Apresentamos-lhe Jens Weidmann, o homem que faz frente a Draghi

19/01/2016
Colocado por: Rui Peres Jorge

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2016 começou com mais um dado de inflação na Zona Euro teimosamente baixo. Dadas as garantias de Mario Draghi no final de Dezembro de que está preparado para fazer ainda mais para puxar pela inflação (e a discussão na última reunião de governadores nesse sentido) parece inevitável um renovado debate sobre a eficácia dos estímulos do BCE, provavelmente já na reunião desta quinta-feira. E nessa troca de argumentos, como em vários outros no passado, há um homem que se vai destacar por fazer frente a “super-Mario”: Jens Weidmann, o presidente do banco central alemão.

 

 

No final de 2015 (a propósito da sua visita a Lisboa) fomos ler vários discursos no último ano do responsável máximo pelo Bundesbank para perceber o que pensa sobre as políticas do BCE, as regras orçamentais europeias ou os mecanismos de resgate. Descobrimos um homem que desconfia dos políticos, das instituições europeias a começar pela Comissão Europeia, e de qualquer instrumento que implique a compra de dívida de países da Zona Euro (e também muitas semelhanças entre o discurso que trouxe a Portugal e o que fez em Paris cerca de um mês antes).

 

Resumindo, Weidmann defende que:

 

– A Alemanha aceitou participar no que chama de uma “união de estabilidade” (baseada essencialmente num cumprimento de regras orçamentais e em baixa inflação) e recusa totalmente uma “união de transferências” (que diz estar em parte a ser implementada por via dos mecanismo de resgate e da intervenção do BCE);

 

– A “união de estabilidade” implica a observância rigorosa por cada país das regras orçamentais europeias e não é compatível com medidas que criem risco moral, isto é, que premeiem os países que considera indisciplinados – como a compra de dívida pública ou resgates sem condições credíveis;

 

– Quaisquer programas de compra de dívida de países europeus aproxima a Zona Euro de uma “união de transferências”.

 

– Os problemas da Zona Euro são essencialmente justificados pelas contas públicas. Os desequilíbrios macroeconómicos são relevantes, mas secundários do ponto de vista do funcionamento da união monetária.

 

Em baixo encontra uma sistematização das principais ideias defendidas pelo poderoso presidente do Bundesbank (erá de carregar para ampliar):

 

 

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Rui Peres Jorge