Silva Lopes: “Agora faz-se tudo através do Orçamento, na altura usávamos essencialmente a desvalorização cambial e as taxas de juro”
Silva Lopes e Jacinto Nunes não têm dúvidas: o actual pacote de austeridade é muito mais forte que os aplicados nas anteriores intervenções do FMI. A justificar em parte a violência das medidas deste ano está a perda da moeda e da política monetária, diz Silva Lopes.
Para que serve o documento de estratégia orçamental?
As medidas de contenção de despesa e os seus efeitos quantitativos serão conhecidos ao longo do tempo, ao longo do processo, sendo que uma ideia clara de conjunto será conhecida com o documento de estratégia orçamental
Vítor Gaspar, 4 de Agosto
No final de Agosto, o ministério das Finanças publicou um documento central na estratégia orçamental do Governo, a que chamou documento de estratégia orçamental (DEO), o qual beneficiou dos conselhos e da aprovação da troika. Aí o Governo estabeleceu o rumo da política orçamental nos próximos anos. Uma das partes mais relevantes, pela proximidade temporal, foi a descrição da natureza da derrapagem orçamental este ano, assim como as medidas (extraordinárias) que seriam tomadas para a compensar, e as medidas (de natureza estrutural) que seriam adoptadas em 2012.
Preços no vestuário e calçado aumentam 24,5% de Agosto para Setembro
A inflação disparou para 3,6% em Setembro. José Miguel Moreira, do Montepio, analisa os dados divulgados pelo INE e dá conta do que se está a passar com os preços em Portugal. Por um lado, os transportes mantêm-se como a classe que mais puxa pela inflação (mais 9% em termos homólogos em Setembro). Já os preços do vestuário e calçado dispararam mais de 20% entre Agosto e Setembro – mas ainda assim mantêm-se mais baixos que em 2010. Bárbara Marques, do Millennium bcp, realça que o aumento de preços do vestuário e calçado é em parte explicado por alterações metodológias e relembra que as prespectivas para a evolução de preços em 2012 depende em grande medida das opções do OE 2012.
Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.
Crise e saúde: suicídios, homicídios e HIV disparam na Grécia
“A situação da saúde da Grécia é preocupante. Lembra-nos que, num esforço para financiar as suas dívidas, as pessoas comuns estão a pagar o preço último: perder acesso a serviços de prevenção e cuidados, enfrentar riscos mais elevados de HIV e de doenças sexualmente transmissíveis, e nos pior casos, perder as suas vidas. Mais atenção à Saúde e ao acesso à Saúde é necessário para garantir que a crise grega não mina aquele que é o recurso último da riqueza do país – as suas pessoas”. Esta é a conclusão de cinco investigadores num estudo publicado na revista Lancet (agradecimento a Mapari no Economia e Finanças) esta semana com o título: “Health effects of financial crisis: omens of a Greek tragedy“. Entre os impactos da crise na Saúde estão aumentos significativos de homícidios, suicídos, infecções de HIV.
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Afinal isto da economia será mais Darwin e menos A. Smith?
Robert Frank, da Universidade de Cornell, acabou de publicar um livro de ataque às lógicas liberais na economia, a que chamou “A economia Darwin”. “Daqui a cem anos os economistas irão considerar que o fundador intelectual da sua disciplina é Charles Darwin e não Adam Smith”, afirmou o economista no livro, citado pelo Real Time Economics. A questão central em análise é saber se a escolha individual é a melhor forma de optimizar o bem estar da sociedade ou se, pelo contrário, a busca da satisfação individual pode acabar por deixar todos pior, abrinco caminho à coordenação da acção. Este tema é já bem conhecido na economia mas, segundo o blogue do Wall Stret Journal, para Frank, o problema não deve ser visto como uma possível falha de mercado, mas antes como uma falhar estrutural do liberalismo. Além disso estamos ainda a ler:
2. A empresa do Roubini nunca teve lucros e estará à venda (CNBC)
3. A Grécia não volta a crescer antes de 2013, diz a troika (BCE)
4. Empréstimo da troika passa a maturidade de 12,5 anos e juros mais baixos (The Portuguese Economy)
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