Finalmente, um memorando da troika em português
Alfama, Março de 2012 Fonte: Mário Proença/Bloomberg
A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO)
vem oferecendo alguns dos documentos mais valiosos para a análise da
situação orçamental em Portugal. Desta vez, os técnicos do Parlamento
oferecem uma versão em português do memorando de entendimento que conta
para Bruxelas (o Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de
Política Económica). Pode parecer estranho dada a importância do
documento para a vida dos portugueses, mas é a primeira que existe uma
tradução por um organismo público.
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Os impactos da austeridade no curto e no longo prazo em Portugal
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Marcação de cortes de mármore em Vila Viçosa, Portugal Fonte: Mário Proença, Bloomberg
O debate sobre o impacto orçamental das medidas de austeridade
continua. Desta vez, o contributo chegou da equipa de investigação do
Banco de Portugal que usando um modelo calibrado para Portugal estimou
os multiplicadores de curto prazo de processos de consolidação
orçamental, considerando o tipo de consolidação (por despesa ou receita)
e as condições económicas em que ocorre (em tempos de crise ou em
tempos normais). O debate está garantido: no ano do choque, e em tempos de crise, os economistas do banco central estimam que o corte de um euro na despesa pública roube até dois euros ao PIB, o que torna a austeridade pela despesa muito mais recessiva que por aumento de impostos. No entanto, os resultados mudam muito se análise for feita no médio prazo.
Empresários menos pessimistas sobre o investimento
Depois de uma forte queda em 2012, empresários esperam novo recuo este ano, embora menor
que em 2012. Os dados do inquérito semestral do INE aos empresários
apontam para um recuo puxado essencialmente pela PME. Filipe Garcia, da
IMF, analisa que “o investimento apenas poderá ter um comportamento mais positivo perante perspetivas de aumento da procura, sobretudo das PME”.
Nota
do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do
Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos
gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP
(Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições
menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios
trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Trust me: the worst of the crisis is over
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Fotografia de família da Cimeira da UE de Dezembro de 2010 Fonte: Jock Fistick, Bloomberg
A Europa não ata nem desata com a união bancária. O Chipre insiste perante o BCE que não consegue fazer o ajustamento
planeado no resgate do País e fez um “default selectivo” numa troca de
obrigações. Na Grécia, voltaram os ultimatos sobre o cumprimento das metas da troika e já se fala em nova renegociação da dívida.
E por cá a crise política deixa Portugal no limbo. É um bom momento
para recuperar as garantias dadas pelos líderes europeus: confiem o pior
da crise já passou. E começou logo em Julho de 2010.