Verdades inconvenientes sobre previsões económicas
Um “zé povinho” em porcelana num mercado de Lisboa Fonte: Mário Proença, Bloomberg
As previsões macroeconómicas são um elemento central na política económica moderna. Delas dependem as previsões fiscais dos orçamentos do Estado, é sobre elas que se constroem muitas das recomendações de política, e são um factor decisivo na formação das expectativas dos agentes económicos. Não admira por isso que Governo, FMI, Comissão Europeia, BCE, Banco de Portugal, OCDE, bancos comerciais, entre outras instituições publiquem com regularidade – e muita visibilidade – as suas estimativas de crescimento. Mas dada a sua importância será que sabemos o suficiente sobre elas? Ora veja algumas conclusões curiosas.
Portugal a caminho de uma recessão de 2% em 2013
PIB contraiu 3,4% no terceiro trimestre. A economia portuguesa registou a maior queda homóloga desde 2009 sublinha a equipa de economistas da Universidade Católica, apontando para o corte salarial na função pública com factor relevante para este desempenho. O NECEP espera uma contracção da economia de 2% no próximo ano. Uma queda de 2% é também a expectativa do Montepio: Rui Bernardes Serra atribui uma parte do mau desempenho do último trimestre a um aumento mais forte que o esperado das importações e aponta para uma recessão de 3% este ano e de 2% no próximo. No BPI, Paula Carvalho avisa que o pior de 2012 ainda estará para vir. E, embora aponte para uma recessão de apenas 1,5% em 2013, sublinha que o risco de revisão em baixa deste valor. Filipe Garcia, da IMF, destaca as dificuldades que este desempenho económico coloca aos objectivos orçamentais e o facto do investimento continuar a cair, reduzindo assim as hipóteses de um relançamento sustentado da economia.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Recuperação no emprego adiada para 2014
A taxa de desemprego aumentou para 15,8% no terceiro trimestre. Os desenvolvimentos no mercado de trabalho reflectidos nos dados divulgados ontem pelo INE surpreenderam pela negativa. A taxa de desemprego para o ano deverá aproximar-se dos 17% e o pico na taxa de desemprego será atingido no final do ano ou em 2014, o que adia a recuperação no mercado de trabalho pelo menos até 2014, analisa José Miguel Moreira, do Montepio. O adiamento da recuperação no emprego também é notada por Filipe Garcia da IMF. Paula Carvalho, do BPI, sublinha o forte contributo do desemprego de longa duração para o aumento do desemprego total, mas encontra também sinais positivos no ajustamento no mercado de trabalho, nomeadamente o facto de grande parte do agravamento recair sobre os sectores de bens não transacionáveis.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Aumento de preços abranda pelo segundo mês
Inflação baixou Outubro travada pelos combustíveis. Miguel Moreira do Montepio espera que o ritmo de abrandamento do aumento de preços continue para lá de 2012, apontando para uma inflação na casa dos 1% no próximo ano. Este é o limite inferior da expectativa de Filipe Garcia da Informação e Mercados Financeiros. Este ano a inflação deverá ficar o aumento homólogo de preços deverá ficar ligeiramente abaixo de 3%.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Mario Draghi está a fazer bluff?
Estará Mario Draghi a fazer “bluff” sobre os seus planos para salvar o euro? Esta é a pergunta que o Free Exchange deixa no ar. Vejamos porquê. Apesar de defender uma união bancária em toda a sua força (o que a teoria defende que implica supervisão comum de bancos e seguro pan-euro de depósitos comum) o Presidente do BCE parece estar a suavizar as condições dessa união, nomeadamente não defendendo um seguro de depósitos comum. Noutra frente, Draghi também parece cada vez mais relutante em usar o novo mecanismo de compra de obrigações aprovado pelo BCE, sinalizando que a condicionalidade associada será forte e que, mesmo com ela, não há garantias de intervenção do BCE, como sublinhou ontem para o caso espanhol. Além disso estamos também a ler:
2. EconoTrolls: An Illustrated Bestiary. Noah Smith faz uma inspirada caracterização das várias espécies de economistas. Vale (mesmo) a pena ler;
3. Target2 para miúdos. O Pedro Romano trocou-nos por outras paragens: vale a pena continuar a lê-lo agora no seu “Desvio Colossal”. Neste post salienta um dos temas mais quentes da política monetária: quem deve o quê a quem entre os bancos centrais do euro.
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