Aprender com a Islândia
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Porto de Reykjavikna Islândia em Setembro de 2011 Fonte: Paul Taggart/Bloomberg
Há uns dias publicámos no Negócios um trabalho sobre o anunciado empobrecimento português comparando a evolução de algumas das principais variáveis económicas com as registados nos outros países que experimentarem desvalorizações internas (Irlanda, Grécia, Letónia e Islândia, esta última registou também desvalorização cambial).
A principal conclusão era a de que Portugal só está a iniciar a sua fase descendente. Uma segunda reflexão importante, partilhada por João César das Neves e Pedro Rodrigues, é a de que Portugal não deverá sofrer um ajustamento com a mesma violência. Finalmente, explicava-se a desvalorização interna, e fazia-se uma comparação com as restantes economias, para um conclusão incipiente:a Islândia, que optou por uma desvalorização cambial, teria conseguido, apesar de tudo, um bom resultado. Especialmente se comparada, por exemplo, com a Letónia, que podia desvalorizar o câmbio, mas não o fez.
Um estudo publicado por Zslot Darvas, no Bruegel, analisa de forma profunda e mais abrangente os casos da Irlanda, Letónia e Islândia – os países das grandes crises bancárias, para concluir que a Islândia escolher o “mix de política correcto”, de onde se destaca a desvalorização cambial e resolução imediata de bancos faltosos.
Quanto vale (mesmo) o sistema bancário?
A importância dos bancos enquanto mediadores de fluxos financeiros é bastante consensual. O sistema financeiro capta as poupanças dos agentes económicos com excedentes e canaliza-as para os agentes económicos com défices financeiros, garantindo aos primeiros que as suas poupanças poderão ser remuneradas com juros e aos segundos que os seus investimentos não serão travados por falta de capital. Mas estaremos a medir bem a importância deste serviço?
Da desigualdade à Grande Recessão
A desigualdade pode não ter criado a Grande Recessão, mas pavimentou o terreno para que ela surgisse em 2007 e mergulhasse a economia mundial numa recessão prolongada. A teoria é de Michael Kumhof, o deputy director da modeling division do Departamento de Investigação do FMI, e Romain Ranciére, professor associado da Universidade de Paris e investigador do CEPR, que publicaram o 'paper' Inequality, Leverage and Crises. O estudo foi publicado em Novembro de 2010 mas os autores apresentaram recentemente uma versão resumida do estudo no site Vox.
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Desalavancar, sim. Mas quanto?
Fonte: Simon Dawnson/Bloomberg
Nos últimos trinta anos, somando estes três sectores [Estado, empresas e familias], o rácio de dívida sobre PIB nas economias avançadas tem aumentado sem parar de 167% do PIB em 1980 para 314% hoje, ou seja, a uma média de 5 pontos percentuais do PIB por ano nas últimas três décadas. Dadas as actuais políticas e tendências demográficas, é difícil ver que esta tendência se inverta num futuro próximo. Devemos ficar preocupados? Quais são as consequências reais de um aumento tão rápido nos níveis de dívida? E quando é que os impactos negativos se começam a sentir?
Cecchetti, Mohanty e Zampolli, “The real effects of debt”, BIS, Setembro de 2011
O economista chefe do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) e dois dos responsáveis pela análise económica na instituição levam mais longe os trabalhos de Rogoff e Reinhart sobre o limite de dívida pública, estimando também limites para as dívidas das empresas e das famílias a partir dos quais o endividamento começa a penalizar o crescimento.
Ensino vocacional – uma ajuda de curto prazo?
O ensino vocacional, por oposição ao ensino universitário mais “clássico”, visa dotar os alunos de um ajustamento mais fácil às condições específicas do mercado laboral. Em vez de dotar os jovens de competências genéricas que terão de ser trabalhadas no local de trabalho específico, o ensino voacional promove um “fine-tuning” àquilo que é hoje requerido pelos empregadores.
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