Mulheres têm menos acesso às melhores empresas

08/03/2013
Colocado por: Catarina Almeida Pereira

 

Fonte: Reuters

 

 

Têm mais qualificações e menos experiência, mas se descontarmos estes factores as mulheres ganham menos 20,5% do que os homens.  É deste diagnóstico que partem Ana Rute Cardoso, Paulo Guimarães e Pedro Portugal, num estudo que analisa informação relativa a 576 mil empresas e 4,1 milhões de trabalhadores, registada nos quadros de pessoal entre 1996 e 2008, onde tentam descobrir onde estão os “tectos de vidro” que explicam esta diferença.

 

 

Cerca de um quinto dessa diferença deve-se ao facto das mulheres terem menos acesso às empresas com políticas remuneratórias mais generosas. “Parece que as empresas que melhor pagam contratam (ou retêm) menos frequentemente mulheres trabalhadoras do que homens trabalhadores”.

 

 

Os investigadores fazem uma análise à “qualidade” das empresas a que as mulheres acedem, comparando-a com aquelas que mais contratam e retêm os homens.

 

 

Com base nesses dois rankings, os autores comparam uma “óptima” empresa para uma mulher e uma “óptima” empresa para um homem. Por “óptima” entende-se uma empresa que pertence ao grupo das 10% que melhor pagam, em cada um dos dois 'rankings' considerados pelos autores.

 

 

“Uma óptima empresa a que uma mulher acede paga, em geral, um salário 11.4% inferior ao de uma óptima empresa a que um homem acede”, explica Ana Rute Silva, em declarações ao Massa Monetária.

 

 

“Realizando exercício semelhante, mas agora para comparar a qualidade das empresas que pagam baixos salários a homens com as que pagam baixos salários a mulheres (entenda-se, uma empresa que pertence ao grupo das 10% que pior remuneram, dentro do respectivo ranking) encontramos um hiato de qualidade média das empresas muito menor: 0,3%”, acrescenta.

 

 

O segundo quinto dessa diferença reside na explicação mais comum, ou seja, no menor acesso às profissões que pagam melhor. “A presença de barreiras ao acesso a categorias profissionais mais bem pagas, motivada pelas decisões do empregador, ou pelos requisitos do trabalho, é certamente um dos mecanismos a ter em conta”. Neste caso, porém, os investigadores não encontram evidências de que hiato salarial aumente de forma clara à medida que as mulheres sobem de categoria.

 

 

Ficam por decompor três quintos desta penalização salarial. É à parte não explicada desta diferença que os economistas reservam o termo “discriminação”.