Pedro Lains: “Ontem, hoje, amanhã”

07/04/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

Nota do editor: Pedro Lains, professor no ICS e bloguer, entre outros, em Pedro Lains, aceitou o convite do massa monetária e, até ao final de Abril, publicará os seus posts também nesta casa.

 

Ontem fui à TVI, hoje ao EconómicoTV, amanhã na TVI outra vez. Vale a pena? E o patrão, não diz nada? Bem, antes de mais diga-se que um bom académico deve ter como regra aceitar todos os convites a que pode ir. Quando deixar de o fazer, terei de me preocupar. Depois, nem sempre é de dia. Finalmente, aprende-se. Aprende-se porque não se pode falar sem se pensar e ao pensar a gente põe as ideias um pouco mais em ordem. E aprende-se porque se fala com pessoas que sabem de assuntos de que não sabemos e que não vêm nos livros.

 

Isto a propósito do papel dos 5 bancos (e da respectiva associação) no despoletar do pedido de ajuda. Bem, aquilo intuitivamente pareceu-me certo. Depois, hesitei. Há sempre a teoria da conspiração que diz que Sócrates e Salgado, etc. Mas agora acho que sim, se bem percebi o que me explicaram. Os bancos vivem com uma caixa, a LCH Clearnet, onde vão buscar massa e onde têm de deixar coleterais (passe-se o anglicismo), e estavam a ficar sem acesso a ela por causa da desvalorização das carteiras. Isto é que foi o importante pois no BCE podem deixar o que quiserem dos estados que eles lá avaliam tudo pelo mesmo (o que terá consequências também, mas passemos isso). E, seguramente ligado, os bancos estavam também com as acções a cair há já algum tempo. Tinha que acontecer alguma coisa e falaram. A questão é saber se o que foi para os bancos foi bom para o país. A resposta é sim, já que é neles que está o derradeiro sinal de alarme, que foi accionado. No meio ainda confirmei uma ideia que tinha segundo a qual o custo do adiamento da ajuda por, digamos dois meses, três meses, é, de facto, relativamente pequeno. Tudo isto vale alguma coisa. Às vezes vamos a conferências onde não se aprende tanto (nesta fase, que no início da carreira em conferências só se aprende).

Rui Peres Jorge