Há mais macroeconomia do que por vezes se imagina
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Nada como terminar o ano com uma boa discussão sobre a crise na macroeconomia. Tudo ganhou dimensão com um dos já típicos ataques de Paul Krugman aos economistas
de água doce (os que descreve como não acreditando na utilidade nem
para a política orçamental, nem para a monetária). Para o Nobel da
Economia a macro ainda está podre.
As respostas não se fizeram esperar, com intervenções de algumas das
estrelas da blogoesfera económica dos EUA. Talvez o mais interessante no
debate seja a afirmação por vários economistas de que as posições de
Krugman não são, na verdade, assim tão diferentes das defendidas por
aqueles que critica. Estamos assim a ler:
2. Macro, what have you done for me lately?
Noah Smith faz um bom apanhado da recente discussão sobre o estado da
macroeconomia e a diferença entre “água salgada” e “água doce” e defende que não há assim tantas diferenças.
3. Oh dear, oh dear, Krugman gets it so wrong, so wrong, on the state of macroeconomics. Lars Syll, no Real-World Economics Review, também defende que Krugman e Mankiw são muito mais parecidos do que fazem crer.
A grande história do momento na política monetária vem do Japão
Tim Duy descreve com profundidade e de forma relativamente simples
uma das principais histórias do ano na política monetária: a potencial
perda de independência do banco central do Japão a favor de uma
estratégia de monetização explícita de défices. Em Missing The Big Japan Story
Tim Duy recorre a vários artigos, incluindo um conhecido discurso de
Ben Bernanke sobre a articulação entre a política monetária e a política
orçamental, para sublinhar a importância do que está a acontecer no
Japão (Este é um tipo de desenvolvimento que merece apoio de economistas
menos ortodoxos).
Vale também a pena ler a análise de Duy à recente alteração de regra de
política monetária nos EUA. Além disso, estamos também a ler:
2. Lack of progress in Macroeconomics.
Antonio Fatás responde a críticas de Jeffrey Sachs aos keynesianos.
Fatás diz que o conhecido economista ignora elementos consensuais entre
economistas acabando por apresentar um artigo inconsistente que sofre do
que chama “sindroma do 'é tão óbvio'” que nem precisa de ser
fundamentado…
3. A Conservative Case for the Welfare State.
Bruce Bartlett, economista que serviu Reagan e Bus pai, defende no
Economix a importância do estado social nos EUA. “O Estado social foi
criado para limar as arestas brutas do capitalismo e torná-lo mais
sustentável”, diz.
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Cortes nas pensões: imposto abusivo ou contributo solidário?
Créditos: Miguel Baltazar/Negócios
Não será exagero afirmar que a contribuição especial de solidariedade (CES) exigida aos pensionistas será a questão de maior melindre que os juízes-conselheiros do Tribunal Constitucional terão de analisar.
A prova disso mesmo está no empenho que o Governo tem vindo a colocar na clarificação da sua natureza e impacto, entrando mesmo em despiques argumentativos com figuras públicas como o ex-ministro da Segurança Social, Bagão Félix.
Somos cada vez mais a Grécia: correlação de 0,91 nos juros
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A propósito da queda da taxa de juro das obrigações portuguesas a 10 anos abaixo da barreira dos 7%, Luciano Amaral, no Crise Crónica (obrigado ao Pedro Lains), lembra-nos que “Nós somos a Grécia“. Uma simples análise à correlação entre as taxas de juro das obrigações a 10 anos de Portugal e da Grécia permite-nos ir um pouco mais longe e afirmar que, pelo menos desde Julho deste ano, nós somos cada vez mais a Grécia. Se tal for efectivamente verdade então desaconselham-se quaisquer euforias sobre o que nos está a dizer este indicador de mercado.
Armas de fogo nos EUA: indústria à prova de crise
Até hoje, Obama nunca quis enfrentar o lobby da indústria de armamento. Fonte: Olivier Douliery/Bloomberg
O segundo maior massacre de sempre numa escola norte-americana mergulhou os Estados Unidos numa nova reflexão sobre o acesso e posse de armas de fogo. Adam Lanza, de 20 anos, matou 20 crianças de seis e sete anos e sete adultos com uma Bushmaster de calibre .223. Uma espingarda de assalto semi-automática com cartuchos de 30 balas, utilizada pelo exército dos EUA no Afeganistão. Foi a mãe – também assassinada – que o ensinou a disparar.
Apesar de os americanos – e a Administração Obama – terem assistido a vários assassinatos em massa em escolas, cinemas, templos e até a tentativa de homicídio de uma congressista, esses acontecimentos não provocaram um arrefecimento da sua relação com as armas. Muito pelo contrário, os números mostram que nunca se venderam tantas armas nos EUA, fazendo o sector atravessar um período de enorme expansão.