Crise e saúde: suicídios, homicídios e HIV disparam na Grécia

12/10/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

“A situação da saúde da Grécia é preocupante. Lembra-nos que, num esforço para financiar as suas dívidas, as pessoas comuns estão a pagar o preço último: perder acesso a serviços de prevenção e cuidados, enfrentar riscos mais elevados de HIV e de doenças sexualmente transmissíveis, e nos pior casos, perder as suas vidas. Mais atenção à Saúde e ao acesso à Saúde é necessário para garantir que a crise grega não mina aquele que é o recurso último da riqueza do país – as suas pessoas”. Esta é a conclusão de cinco investigadores num estudo publicado na revista Lancet (agradecimento a Mapari no Economia e Finanças) esta semana com o título: “Health effects of financial crisis: omens of a Greek tragedy“. Entre os impactos da crise na Saúde estão aumentos significativos de homícidios, suicídos, infecções de HIV.

 

Eis as principais conclusões de Alexander Kentikelenis, Marina Karanikolos, Irene Papanicolas, Sanjay Basu, Martin McKee e David Stuckler:

 

1. Aumentou o número de pessoas que diz não ter ido a um médico ou ao dentista, apesar de considerarem que precisavam (os autores reconhecem que as as razões não estão ligadas de forma óbvia com a crise, mas sublinham a existência de restrições o lado da oferta – ponto 2);

 

2. Verificaram-se episódios de falta de pessoal e medicamentos nos hospitais, e aumentaram os subornos para subir lugares nas listas de espera;

 

3. O número de visitas a hospitais públicos aumentou; mas diminui o número de visitas a hospitais privados;

 

4. Aumentou o número de pessoas que se classifica como estando doentes ou muito doentes

 

5. O número de suicídios aumentou 17% de 2007 para 2009; números não oficiais apontam para um aumento de 25% entre 2009 e 2010; e o ministério da Saúde anunciou um aumento de 40%, em termos homólogos, no primeiro semestre deste ano. A pressão financeira é tida como factor central no desespero dos gregos que procuram ajuda;

 

6. O número de homícios e roubos quase duplicou entre 2007 e 2009;

 

7. O número de pessoas a receber subsídio de doença caiu, e deverá continuar a diminuir devido a medidas administrativas;

 

8. Aumentou de forma significativa o número de infecções de HIV, uma parte importante entre toxicodependentes de drogas intravenosas. A prostituição também aumentou, contribuindo para o aumento do HIV.

 

9. O consumo de droga, em especial a heroína, aumentou, para o que terá contribuído a forte redução nos programas de apoio social e rua;

 

Não é assim de estranhar a conclusão:

 

Overall, the picture of health in Greece is concerning. It reminds us that, in an effort to finance debts, ordinary people are paying the ultimate price: losing access to care and preventive services, facing higher risks of HIV and sexually transmitted diseases, and in the worst cases losing their lives. Greater attention to health and health-care access is needed to ensure that the Greek crisis does not undermine the ultimate source of the country's wealth—its people.

 

 

 

 

 

 

Rui Peres Jorge