A subida considerável do volume de negócios nos serviços em Dezembro foi insuficiente para garantir um aumento no quarto trimestre do ano. Quanto à produção na construção, esta voltou a cair, notam Rui Bernardes Serra e José Miguel Moreira, do Departamento de Estudos do Montepio.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Rui Bernardes Serra e José Miguel Moreira, do Departamento de Estudos do Montepio
1. O Volume de Negócios nos Serviços registou um acréscimo homólogo de 6.0%, em Dezembro, o 4º dos últimos 5 meses, com os dados ajustados de sazonalidade a revelarem um forte acréscimo mensal de 3.6%, após um ainda mais robusto crescimento observado em Novembro (+7.8%), mas insuficiente para evidenciar um acréscimo trimestral, no 4ºT2010, não obstante a forte subida das Vendas de Carros, particularmente em Dezembro.
2. Por seu lado, Produção na Construção voltou a registar uma queda mensal, de 1.4%, depois de ter observado uma forte subida de 3.7%, mas que, no entanto, recorde-se, se havia seguido a duas descidas bastante mais intensas. Resultado deste comportamento mensal desfavorável, estes dados continuaram a sugerir uma forte queda trimestral da actividade da Construção, no 4ºT2010 (a 4ª dos últimos 5 trimestres).
3. Em resultado de mais esta subida do Volume de Negócios dos Serviços, revimos em alta as nossas perspectivas para o Consumo Privado do 4ºT2010, porquanto o nosso Indicador Compósito para o Consumo Privado passou a sinalizar um crescimento de 1.0% (+0.6%, anteriormente), representando, assim, um regresso ao crescimento (-0.2%, no 3ºT2010), reflectindo, essencialmente, a antecipação nas aquisições de Bens Duradouros, atendendo ao agravamento da carga fiscal neste início de ano, no âmbito das medidas de austeridade previstas no Orçamento de Estado para 2011. Neste sentido, o crescimento do 4ºT2010 deverá ser fugaz, já que deverá voltar a contrair no actual trimestre.
4. Todavia, os dados negativos do lado da Produção em Construção deverão impactar negativamente no Investimento, pelo que mantemos a nossa perspectiva de uma estagnação trimestral do PIB, no 4ºT2010 – de acordo com a indicação dada, actualmente, pelo nosso Indicador Compósito para o PIB português -, com a economia a dever, assim, ter conseguido evitar a contracção (contra a previsão das principais entidades), embora impulsionada, essencialmente, pelo já referido factor extraordinário – a antecipação nas aquisições de Bens Duradouros.
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