Fonte: BCE, “Cartoon on price stability for schools”
As últimas semanas têm sido marcadas por uma pressão crescente sobre o BCE para que intervenha mais activamente nos mercados de dívida pública. O banco central tem resistido, remetendo para os tratados da UE, e especificamente para a sua missão de garantir a estabilidade de preços na Zona Euro. Nunca como neste momento o banco central foi tão pressionado e questionado, apesar de Frankfurt não se poupar a esforços para explicar a sua posição: aqui ficam exemplos “educacionais” que a instituição disponibiliza, com destaque para “o monstro da inflação”…
Entre as iniciativas do BCE está um vídeo para ser usado nas escolas como explicação da missão do BCE e dos perigos da instabilidade de preços. O vídeo recomenda-se e é muito instrutivo sobre a forma como o o BCE funciona e vê a inflação (e a deflação).
Fica também clara a inspiração norte-europeia que define o BCE: numa sala de aula, quando confrontados com a explicação sobre o que é o dinheiro e a estabilidade de preços, dois alunos ouvem que “houve tempos em que os preços dispararam” sendo projectados por um vortex temporal para o passado… saindo numa aldeia rural norte-europeia do início do século que está sofrer com aumentos de preços dramáticos. É inevitável lembrarmo-nos da hiperinflação de 1923/24 na Alemanha, na então República de Weimar.
O episódio tem até o seu quê de dramatismo. A inflação é o monstro desta fotografia, um oportunista de voz gananciosa, que promete um mundo melhor à custa de mais e mais dinheiro. O resultado é um aumento generalizado de preços que prejudica todos, mas em especial os mais pobres, como muitas vezes afirmam representantes do BCE. Uma senhora, pensionista, deixa até de ter dinheiro para comprar o jantar: “são sempre os pobres que mais sofrem”, diz.
Para quem quiser explorar a política monetária explicada pelo BCE, vale a pena dar uma vista de olhos a outras duas iniciativas na página do banco: trata-se de uma viagem interactiva à “ilha da inflação” e um jogo (€conomia) que permite a cada um ser o Mário Draghi da Zona Euro. Com direito a nome do “Hall of Fame” e tudo.
- Carlos Costa e o colapso do BES. Negligente ou injustiçado? - 23/03/2017
- Os desequilíbrios excessivos que podem tramar Portugal - 21/03/2017
- A década perdida portuguesa em sete gráficos - 15/12/2016