Banco de Portugal confirma recessão prolongada

06/10/2011
Colocado por: massamonetaria

O Banco de Portugal espera uma contracção do PIB de 1,9% este ano e de 2,2% para 2012. Rui Bernardes Serra e José Miguel Moreira, do Montepio defendem que o banco central excessivamente pessista sobre 2011, arriscando o contrário em relação a 2012.    

 

Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor. 

 

Rui Serra e José Moreira  – Departamento de Estudos do Montepio

 

1. As Previsões do BdP revelam-se mais optimistas para este ano, revendo em alta o crescimento anual do PIB de -2.0% para -1.9%, mas mais pessimistas para o próximo ano (de -1.8% para -2.2%), com o menor ritmo de consolidação orçamental deste ano a penalizar menos a actividade, mas que deverá impor medidas correctivas mais profundas para o próximo ano, comparativamente ao anteriormente antecipado.

2. Contudo, e tendo como base a informação actualmente já disponível, consideramos que a economia portuguesa poderá cair ainda menos este ano, prevendo-se uma contracção de cerca de 1.6% (a Troika assumiu -2.2% no âmbito do programa de ajustamento). As previsões incorporam uma descida trimestral na ordem dos 0.4% a 0.5%, no 3ºT2011, e uma forte descida na ordem de 2%, no último trimestre do ano, reflectindo, designadamente, a sobretaxa que reterá metade do subsídio de Natal. Perante este cenário, o carry-over para o ano seguinte será de uma elevada dimensão. Ou seja, mesmo que a economia permanecesse no ano de 2012 no mesmo nível do 4ºT2011, os efeitos de base levariam a uma quebra anual de 1.9%. Neste contexto, caso se confirmem as nossas previsões em detrimento das do BdP, a necessidade de consolidação orçamental adicional poderá inclusivamente levar a uma maior quebra da actividade no próximo ano, principalmente se os riscos que subsistem sobre a procura externa se materializarem.