Crise. Margens em queda. Fornecimentos suspensos. Encerramentos. Estas têm sido as palavras de ordem no sector das farmácias nos últimos anos. Isto levaria a crer que muito poucos ou nenhuns quereriam abrir uma farmácia. Certo? Errado! A verdade é que o negócio ainda continua a ser atractivo. Prova disso é o número de candidaturas que o Infarmed recebeu referentes ao concurso para abertura de 14 farmácias e oito postos farmacêuticos. Foram 3.474 os candidatos: 3.407 para as farmácias e 67 para postos farmacêuticos.
A abertura deste concurso justifica-se com o “trabalho de avaliação da cobertura farmacêutica nacional que o Infarmed realizou desde o último ano, em conjugação com os pedidos de abertura de novas farmácias provenientes de particulares, entidades autárquicas e administrações regionais de saúde”, explica o Infarmed em comunicado. Há oito anos que não abria nenhum concurso semelhante.
O número de participantes nesta corrida às farmácias surpreende sobretudo numa altura em que se fala de mais de 1.600 farmácias com fornecimentos suspensos em pelo menos um grossista e 351 alvo de processos de insolvência e penhoras. Inclusive já se começou a assistir a encerramentos de farmácias. No ano passado fecharam 12 farmácias e este ano, até Agosto, já tinham fechado outras 11, de acordo com os últimos dados conhecidos. Sendo que são sobretudo farmácias que pedem para fechar portas por um ano: pelo menos seis que fecharam em 2012 voltaram a reabrir este ano.
A quebra nos lucros das farmácias tem vindo a intensificar-se fruto das medidas de consolidação adoptadas pelo Governo. Mesmo antes da troika ter chegado, já o anterior Governo tinha cortado nos preços dos medicamentos. Depois da intervenção externa houve ainda redução das margens das farmácias e grossistas e prosseguiu-se com o corte dos preços, o que se tem traduzido numa maior poupança para os cofres do Estado e para o bolso dos contribuintes.
