente, menos negativo do que o que tem vindo a ser avançado por algumas entidades), sofrer uma deterioração adicional.

 

4. De resto, os indicadores mais prospectivos, como as Expectativas de Emprego dos Empresários (próximos 3 meses), do survey de Fevereiro da Comissão Europeia, a voltarem a evidenciar um comportamento globalmente desfavorável, afastando-se do limiar teórico da criação de Emprego, e encontrando-se a sinalizar, do ponto de vista empírico, a destruição de empregos na economia pelo 2º mês consecutivo, depois de 5 meses a sinalizar um crescimento do Emprego. Por sua vez, os Consumidores (mais sensíveis às medidas de austeridade anunciadas) melhoraram as suas Expectativas de Desemprego para os próximos 12 meses, pelo 2º mês consecutivo, mas após 3 subidas, que tinham colocado o indicador no nível mais elevado desde Junho de 2009, um valor teórica e empiricamente consistente com um aumento do Desemprego na economia portuguesa.