Indústria e comércio começam ano em baixa mas podem melhorar

01/03/2011
Colocado por: massamonetaria

A indústria e o comércio começaram o ano em baixa. José Miguel Moreira e Rui Bernardes Serra do Montepio fazem notar os desenvolvimentos negativos no inicio do ano, mas relembram que os último dados de confiança dos consumidores e na indústria foram positivos

 

Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor

 

 

Rui Bernardes Serra e José Miguel Moreira – Departamento de Estudos do Montepio

 

1. Os primeiros dados quantitativos de actividade relativos a 2011, divulgados pelo INE, sobre os sectores do Comércio a Retalho e da Indústria revelaram-se negativos, pese embora se vislumbrem alguns sinais animadores ao nível da informação mais prospectiva (Indicadores de Confiança).

 

2. Do lado do Comércio a Retalho, as Vendas registaram um decréscimo mensal de 1.6%, em Janeiro, o 2º dos últimos três meses, depois do forte acréscimo observado no mês anterior (cujo valor foi, no entanto, revisto em baixa, em 0.7 p.p., para +4.0%), reflectindo um comportamento desfavorável dos Produtos Alimentares, mais do que anulando o acréscimo observado nas Vendas de Produtos Não-Alimentares. Em termos trimestrais, e embora ainda somente com um terço da informação relativa ao 1ºT2011, as Vendas a Retalho evidenciam um decréscimo de 0.3%, depois de já terem contraído 2.0%, no 4ºT2010, encontrando-se a contribuir negativamente para a evolução do Consumo Privado, no actual trimestre. De resto, é para o regresso deste agregado às contracções – depois de, segundo o nosso Indicador Compósito para o Consumo Privado, dever ter expandido 0.8% no trimestre anterior – que apontam, actualmente, as nossas perspectivas, reflectindo, essencialmente, as medidas de austeridade adoptadas no início do ano, que provocaram uma redução do rendimento disponível real das famílias, e haviam levado a uma antecipação do Consumo de Bens Duradouros, no 4ºT2010.

 

3. Em todo o caso, há que realçar os dados animadores da Confiança dos Consumidores da CE, que subiu, em Fevereiro, atingindo um máximo desde Setembro de 2010, se bem que ainda um tanto aquém desse registo, o que, a não corrigir completamente em Março, poderá implicar um comportamento do Consumo Privado (e da própria economia) menos desfavorável do que o anteriormente antecipado, no 1ºT2011.

 

4. Por outro lado, a Produção Industrial registou um forte decréscimo de 4.2%, também em Janeiro, mais do que anulando a forte subida que havia sido observada no mês anterior, com a actividade industrial a passar de um nível máximo desde Agosto de 2010 para um mínimo desde Outubro. Apesar de ainda com dois terços da informação trimestral em falta, a Produção Industrial exibe, para já, uma contracção de 1.4%, no 1ºT2011, depois de já ter contraído 1.6% no trimestre anterior e de ter apresentado uma relativa estagnação nos dois trimestres precedentes (-0.2%, no 3ºT2010, e -0.1%, no 2ºT2010).

5. De referir, no entanto, os dados animadores evidenciados pelos indicadores mais prospectivos, com a Confiança na Indústria da CE a registar, em Fevereiro, a sua 4ª subida consecutiva, para um máximo desde Agosto de 2008, com a menor dinâmica do Mercado Interno a poder continuar, assim, a ser contrariada pelo Mercado Externo, onde as Encomendas de Exportação atingiram máximos desde Maio de 2008, deixando boas indicações para o restante trimestre e, neste sentido, não se fechando totalmente a porta a uma eventual não contracção do sector, no actual trimestre.