Inflação volta a cair

13/05/2013
Colocado por: Rui Peres Jorge

Inflação recua para 0,2% em Abril. José Miguel Moreira, do Montepio, diz que os primeiros dado do ano sinalizam que as pressões inflacionistas de 2012 foram temporárias e aponta para uma inflação média deste ano nos 0,7%.   

 

Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium bcp, BPI, NECEP (Universidade Católica) e IMF, isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.   

 

José Miguel Moreira – Departamento de Estudos do Montepio

 

1. Inflação homóloga (IPC) desceu em abril de 0.5% para 0.2%, retomando a tendência de queda que vem a evidenciar desde novembro de 2011 e aproximando-se dos mínimos desde dez-09 registados em fevereiro (0.0%).  A inflação, medida pela variação homóloga do IPC, registou um crescimento homólogo de 0.2%, inferior ao esperado pelo consenso da Bloomberg (+0.4%) e ao valor observado no mês anterior (+0.5%), representando um regresso à tendência descendente que o indicador vem a evidenciar desde novembro de 2011 e aproximando-se dos mínimos desde dezembro de 2009 observados em fevereiro, quando estabilizou. Em termos mensais, o IPC , o que compara com a variação de 1.7% registada no mês anterior e de 0.3% no mês homólogo do ano anterior.

 

2. A taxa de variação homóloga do IPC core foi de 0.3%, idêntica à do mês anterior e passando a estar num nível ligeiramente superior ao do IPC geral (+0.2%). O diferencial entre a taxa de variação homóloga deste indicador e a do IPC passou assim a ser marginalmente positivo, depois de mais de 3 anos (40 meses) a apresentar valores negativos, evidenciando que as pressões inflacionistas advinham, em parte, dos preços da energia, mas com a inflação core a também não ter estado imune às alterações fiscais que foram sendo efetuadas desde meados de 2010.

 

3. Estes primeiros dados do ano para a inflação continuam a confirmar as nossas perspetivas, de que as anteriores pressões inflacionistas assumiam um carácter largamente temporário. Assim, prevemos que a dissipação desses efeitos temporários ao longo do presente ano, em conjugação com uma descida do preço médio anual do petróleo, um crescimento relativamente moderado dos preços de importação de bens não energéticos, a manutenção de uma forte moderação salarial se traduzam numa redução da inflação (medida pela variação homóloga do IHPC) em 2013 para cerca de 0.7%, um valor que é o 2º mais baixo desde que existem registos, apenas superado pela queda de 0.9% registada em 2009, depois do colapso dos preços do petróleo.

 

4. Note-se que em 2012 a inflação já abrandou dos 3.6% observados em 2011 para 2.8%, todavia continuando ainda acima da média da Zona Euro – refletindo, essencialmente, o impacto de alterações da tributação indireta e de preços condicionados por procedimentos de natureza administrativa em 2011 e 2012, no contexto das medidas de consolidação incluídas programa de ajustamento económico e financeiro (PAEF) acordado com a troika.

Rui Peres Jorge